26 abril 2013

consequências

"Alguns economistas pensam que a tarefa da ciência econômica é determinar a forma de obter a maior satisfação possível para todos ou, pelo menos, para a grande maioria das pessoas. Não se dão conta de que não há como medir a satisfação alcançada pelos vários indivíduos. Interpretam de forma equivocada a característica específica de julgamentos que são feitos com base na comparação da felicidade de diversas pessoas."
Mais atrás diz:
"O cálculo econômico não se aplica às coisas que não podem ser compradas ou vendidas com dinheiro. Existem coisas que não estão à venda e para cuja aquisição são necessários outros sacrifícios além do dispêndio de dinheiro. (...) A honra, a virtude, a glória, assim como o vigor físico, a saúde e a própria vida representam na ação um papel tanto de meios como de fins, sem que possam ser considerados no cálculo econômico."
E insiste-se:
 "O tratamento quantitativo dos problemas econômicos não deve ser confundido com os métodos quantitativos que são aplicados no lidar com os problemas dos eventos físicos ou químicos do mundo exterior. O traço característico do cálculo econômico é não ser ele baseado em algo que possa ser considerado como uma medição."
Uma medição consiste em estabelecer a relação numérica de um objeto em relação a outro objeto, que se toma como unidade de medida"
Mises em A Acção Humana

18 comentários:

menvp disse...

Anda por aí muita conversa de CONTRIBUINTE PARVO
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-> O Contribuinte Parvo INSISTE em dar 'carta branca' aos políticos... quando... a experiência mostra que os políticos honestos (que existem de facto!) não dão, claramente, conta do recado!...
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-> Os Parolizadores de Contribuintes (políticos e não só) falam em novo governo... blá, blá, novo governo... blá, blá, novo governo... [vulgo, 'vira-o-disco' e toca o mesmo: um sistema muito permeável a lobbys]... procurando desviar a conversa daquilo que é cada vez mais óbvio: quem paga (vulgo contribuinte) deve efectuar uma fiscalização cada vez mais eficaz das contas públicas!
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--->>> É necessário uma campanha para motivar os contribuintes a participar... leia-se, votar em políticos, sim, mas... não lhes passar um 'cheque em branco'... leia-se: para além do «Direito ao Veto de quem paga» (ver blog «fim-da-cidadania-infantil»).... é urgente uma nova alínea na Constituição: o Estado só poderá pedir dinheiro emprestado nos mercados... mediante uma autorização expressa do contribuinte - obtida através da realização de um REFERENDO.
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P.S.
-> Todos pudemos assistir a uma incrível e monumental campanha [nota: a superclasse (alta finança - capital global) controla a comunicação social] no sentido de ridicularizar todos aqueles que eram/são contra o 'viver acima das possibilidades'... leia-se, uma campanha no sentido de ridicularizar todos aqueles que eram/são anti-endividamento excessivo; um exemplo: no passado, Manuela Ferreira Leite foi ridicularizada por ser uma ministra anti-deficit-excessivo; mais, chegam a retratar o contribuinte alemão como novos fascistas/nazis...
-> O discurso de qualquer 'cão/gato' anti-austeridade tem direito a amplo destaque... [nota: a superclasse (alta finança - capital global) controla a comunicação social].
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P.S.2.
-> Um afrouxamento no controlo rigoroso das contas públicas (fim da austeridade)... proporciona oportunidades para a superclasse (alta finança - capital global)... isto é, ou seja, com tal afrouxamento, a superclasse (e suas marionetas) passam a poder CAVAR BURACOS sem fim à vista: BPN's, PPP's, SWAP's, etc...
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P.S.3.
-> Depois de 'cozinhar' o caos... a superclasse aparece com um discurso, de certa forma, já esperado!... Exemplo: veja-se a conversa do mega-financeiro George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida»
-> Como o contribuinte alemão está firme... o mega-financeiro George Soros defende agora um Euro sem a Alemanha... para que... a superclasse possa PROLONGAR O FESTIM proporcionado por países a endividar-se excessivamente (países a viverem acima das suas possibilidades).
Nota: a firmeza do contribuinte alemão (não cedendo à pressão exercida internacionalmente...) é fundamental para salvar a Europa!
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P.S.4.
-> Um caos organizado por alguns - a superclasse (alta finança - capital global) pretende 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
- caos financeiro...
- implosão de identidades autóctones...
- forças militares e militarizadas mercenárias...
resumindo: uma Nova Ordem a seguir ao caos - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo.
{uma nota: anda por aí muito político/(marioneta) cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse: emissão de dívida e mais dívida, IMPLOSÃO DA IDENTIDADE AUTÓCTONE, etc}

Ricciardi disse...

