"(...) every man has a property in his own person. This nobody has any right to but himself. The labour of his body and the work of his hands, we may say, are properly his. Whatsoever then, he removes out of the state that nature hath...he hath mixed his labour with it (…) and thereby makes it his property."
(Tradução livre): "...todo o homem tem propriedade na sua própria pessoa. A que ninguém tem qualquer direito a não ser ele próprio. O trabalho realizado pelo seu corpo e as suas mãos, podemos afirmar, são dele próprio. Então, aquilo que extrair do estado da natureza... misturando o seu trabalho com isso... torna-o sua propriedade" John Locke
Conclusão: quer a citação anterior de Murray N. Rothbard, Alexandre Herculano e John Locke tratam do mesmo: o homem, cada homem, como um fim em si mesmo e o seu livre arbítrio (conceito bem católico) de acção numa realidade escassa (bens, meios, fins e tempo escassos), propriedade de ninguém e capaz de fazer honestamente sua propriedade aquilo que está no estado da natureza - é o que chamo de "axioma da aquisição original da propriedade" e peça fundamental da construção de um direito natural, uma ética (no sentido de um direito) não sujeito a qualquer vontade geral e por isso absoluto, não subjectivo nem relativista.
47 comentários:
A aquisição de um bem não é nem nunca poderá ser um "direito natural".
Portanto, trabalhar um pedaço de terra (propriedade de ninguém) e produzir alimentos, a que passa a chamar a sa terra e os seus alimentos não é um direito natural? Porque... Tem de pedir autorização a alguém? Estado nacional? ONU?
Depende. A Natueza é um bem colectivo, também tem de ter protecção, por infinitos motivos, para o seu uso.
E existem categorias que são terra de ninguém, sim. No sentido de serem terra de defesa de um país- por exemplo- costa litoral- defesa de invasão.
Poderá ser privada mas sempre sob determinadas condições.
E essas condições é que derivam da tradição e nunca do "euzinho" predador neotonto.
(O John Locke foi um imbecil e convinha nem o colocar ao lado do Alexandre Herculano)
"Portanto, trabalhar um pedaço de terra (propriedade de ninguém) e produzir alimentos, a que passa a chamar a sa terra e os seus alimentos não é um direito natural? Porque... Tem de pedir autorização a alguém? Estado nacional? ONU?"
Não é um direito natural, porque não nasce assim que uma pessoa diz que a terra é sua, mas quando as outras pessoas aceitam que a terra é sua, e quando as pessoas se organizam segundo formas de propriedade privada. Os direitos são coisas tangíveis.
O problema CN é que você falha em explicar porque algo deve ser considerado natural. A razão porque você acha que a propriedade privada deve ser um direito, não é porque observou os direitos colados aos recém nascidos, mas porque chegou à conclusão da sua necessidade e da sua importância ao longo da história da humanidade. Porque razão os seu direitos de propriedade privada hão de ser mais naturais que o direito à saúde socialista? Por serem "negativos"?
«O trabalho realizado pelo seu corpo e as suas mãos, podemos afirmar, são dele próprio. Então, aquilo que extrair do estado da natureza... misturando o seu trabalho com isso... torna-o sua propriedade" John Locke»
Esta frase materialista, vai ser repetida por Marx, de forma dialéctica e é mesmo aqui que se funda o comunismo.
Basta expandir esse trabalho "com as próprias mãos" à industrialização para também os meios de produção serem de quem trabalha e kaput para proprietário que investiu ou herdou.
ehehehehe
Aliás, este materialismo nasce precisamente da necessidade de tirar terras a nobres porque a burguesia já lidava com o dinheiro e precisava de arrendar mais.
zazie, qual materialismo?
o agricultor que faz sua a terra com o seu trabalho?
E "depende" de quem? De referendos? Locais ou mundiais?
Porque não aplicar esse " depende" aos estados-nação? Assim: Portugal pode ser soberano... "depende".
