03 abril 2013

é o Estado, estúpido


Segundo dados do Banco de Portugal, a dívida do Estado - administração central, regional e empresas públicas - aumentou 51,26 mil milhões de euros entre o final de 2010 e o final de 2012, um salto de 25% até ao endividamento de 259 mil milhões de euros com que o sector público fechou as contas do ano passado - depois de entre 2008 e 2010 ter visto a dívida crescer 30%. A subida nos últimos dois anos da dívida do Estado foi suficiente para mais que anular a redução do endividamento que as famílias e as empresas privadas conseguiram no período.

As famílias portuguesas, e também entre 2010 e 2012, entraram numa dieta agressiva de dívida, vendo a factura de créditos cair de 179,5 mil milhões de euros para 166,8 mil milhões de euros, uma redução na dívida de 12,6 mil milhões, ou menos 7,1%. O mesmo será dizer que se no final de 2010 as famílias em Portugal eram responsáveis por 26% da dívida do país, no final de 2012 já só eram responsáveis por 23% da mesma.

Ionline

3 comentários:

Ricciardi disse...

Joachim,
.
Há uma coisinha que o artigo não refere mas que me parece muito mais relevante para se perceber a diminuição do endividamento privado.
.
É que o endividamento privado reduziu-se a par de um aumento gigantesco do crédito mal parado e incobravel.
.
Isto pode querer dizer que a redução do endividamento não se está a fazer porque as familias estão a pagar os seus créditos, mas sim que os bancos limpam dos seus balanços boa parte dos emprestimos por incumprimento.
.
E de facto, as provisões (para creditos mal parado) dos bancos aceleraram exponencialmente.
.
Isto é, pois, mais preocupante do que a simples ideia de que o pessoal está a consumir menos ou investir menos, parte dos seus rendimentos, para pagar emprestimos.
.
Rb

Ricciardi disse...

O que significa que o sector privado não estará a emagrecer pelos bons motivos - pagar o que devem com a riqueza que criam - mas sim que estão num processo de morte lenta, num calvário rumo à cruxificação.
.
Não consigo ver outra alternativa para o país que não passe por uma saida negociada da zona euro e que permita ao país, num espaço de um ano, repôr a produtividade com a riqueza efectivamente produzida.
.
Em suma, que o país nas trocas com o exterior se torne mais barato ou atractivo. O turismo dispararia. As importações diminuiriam acentuadamente. A produção nacional aumentaria a prazo para substituir perca de poder de compra de cenisses estrangeiras. E cereja em cima do bolo, se pudessemos fazer isto de forma negociada com o sistema TARGET 2 do bce (que gere outras divisas europeias e lhes confere liquidez) antes de qualquer outro país o fazer, era bem melhor.
.
Rb

Ricciardi disse...

O total de depósitos em Euros em contas bancárias portuguesas é de cerca de 240 mil milhões de euros... mais ou menos o equivalente ao endividamento.
.
Rb