Honra e Glória, é a coisa que mais interessa comprar e que mais frequentemente se compra com dinheiro, influência e poder.
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Rb

marina disse...

o Boudon do individualismo metodológico explica isso muito melhor. até parece complicado na linguagem do mises . tanta palha.

"Interpretam de forma equivocada a característica específica de julgamentos que são feitos com base na comparação da felicidade de diversas pessoas." que é que isto quer dizer ? que há economistas armados em psicólogos ? as "ciências" sociais , meu deus..

Euro2cent disse...

> a forma de obter a maior satisfação possível para todos

O camarada Huxley já tinha resolvido esse problema do Bentham no Admirável Mundo Novo. Sexo, drogas, rock'n'roll - bem, esse último talvez não, o Huxley não estava a par das tendências musicais. Ah, sim, mais iluminismo esclarecido, abolição da família e um sistema de castas. Perfeito, nem o Mário Soares tinha nada a dizer.

Já faltou mais. Acho que houve para aí uns tipos que acharam que era um bom plano.

zazie disse...

ahahaha

Em grande, Euro2cent.

É que isto é tão toscamente utilitarista à la Bentham que mete dó.

zazie disse...

E o plano quinquenal, pois.

O seu comentário é que devia ir a post.

Síntese perfeita.

Francisco disse...

Isto é uma confusão tão grande que uma pessoa nem sabe onde é que é há de começar. E tanto alguns economistas tradicionais como o Marx têm culpas no cartório por causa desta confusão toda na cabecinha dos Austríacos.

"Alguns economistas pensam que a tarefa da ciência econômica é determinar a forma de obter a maior satisfação possível para todos ou, pelo menos, para a grande maioria das pessoas."

Esses "alguns economistas" são simplesmente uns alucinados (ou lobbys, make your choice) a esticar a corda. A economia tradicional não é nada disto. A economia tradicional é tentar perceber como funciona a sociedade. Ponto final. Fazer previsões, perceber o passado, essas tretas.

Qualquer teoria de valor em economia é puramente uma abstracção para se perceber algumas coisas dentro de um determinado framework associado a realidades particulares. Não há universalidade, nem nenhuma moralidade associada a este valor, nem nenhuma refexão profunda sobre a natureza humana. Quem quiser associar moralidade à coisa, como fez o Marx que o faça enquanto filósofo ou político, e não como economista.

Os Austríacos caem neste erro que nem uns anti-capitalistas new age imberbes a dizer que "as pessoas não são números". Já toda a gente sabe que as pessoas não são números.

Mas os Austríacos não se dão por satisfeitos com isto. Perseguem exactamente esta tentativa mística de fundir economia, moral e natureza humana num único conjunto de axiomas a priori. Criar uma economia com moralidade e "humanismo". Será que também existe uma psicologia com moral e humanismo? Uma linguística? Biologia?

É por estas e por outras que eu às vezes penso que os Austríacos saíram todos de uma máquina do tempo vindos do iluminismo.

E eu até suspeito que o Mises deve ser um gajo inteligente que de alguma forma deve ter contribuido para o que hoje se chama "Rational choice theory". Mas toda a seita criada a partir daí, que vê Mises como o grande filósofo é um desastre completo.

Francisco disse...

E se há coisa que é extremamente perigosa é misturar natureza humana, moralidade e ciências sociais.

Uma forma particular de totalitarismo passa por forçar uma natureza humana e ao mesmo tempo fazê-la passar por lei científica, verificável e demonstrável.

Ricciardi disse...

Mas eu não vejo racionalidade alguma. O credo dos austriacos resume-se a isto:
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1) Eles INTUEM que a acção e opções individuais não são determinaveis porque o ser humano não é um bicho (formiga) e mais a coisada do livre arbitrio etc. E estão certíssimos, ninguém sabe a opção de cada pessoa.
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2) Eles DEDUZEM então que, fruto dessa indeterminibilidade, não se pode determinar padrões num conjunto de pessoas. Que o bicho humano não é um formigueiro. E estão erradíssimos.
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3) O estabelecimento de uma ORDEM entre relações humanas, só pode devir, pois, afiançam, das leis naturais ou divinais.
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4) As leis naturais são aquelas que resultam expontaneamente, das forças presentes no mercado. A procura e oferta, que ajustam automaticamente as acções e opções humanas, necessidades e anseios do pessoal, em torno de um preço.
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Em virtude disto, eles crêem que não é possível combater uma crise. Porque para combater uma crise era preciso conhecer a cabeça de cada pessoa que participa nela. Sendo pois uma tarefa impossivel, eles crêem que uma crise só é debelada se se deixar correr o software Natural das divinais leis de mercado. Morrer quem tem de morrer, para viver quem sobrevive.
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Por isso não se vê austriacos a ministrar curas, nem remédios. Eles acham que se deve esperar que a coisa se auto-regenere.
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Na verdade, se esperarmos muito, se deixarmos a crise entregue a si mesma, algures no futuro é bem provavel que o que restou comece a crescer... das cinzas.
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Ora, se não for por mais, as teorias austriacas carecem de Bom Senso, pois se há um incêndio a melhor estratégia não é deixar que ele consuma tudo, mas limitar os danos apagando o fogo. Se deixarmos o fogo proliferar ele um dia apagasse, obviamente, por falta de combustivel, mas até lá...
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Rb