Essa armadilha da vontafe geral abre caminho para a competa dissolução da pessoa humana em ... abstracções.
Quanto ao conceito a "terra é de quem a trabalha" a diferença é simples:
Os recursos no estado da natureza tornam-se propriedade quem a trabalha e ocupa. A partir daí é o livre contrato.
Materialismo- o Locke era materialista. Era um empirista materialista. O Marx pegou nsito e aplicou-o ao proletariado e aos sem-terra: a terra a quem a trabalha, os ovos a quem os põe.
A diferença é que a teoria neotonta se aplica aos banqueiros e capitalistas pencudos- sem pátria, na altura, mas já com muitas terras que era bom que fossem deles.
E isso dos recursos da terra passarem a quem os ocupa, deu nas lindas ocupações terceiro-mundistas, de ciganos e assim que agora têm a boa da lei, feita pela judiaria, a dar-lhes direitos na ONU e na UE.
Veja bem como o que o Herculano dizia até mudou, quando assistiu aos resultados dos liberais por cá.
E dizia muita coisa, numa altura diferente, por ser medievalista e aperceber-se que os liberais também eram jacobinos.
Os extremos acabam sempre naquilo que eu já disse:
Uns querem o Estado gigante para se enfiarem e mandarem de dentro; a outra face da mesma moeda, quer o Estado microscópio mas com democracia, para fazerem lobby e alterarem leis, para depois mandarem de fora.
Mas, se v. tivesse vivido as ocupações do PREC, tinha visto como essa teoria se aplicava que nem uma luva na dita Reforma Agrária.
Isto de ter mais uns anos no lombo e viver sem tribo, sempre serve para alguma coisa.
Mas obrigada por estes posts porque servem até para eu ir confirmando uma série de ideias que andava a trabalhar noutro campo.
Vem tudo do Hobbes o Leviathan é o catalisador disto tudo. Depois vai ser o Capital do Marx.
Porque, na altura a questão já era essa- ao Hobbes e a todos os materialistas e utilitaristas não interessava apenas a posse da terra.
Interessava o arrendamento. A tradição medieva não era o capitalismo moderno.
Este vem com a burguesia e tinha pela frente a nobreza terra-tenente.
Os neotontos depois é que aplicam este liberalismo que se inicia até ainda antes das luzes, para o lobby pencudo em virtude da guerra e da ameaça comunista.
Da ameaça comunista e nazi.
A teoria neotonta nasce disso- aplica-se a um passado de um grupo restrito.
Querer trazer isso para a actualidade, travestido de medievalismo é puro disparate.
Claro que Marx aplicou isto ao proletariado mas a ideia de base é a mesma- é o internacionalismo do homo economicus.
E, vendo bem, o próprio comunismo também era anarquista, em teoria os sovietes eram a mesma coisa e dependiam apenas das leis do desenvolvimento industrial e energético. Eram electricidade global.
Coisa deliciosa de se ver como o Duchamp pega nela e brinca no grande vidro e nos Ètans donnés.
O DFuchamp e o Jarry- o genial Jarry escreveu contos deliciosos a falar das utopias energéticas.
Era só sexualidade extra-terrestre
aahhahahaha
Não há escritores assim para desmontarem o mundo em que vivemos.
Para mim o drama é este. Assim os houvesse e muito mito caía por terra.
gralha: Duchamp.
O raio do Dragão que tem talento e cabeça é que podia fazer isso por cá.
Espero bem que o macaco esteja mesmo a escrever
eheheheheh
Mas o CN precisava de estudar filosofia porque, de outro modo, não é lendo apenas economistas que entende tudo isto.
Faça a pergunta a si mesmo: como é que um filósofo que defende a teoria da tábua rasa- que nascemos sem nada de inato, se pode juntar com o inatismo que v. defende, do Mises e que vem de Kant.
Como é que um empirista materialista pode estar a falar de jus naturalismo. Como?
Tente perceber isto. Veja a contradição e entenda como se ligam.
