Neste post do Insurgente, o João Luís Pinto coloca a seguinte pergunta, retirada de uma caixa de comentários:
Do ponto de vista liberal, uma pessoa ou um grupo de pessoas deve numa situação de situação de defesa do que julgam ser os seus direitos, centrar-se nos seus objectivos e não no bem comum, ou colocar o bem comum acima dos seus objectivos?
Trata-se de um tema excelente, que distingue, na minha opinião, a esquerda da direita. Para a esquerda, o Bem Comum está acima de quaisquer direitos (estou a falar de direitos cívicos) individuais e todos se devem submeter ao Colectivo. Pelo contrário, para a direita, os direitos individuais são mais importantes e devem limitar a acção colectiva.
Estaremos perante uma dessas fracturas ideológicas inultrapassáveis? Eu penso que não. Se descartarmos as visões utópicas dos que identificam o Bem Comum com o Paraíso na Terra e aceitarmos que o Bem Comum emerge naturalmente da acção individual de cidadãos livres, conseguimos ultrapassar esta aparente dicotomia.
Utilizando um conceito retirado da economia, é como se o Bem Comum fosse o produto agregado da acção individual. Numa sociedade que respeite a vida, a liberdade e a propriedade, todos os que se centrem nos seus objectivos estão a defender o Bem Comum.
3 comentários:
Olha aqui- os neocons fazem guerras em nome de quê?
Caro Joaquim,
Falta-lhe a faceta moral. O Bem Comum tem também uma dimensão moral, e essa dimensão pode mesmo ser independente do produto agregado das acções individuais.
O problema é claro é que redefinir o bem comum dessa forma significa ignorar o facto que escolhendo qualquer medida objetiva de resultados, existem ações individuais que não vão melhorar essa medida, antes prejudicá-la (num exemplo simplificado, se considerarmos o bem comum como um agregado como o PIB, existem ações individuais que o vão fazer diminuir).
Ou seja, para qualquer medida objetiva do que é o bem comum existem (algumas, felizmente não muitas) ações individuais que o decrescem. Não é possível definir que o bem comum é uma propriedade emergente de ações individuais e simultaneamente pensar que a sociedade ao dar completa liberdade de ação aos indivíduos está a conseguir automaticamente melhorar esse bem comum. Vão existir sempre conflitos entre bem comum e objetivos individuais.
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