11 março 2013

Recapitulando

Bancos e estados em todo o mundo entraram em colapso, mas salvaram-se recorrendo à mesma máquina que está na origem do problema: uma pirâmide de crédito e moeda e que está na origem da financeirização artificial da economia que desconstrói o ciclo normal de poupança/investimento, induz a alavancagem pública e privada e favorece a concentração de poder político e económico.

Chegada a crise, que constitui o processo de cura, só uma queda de salários (que acabará a ocorrer de uma forma ou outra) permite restabelecer lucros normais e assim voltar a crescer. É uma ilusão pensar outra coisa.

2 comentários:

muja disse...

Bancos e estados em todo o mundo entraram em colapso, mas salvaram-se recorrendo ao contribuinte.

Assim é que é.

Ricciardi disse...

Não foram apenas os bancos e estados que foram salvos pelos contribuintes. Na america de Bush a GM foi mesmo das primeiríssimas a ser salva entre muitas outras, entre as quais duas electricas relevantes, duas seguradoras. E bem, para eles. Nós é que somos parvos.
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O que se tentou salvar, e com êxito, foram as empresas, os depositantes e os empregos que, de outra forma, teriam disparado para os valores da anterior crise dos anos 30 cuja taxa de desemprego chegou aos... 50% da população. Imagine that.
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Assim como assim, a europa está com 10% de desemprego e os gringos com 7,5%. But hei, já sei, a sua opinião é que o mercado tem que se auto-regular, mesmo que o desemprego chegue aos 50%.
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E a crise não deveio pela oferta de moeda, mas antes pela intensidade da procura. É um erro pensar o contrário. O erro esteve sempre na regulação.
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Foi a procura, ávida em contrair empréstimos para a construçãozinha que empurrou naturalmente a oferta. A oferta adapta-se sempre à procura e não ao contrario. É a vontade dos consumidores que lidera os movimentos da oferta.
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Se o pessoal quis comprar casa e carro, o mercado gera imediatamente empresários que disponibilizam esses bens e os bancos apenas se adequam à realidade; pedem, pois, dinheiro emprestado na aldeia global para os financiar. Esta é a ordem das coisas.
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O CN diz que foi a oferta de moeda. Não foi nada. A oferta deveio de uma procura intensa e da entrada de alguns grandes consumidores e investidores mundiais de matérias e bens: a china, a india etc.
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Foram esses tais novos consumidores/investidores (china etc) que, sem terem poupado o suficiente, desataram a investir. Ainda hoje o Investimento na China é de 50% do PiB.
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E desataram a investir e a produzir com o dinheiro dos outros. O dinheiro dos outros mais não foi do que toda a deslocalização industrial que se fez do ocidente para o oriente.
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Este movimento é que esteve na origem das coisas. É claro que, a partir de certa altura, se tende a esquecer a origem do problema (procura) e culpa-se o intermediario que proporcionou a coisada.
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É claro, sem uma coisa não existe a outra. Sem procura, não existe oferta. E sem oferta a procura não procura.
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Inves de culpar os malvados que disponibilzaram a massa, devemos corrigir a regulação para evitar que a procura se endivide mais do que a conta. Mesmo que se tenham endividado de forma racional, já que os imóveis eram considerados bom investimento e seguro, mesmo assim, dizia, cabe aos reguladores fechar a torneira quando se observa movimentos na procura que podem degenerar em bolhas.
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Rb