"Um país na situação de penúria como o nosso não pode ter uma moeda forte. (...) A sentença está tomada". Bagão Felix.
Um padrão. Baixar pensões de reforma em termos reais já não incomoda.
Mas existem argumentos para uma moeda própria? Sim, o da concorrência e o da penalização do mau comportamento. É esse o evocado? Não, normalmente é uma forma de disfarce, disfarce de:
- defaults
- descida de salários
- subsídio aos exportadores (no entanto passam a ser penalizados no investimento importado)
- subsídio a todos os que puseram moeda e bens no exterior que ficariam incólumes
- cativação de depósitos
E meio caminho andado para: controlo de circulação de capitais, inflação para financiar défices, etc.
O caminho natural seria dentro do €:
- default do Estado e equilíbrio automático do orçamento.
- reestruturação de bancos com falência e/ou transformação de depósitos em capital. (1)
- reforma do direito do trabalho para que este deixe de significar um pacto de destruição de empresas e emprego à menor dificuldade, em vez de reduções salariais o poderem prevenir.
(1) Então apoio que se mexa nos depósitos? Não se esqueçam, estes depósitos não são depósitos, são financiamento aos bancos, como tal, o natural em caso extremo é natural serem perdidos ou transformados em capital. Quem não o quer é melhor aproximar-se do que venho escrevendo sobre os depósitos à ordem.
O que eu chamo a atenção para quem defende a saída do € com base em argumentos mais realistas, normalmente os mais liberais, é que têm de contar com a realidade de quem passaria a fazer da nova moeda o seu novo brinquedo. E o novo brinquedo passará a precisar de reservas em € e outras moedas.
E para ser bem feito o estado teria de declarar que toda a dívida pública e depósitos, passaria para a nova moeda. E as dívidas privadas ao exterior (incluindo a dos bancos)? Isso não passaria nos tribunais internacionais, seria uma grande confusão.
Tudo isto porque, ao contrário dos desempregados que tudo perdem, existe quem não admite perder uma parte do seu rendimento nominal (e o real pós-saída já sim)? Parece-me absurdo.
Mas os absurdos acontecem, sem dúvida. Um dia até supreenderá.
5 comentários:
Pelo menos com moeda própria que permite de facto a continuação do aventureirismo habitual no desgoverno uma coisa não aconteceria:a invasão a que estamos sujeitos e que de qualquer das formas nos vai esmagar com impostos porque no Estado Social Internacionalista ningué mexe.Certo?
Ninguém virá se não conseguir exportar moeda...e aliás irão logo tomar outros ares se tal acontecer:uma bênção!
Nas invasões francesas foi preciso prender a maçonaria conhecida e enviá-la para a Terceira.Salazar extinguiu-a.Precisamos de alguém que o torne a fazer...é uma questão de tempo...
"E as dívidas privadas ao exterior (incluindo a dos bancos)? Isso não passaria nos tribunais internacionais, seria uma grande confusão."
Está a discutir-se uma alternativa ao euro tal como se discutiram os bailouts: cada país por si, fazendo de conta que não tem nada a ver com os outros, a ver se a lepra não chega - até ao dia em que o sr. Teixeira dos Santos vai à televisão. O argumento mais pesado de quem defende a permanência no euro é sempre esse: se sairmos sozinhos, é o caos generalizado aqui - porque certamente os restantes países da Europa do Sul vão prosperar com o euro, e nós ficarmos aqui salazaristicamente isolados, pobres de nós, com uma dívida em euros às costas.
Aceitemos que a Europa do Sul não vai conseguir ter uma estratégia conjunta para resolver este problema, mas não temos necessariamente de esperar sentados que a coisa nos caia em cima.
Caro CN, Portugal integraria o sistema TARGET 2 do BCE, onde são geridas TODAS as outras divisas europeias que ainda não aderiram ao EURO. Esse sistema assegura liquidez a cada moeda. Mas tambem tem regras. Por exemplo, um país aderente não pode desvalorizar a sua moeda como bem entender. Nada disso. É permitida uma desvalorização inicial de 15%. E toda e qualquer desvalorização adicional é condicionada por esse organismo e não pelo Estado emissor de moeda, por forma a permitir a um país poder ganhar competitividade sem incorrer em Inflação.
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As dividas ao exterior em Euros do Estado redenominar-se-iam em Escudos. As dividas dos bancos ao exterior permaneceriam em Euros.
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Nunca se esqueça que, se o Estado sair do EURO, irá trocar os Euros de cada conta nos bancos por Escudos. O mesmo é dizer que o Estado arrecadaria cerca de 250 mil milhões de euros. O equivalente ao Total da divida publica
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Rb
Um país na situação de penúria como o nosso não pode ter uma moeda forte.
Isto é objetivamente falso. No tempo de Salazar o povo vivia na penúria, porém o escudo era uma moeda bem forte. E deve haver outros exemplos, contemporâneos (talvez o Quénia, não sei).
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