02 maio 2013

O que é crescimento económico?

Numa economia fechada, sem acesso a novos mercados externos e onde existe pleno emprego? Redução de custos e preços. [Será preciso recorrer a experiências para validar?]

(...) Imaginemos, para concretizar, que numa economia fechada (de resto, como o planeta o é) e 100% dedicada à produção de alimentos, subitamente 10% dessas pessoas são deslocadas para produzir novas ferramentas (bens de capital) que naturalmente, só num dado prazo de tempo, resultarão em novos processos mais produtivos (menos horas-homem necessárias para a mesma produção que anteriormente). 

Para tal ser possível será necessária a produção e armazenamento de alimentos para sustentar os 10% de pessoas que deixaram de contribuir para a sua própria produção de alimentos. Este processo de poupança (os alimentos não consumidos e o seu armazenamento) e consequente investimento (a utilização desse armazenamento para alimentar esta força de trabalho desafectada da produção de alimentos) resultará, espera-se, em ferramentas capazes de operar um aumento de produtividade na produção de alimentos, o que fará com que menos pessoas passarão a ser necessárias para produzir a mesma quantidade de alimentos que anteriormente.

Agora, com as novas ferramentas, por hipótese, 90% das pessoas, serão agora capazes de produzir a mesma quantidade de alimentos necessária para alimentar a totalidade da população. E agora, 10% de pessoas deixam de ser necessárias na produção de alimentos e poderão dedicar-se a produzir outros produtos, como a tecelagem, que irão trocar pelos alimentos – o excesso de 10% não necessários para si próprias produzido pelos restantes 90% da população. Todos são agora economicamente mais ricos no sentido de terem agora acesso, empregando o mesmo número de horas-homem, a um maior número de bens: a mesma quantidade de alimentos necessários à totalidade de população e uma quantidade até aí inexistente de produtos de tecelagem e bens de capital: as ferramentas.

Repare-se que aquilo que uns chamam de aumento da procura resulta do facto de pessoas serem realmente capazes de produzir mais com a mesma quantidade de horas-homem empregues. O aumento da procura por novos produtos está sustentado na capacidade acrescida de produção (pelos 90% da população dedicada a produzir a totalidade de alimentos) cujo excesso para as suas necessidades vai trocar pela produção de tecelagem produzida pelos 10% da população que deixou a produção de alimentação." (...) 

"Mas se a quantidade de moeda for fixa ou pelo menos estável, de que forma é que se manifesta o crescimento económico? Pela deflação de custos e preços nominais cuja queda faz aumentar o poder de compra dos mesmos salários nominais.

Esta deflação benigna não representa nenhum problema em termos dos salários nominais ou do serviço de dívidas. O produto A, se desce de preço porque o seu custo diminuiu, não se deveu à descida de qualquer salário nominal por hora-homem mas sim à descida do custo da massa salarial total envolvida na mesma produção. Todos os mesmos rendimentos nominais podem permanecer inalterados e vão beneficiar da redução do preço desse produto A se o desejarem adquirir. É essa poupança nominal que leva ao aumento da procura por produção adicional a ser efectuada pelos recursos libertados que podem auferir o mesmo exacto rendimento nominal que anterirmente, mas cujo poder de compra aumentou em relação ao preço anterior do produto A.

A mesma dívida nominal por seu lado, será servida por um aumento da produção. Num processo de crescimento benigno e com uma quantidade de moeda estável, a descida de preços corresponde ao aumento da produtividade e produção (para a mesma procura por moeda, ou seja, a mesma procura pela posse de saldos monetários).(...)"

 Retirado deu m texto meu publicado no mises.org.pt.

Para referências a períodos de crescimento económico com deflação de preços nominais ver: DEFLATION AND ECONOMIC GROWTH, Judy Kaza.The Quarterly Journal of Austrian Economics, Summer 2006, 9(2), pp. 95-97.http://mises.org/journals/qjae/pdf/qjae9_2_5.pdf.