Ricciardi disse...

Bom, é claro que existem muitas formas de apagar um fogo. Formas frequentemente incorrectas. Alguns economistas, porém, afiguram-se uma espécie de feiticeiros. Com mezinhas e pós de prilimpimpim e atiramento de conchas. Atiram às sortes. E alguns até se tornam mestres no poder adivinhatório. Com mais ou menos sorte.
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E os austriacos aproveitam-se destas bruxarias para dizerem ahh estais a ver não se pode mexer nas leis divinais.
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Rb

zazie disse...

Olha que maravilha de síntese que o morgadinho fez.

zazie disse...

O Francisco, o morgadinho e o eur2cent provaram que os "anónimos das caixinhas de comentários", na maior parte das vezes é que merecem a pena ser lidos.


zazie disse...

Ferancismo: V. que sabe mais destas coisas podia dar-me uma ajuda:

Tem ideia de alguma utopia que foi mais ou menos criada com base neste paralelo marxista que citou.

A terrível fusão entre biologia, moral e leis da natureza e da economia?

Eu gostava de saber. Porque o Galton tinha umas ideias e depois perderam-se os textos e nunca se soube qual era a utopia liberal que ele tinha na cabeça.

Mas deve ter havido mais e isto interessa-me.

Fala-se só das utopias marxistas mas estas são a outra versão da mesma moeda.

Como v. disse e muito bem, nasceram do mesmo iluminismo e divinização da Razão.

Francisco disse...

Eu confesso a minha ignorância em utopias liberais/biológicas.

Nesse aspecto o CN talvez tenha alguma razão quanto à escola de Chicago, que obviamente também era um projecto político. E há a história do chile que foi liberalismo económico desenhado a régua e esquadro. Mas não conheço o suficiente para perceber se eles se meteram por grandes utopias.

Sobre a mistura de moral com teoria da evolução o Joaquim é o campeão desses assuntos neste blog, ele deve conhecer alguns autores interessantes nesse campo.

A defesa "iluminista" mais recentemente popularizada do liberalismo deve ser a do Nozick, mas também li-o há alguns tempo e já não me lembro se ele mistura moral com aspectos mais biológicos da natureza humana (mas lembro-me que a certa altura ele chega quase ao comunismo e depois volta para trás, hehe).

zazie disse...

Eu falava em utopias que se ficaram pelo papel

eheheh

O galton andou a escrever uma. E era uma utopia humana e liberal.

Aí atrás falou-se do huxley e foi muitíssimo bem lembrado. É outro corolário da optimização utilitarista do Bentham.

Mas v. lembrou muito bem o Nozik.

É que é mesmo uma excelente pista

Obrigada. Verdade que foi óptimo fazer-me ver isso.

Há uma tradição de se ligarem as utopias apenas a um igualitarismo social mas também existiram utopias liberais.

Francisco disse...

E vale a pena lembrar que o "Anarquia, Estado e Utopia" é uma resposta à "Teoria da Justiça" do Rawls, que é uma espécie de utopia da social democracia. Mas confesso que o Rawls é bastante mais complexo que o Nozick e eu estou longe de o ter compreendido. Mas é engraçado porque parece ser o paradoxo de desenhar uma política moderada a régua e esquadro, com curvas de utilidade, problemas de maximização pelo meio e tudo mais.

Francisco disse...

E o Leviatã do Hobbes também é uma extraordinária mixórdia de biologia e política sem pretensões equalitárias. A estrutura do livro é uma genial síntese do modo de pensar do iluminismo: começa por dissertar sobre anatomia e processos biológicos, depois passa para a psicologia, depois passa para as sociedades humanas, segue para a moral cristã, e depois o resto não li...

zazie disse...

Sim, o Leviatã de Hobbes sim, com esse já andei. É o início da utopia liberal, quanto a mim vem tudo do Hobbes.