07 abril 2013

Para onde vai o estado moderno

Professora de ciência política na Tulane University e contribuidora para a MSNBC, Melissa Harris-Perry:

"Temos que romper com a nossa ideia pessoal que as crianças pertencem aos seus pais ou às suas famílias e reconhecer que as crianças pertencem ao todo da comunidades. Uma vez que seja responsabilidade de todos, e não só das famílias, poderemos começar a fazer melhores investimentos."

(via zerohedge)

Entre outras previsões eu creio que paradoxalmente o estado-moderno-distopia, quando sentir que o problema da natalidade representa um perigo real à sua própria sobrevivência vai acabar não só a proibir o aborto como obrigar ao registo e controlo das grávidas, isto até que a tecnologia permita o feto desenvolver-se num meio controlado. Aí sim, teremos o admirável mundo novo de Huxley. Procriação e educação controlada. Para manter os rácios da segurança social em parâmetros sustentados. E as pessoas libertas de qualquer idiossincrasia reminescente da velha ordem.

Qual é uma das barreiras sociais não-ideológicas (entre outras, claro)? O catolicismo, no seu instinto individualista, personalista e anárquico. Mas do ponto visto mais abstracto da filosofia, quanto mais a ideia de direito natural se desvanecer, só a legitimidade da vontade geral emerge como verdade ordenadora do social. Sim reconhece a família e a propriedade. Mas cada vez é mais uma licença, uma espécie de concessão não autónoma num dado grau de hierarquia do interesse colectivo. É uma socialização com propriedade privada licenciada. Porque descobriram que assim, o colectivo é mais eficiente e o estado mais forte.

A única força social que eu vejo que tem uma consciência ideológica intrínseca adversa a tal coisa é o movimento libertário. Institucionalmente e com carácter não-ideológico é a Igreja.

10 comentários:

ASL disse...

Queria pedir a vossa opinião (e apoio...) para esta petição por uma nova constituição que criei e cujo texto é, em parte, influenciado por longas horas perdidas a ler o Portugal Contemporâneo.
Pedia-lhes que lessem o texto desta petição que criei e, se concordarem com o que disse, que ajudem a partilhá-la
http://www.ipetitions.com/petition/constituicao/

António Sousa Leite

Conde disse...

Consta que em Esparta, noutros tempos, houve uma lei que obrigava os homens a casar e as mulheres a ter filhos. A liberdade sexual fez com que os homens perdessem o interesse pelo sexo oposto.

muja disse...

Pois deve ser, deve...

Eu libertário só conheço isto:

http://fr.wikipedia.org/wiki/Lib%C3%A9ral-libertaire

e não me parece, nem de longe nem de perto, ser essa coisa que V. diz que é.

A verdade, CN, a verdade é a seguinte: os problemas que V. (e restantes "libertoinos", perdoe o zazieismo) imputa ao Estado, não são problemas do Estado.

São problemas de um Estado infiltrado e minado. Não só o Estado, como toda a sociedade. Infiltrado e minado por minorias agitadoras, cujo programa é manipulado pelos mundialistas nómadas do capital apátrida internacional e promovido por eles nos media (seus também), aproveitando-se da fraqueza intrínseca contra a corrupção do regime partidocrático, que elegeram como supra-sumo e ideal mais elevado da humanidade. E o objectivo é simples: destruir as nações, porque esse é o caminho mais directo para a dominação completa. Quanto mais uniforme e mestiça (em todos os sentidos) for a humanidade, mais fácil é de controlar - que é dizer: mais barato é produzir, consumir, convencer, etc. Em traços muito gerais, é o que temos.

Ora, V., mai-los seus amigos libertários, acham que o caminho é acabar com os Estados de vez. Ou seja, depois de ajudarem (não o caro CN propriamente, claro) a destruir os Estados, participando desse ideal alevantadíssimo que é a sempre corrupta democracia parlamentar, pretendem agora acabar com eles usando como justificação o estarem destruídos!

Ou seja, depois de ajudarem a envenenar o cão de guarda, querem-lhe acabar com a miséria de vez.

O Estado é mau porque foi tomado pelos partidos. E os partidos eram, como são, constituídos na sua larga maioria, por inúteis e imberbes (mentais) ranhosos, muitos dos quais verdadeiros liberais-libertários. E foi assim pela simples razão de que grande parte das pessoas competentes já estavam no Estado, porque os anteriores inquilinos não eram estúpidos nem lambiam botas a ninguém. Ora havendo depuração ou saneamento, tiveram que se sanear os bons, só restando a escumalha, por definição manipulável à conta do carácter fraco e dos inevitáveis rabos de palha que dele advém.

V. sabe muito bem que assim foi. E sabe que o problema é esse. O problema não é Estado a mais: o problema é escumalha a mais no Estado.


muja disse...

E, já agora - se não for pedir muito, podemos ter coisas escritas em bom português, ou também é dos cânones "libertarianos" gramar com crioulo?

CN disse...

EM brasileiro já há muito no Mises Brasil.

O movimento libertarian nasceu e existe de forma descrentralizada nos EUA nos anos 60 e como fenómeno americano mais generalizado foi Ron Paul que lhe deu uma grande impulso para o mainstream.

Hoje muitas figuras se consideram "libertarian" e a nível internacional junta muitos liberais clássicos a um toque mais activista.

zazie disse...

É uma religião crioula

":OP

Vivendi disse...

"O mundo está a viver em permanente desvario: as massas caminham através da anarquia para ditaduras ferozes, e os homens públicos parece julgarem que podem defender o supremo bem dos povos - a ordem - com o seu liberalismo."

(Salazar, carta de 6 de Junho de 1968 ao Prof. Marcello Caetano).

Cumprimentos Mujahedin!

muja disse...

Cumprimentos Vivendi!

JSP disse...

Mujahedin,
Totalmente de acordo consigo.
Cpmts.

BLUESMILE disse...

CN:

Nada que Ceasescu não tenha feito durante a sua ditadura na Roménia - medidas de natalidade forçada, com a criação de imensos asilos de orfãos de pais vivos

Libertário o tanas.