11 comentários:

José Lopes da Silva disse...

http://malomil.blogspot.pt/2013/04/uma-entrevista-esquecida.html

marina disse...

muito bom , José , então este trecho :

"Or, en régime parlementaire, l’Etat n’est pas libre. Les ministres sont les esclaves des députés, qui le sont des comités électoraux, dont les caisses sont alimentées plus ou moins directement et qui sont manœuvrées plus ou moins consciemment par les concentrations économiques ou les oligarchies financières. Ici, elles ne peuvent nous manœuvrer, parce que l’Etat est le plus fort. Et les gens sont heureux parce qu’ils sont libres. Ne se plaignent que ceux qui faisaient profession de politique. Je crois qu’ils sont sincères. Ne vivant pas en contact avec les réalités, ils sont hypnotisés par une notion fausse : le rapport fictif qu’ils ont établi entre le parlementarisme et les libertés politiques. Ils sont convaincus que sans parlement il n’y a pas de liberté. Songez donc : on pouvait autrefois injurier les ministres ! Et certes, on n’a plus cette liberté-là, mais on garde les autres. Il arrive d’ailleurs à des esprits distingués de se laisser encore séduire par cette idée fausse.

Ricciardi disse...

CN, deixe-me dar-lhe nota que essa concepção do mundo económico, plausivel no tempo de Marx e mesmo de Mises, está ultrapassada.
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A oferta de produtos no mundo de hoje é muito superior à procura. Em tudo. Produz-se mais do que aquilo que é procurado, em quase todos os sectores de actividade.
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E é precisamente por isso que novos conceitos vieram à tona que na prática tentam distinguir um produto do outro através de conceitos como Inovação, Marca, Merchadising, Publicidade, Marketing, etc.
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A ideia já não é suprir necessidades, mas antes diferenciar produtos, acrescentando VALOR aos mesmos, e satisfazer Tendencias, Modas, Elites, Voyerismo.
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O Iphone é disso exemplo suficiente: vende muito, num mercado encharcado de produtos similares. Mas não vende um produto; vende, isso sim, um conceito. E é por isso que vende ao preço mais elevado do mercado.
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Não adianta deflacionar o que quer que seja. O mundo é hoje ABERTO e encontra custos infinitamente mais baixos noutras paragens, aonde se pratica a escravatura, mao de obra infantil, trabalho a troco de comida etc. Se vc quer produzir Iphones baratos vai para a China fazê-los, mas vende o produto no ocidente ao dobro do preço dos concorrentes. Deflacionou o quê?
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Nada.
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O custo de produzir Iphones vai se manter eternamente. Na china ou na conchichina. Vc advoga que a Europa ou os EUA tem que deflacionar, isto é, baixar custos, para poder produzir Iphones. Vc tinha de baixar custos na ordem dos 70% para se equiparar à China.
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E como deve compreender, se vc baixar salários na EUROPA ou EUA, de NADA vale baixar preços dos produtos, não é?
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Podemos, isso sim, melhorar a nossa eficiencia, apostar muito na Educação e Formação de pessoas com vista a poder INOVAR constantemente, a criar Marcas, a definir Modas e Tendencias.
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Se vc deflacionar, quer dizer, se conseguir baixar custos de produção e obter com isso a possibilidade de produzir e vender a Preços mais baixos, mas ao mesmo tempo reduzir salarios, não adianta de nada. Baixam os preços, mas tambem baixam salarios que compram produtos.
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Venha o diabo e escolha.
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Rb

Ricciardi disse...

No entanto, a Deflação tem u problema enorme. O ENDIVIDAMENTO das familias, empresas e estado.
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Como é que se pagam emprestimos reduzindo salários, que por sua vez compram menos produtos, que por sua vez geram menos lucros, que por sua vez geram menos impostos, hein?
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Não se pagam. A prova disso é que o crédito MAL Parado disparou em portugal.
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Uma politica Inflacionista moderada é a mais assertiva neste enquadramento. Obtem os beneficios da deflação, mas permite que as pessoas tenham dinheiro nos bolsos para pagar emprestimos, consumir, poupar, investir.
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Não se cura um toxicodependente de Crack, retirando-lhe a droga toda. Nada disso. Dá-se-lhes metadona a ver se o gajo não se passa e cuida-se de lhe injectar confiança a ver se não volta ao mesmo.
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Rb

Anónimo disse...

Será este cenário dickensiano?
http://ganhemvergonha.tumblr.com/

"Recebemos um número significativo de e-mails de antigos estagiários da empresa Menina Design Group com denúncias de vários comportamentos sem vergonha. Não acreditamos muito em fumo sem fogo, mas procuramos obter outros testemunhos e provas que sustentassem as acusações. Após várias conversas com antigos trabalhadores da empresa, concluímos que:

1 – Frequentemente, a Menina Design anuncia na Internet que procura trabalhadores com formação superior e “ilegíveis para estágios profissionais IEFP” (analisando apenas o site Carga de Trabalhos, encontram-se cerca de vinte anúncios publicados desde Maio de 2011).

2 – Depois de enviarem currículo e portefólio, os candidatos têm de responder a um questionário de 40 a 50 perguntas antes de serem chamados a entrevista;

3 – Aos escolhidos é dito que, antes do estágio profissional, afinal têm de trabalhar à experiência durante três meses, sem remuneração (são vários os relatos que referem períodos mais longos);

4 – Várias pessoas afirmam que nas instalações da empresa trabalham mais estagiários não remunerados do que trabalhadores com vínculo laboral (há quem fale em 10, 20 ou mesmo 30 estagiários sem remuneração em simultâneo e há referências à falta de espaço físico para albergá-los a todos);

5 – Nas instalações da empresa ou a partir de casa, os estagiários trabalham nos seus computadores e usam software próprio, sem as licenças que tal ofício exige.

6 – A hora de entrada destes estagiários (apelidados pelo patrão de “guerreiros”) é às 9h30 e a de saída é às 19 horas, mas essa nunca é cumprida;

7 – Seguindo ordens e pressões superiores, é normal os estagiários trabalharem aos Sábados;

8 – A Menina Design comercializa produtos a preços elevados, muitos deles da autoria destes estagiários, sem qualquer direito a royalties.

9 – Vários estagiários afirmam terem sofrido ameaças de despedimento, pressão constante e contactos com linguagem imprópria da parte dos responsáveis da empresa;

10 – Alguns destes trabalhadores não remunerados apresentaram queixas no IEFP, mas afirmam que a entidade é conivente com a empresa e que nada se alterou."
http://ganhemvergonha.tumblr.com/

Ricciardi disse...

Do link que o CN deixou retirei isto:

«Good deflation occurs when prices and interest rates decline, consumers receive more purchasing power from most assets, output expands and
productivity expands due to technological innovations. Bad deflation occurs
when prices and interest rates fall yet many consumers receive less purchasing power from most assets, output contracts and productivity declines as a
result of central bank policies.»
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Portanto, caro CN, lendo o texto que linkou do Inst. Mises, poderá verificar aquilo a que acima me referia: que a actual politica de deflacionar é uma BAD Deflation.
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Pela 1ª vez estou de acordo com um autor austriaco. Vou lá fora atirar um foguete que me sobrou da passagem de ano.
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Rb

Vivendi disse...

A entrevista de Salazar é um assombro.

Se Salazar tivesse sido alemão ou inglês as suas palavras, teorias e métodos fariam hoje escola em todo o mundo.

Mas boa parte dos direitolas portugueses foram comidos cerebralmente pela engenharia social da esquerda.

Só lhes interessam andar por aí a querer impor ideologias novas aos portugueses que muitas vezes nem para o burkina faso serviriam.

Consideram Salazar um tabu e nada querem aprender com o passado recente.




CN disse...

Rr

A deflação maligna é uma consequência e um processo de cura da verdadeira doença: a bolha anterior.

Ricciardi disse...

«A entrevista de Salazar é um assombro.» Vivendi.
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Qual entrevista?
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Pode pôr aí um link ou nome de livro?
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Rb

Vivendi disse...

José Lopes da Silva disse...
http://malomil.blogspot.pt/2013/04/uma-entrevista-esquecida.html


marina disse...
muito bom , José , então este trecho :

"Or, en régime parlementaire, l’Etat n’est pas libre. Les ministres sont les esclaves des députés, qui le sont des comités électoraux, dont les caisses sont alimentées plus ou moins directement et qui sont manœuvrées plus ou moins consciemment par les concentrations économiques ou les oligarchies financières. Ici, elles ne peuvent nous manœuvrer, parce que l’Etat est le plus fort. Et les gens sont heureux parce qu’ils sont libres. Ne se plaignent que ceux qui faisaient profession de politique. Je crois qu’ils sont sincères. Ne vivant pas en contact avec les réalités, ils sont hypnotisés par une notion fausse : le rapport fictif qu’ils ont établi entre le parlementarisme et les libertés politiques. Ils sont convaincus que sans parlement il n’y a pas de liberté. Songez donc : on pouvait autrefois injurier les ministres ! Et certes, on n’a plus cette liberté-là, mais on garde les autres. Il arrive d’ailleurs à des esprits distingués de se laisser encore séduire par cette idée fausse.

Ricciardi disse...

Obrigado pela deferência Vivendi.
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Sempre a considera-lo.
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Rb
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PS, só para chatear: Então e a Letónia? não era o exemplo do Austero sucesso?