Eles inventam pressupostos. Incluindo o Kant.
E o PA topa logo quais são, mesmo sem pescar nada de filosofia.
V. passa a vida a falar na "dedução dos aprioris em que se funda toda a ética.
E com isso está a papaguear o Mises que foi papaguear Kant.
Mas depois, a costela neotonta, que tem linhagem calvinista e anglo-saxónica, mais que austríaca e germânica, diz o mesmo, a partir do inverso- da pura experiência, sem o menor apriorismo.
E v. acha que é possível juntar as duas sem a menor contradição.
Acha por não entender a questão teórica que é filosófica e não mera economia.
Zaziie eu sei bem que Locke era um empirista, como Hume.
Eu citei 3 autores sobre a mesma ideia universalmente intuitiva desde o princípio da humanidade, a justiça da propriedade honesta.
O Mises não vem do Kant, o Mises corrigiu Kant ao conectar o apriorismo à realidade através da acção humana (escolhas de fins e meios).
Como sempre, detecto a tendência para o nihilismo intelectual: nada é possível saber sobre o bem e o mal, o direito, tudo "depende".
CN,
V. não detecta nada porque nem detecta o que escreve.
Deixe-se lá de psicanálises porque eu não interesso nesta questão- o que eu sou ou deixo de ser não vem ao caso.
Vem ao caso que é impossível defender que uma coisa é tudo e o seu contrário.
O facto do Locke ser apriorista não é da mesma ordem de poder ser do Benfica ou do Sporting que isso em nada afectava a possibilidade de irmandade com uma ideia que a sociedade deve fundamentar-se em aprioris.
E esta contradição v. não a entende.
Passa por cima dela e faz citações sem dar conta que não serve para nada andar a com a história do liberalismo ou do anarquismo para sustentar uma questão teórica
Como é que o Mises não vem do Kant se v. nunca estudou Kant, nem filosofia e nem sequer sabe em que consistem os juízos kantianos?
Não sabe. Vem, mas v. nem sabe como. Por isso não interessa repetir e citar mais outro a dizer que ele desenvolveu o Kant.
Se não sabe o que é, como é que pode saber o que desenvolveu?
Sabe lá v. o que é o nihilismo intelectual
aahhahahahaha
Aposto que vai dizer que é qualquer coisa que vem do Nietzsche ou assim e, para o caso, em que é que se aplica na desmontagem que eu fiz, não év nada, nem vem ao caso.
Zazie
Não estou a perceber, onde está a contradição do quê?
A contradição de se considerar que existem noções que fundamentam a constituição de uma sociedade que podem ser percebidas pela experiência e, simultaneamente apenas e exclusivamente por dedução de aprioris com que todos nascemos.
Aceitar esta salada russa é pior que aceitar o relativismo. Porque ambas se anulam nos fundamentos.
E sim, o mais engraçado é que o Liberalismo até consegue fazer este pino.
E era giro perceber-se como.
Porque, se dizemos que existem noções, conceitos, ideias, regras, princípios que são esses e apenas esses e nunca outros, temos de conseguir fundamentar a questão.
E ela não é fundamentada por argumento de autoridade.
Tipo o que v. fez- "houve uma série de gente que disse que sim e todos eram liberais".
Ok. E depois? como é que algo pode ser aceite como uma Verdade se depende apenas da autoridade contraditória de quem a proferiu?
Quando v. fala (e fala à exaustão) na dedução de princípios apriorísticos"
era conveniente que explicasse em que consiste uma "dedução", como se faz, e como é que um princípio é apriorístico e em que consiste isso.
No mínimo.
Depois, quando repete (e também repete à exaustão) que o Mises não é kantiano porque aplicou o apriorismo à " acção prática " também era bom que traduzisse isso- a tal acção prática, e explicasse como é que o Kant não aplicou.
Isto, porque chama-se "acção prática" à moral. E o que o Kant fez foi precisamente aplicar os aprioris à acção prática.
Portanto, só nesta frase também existem ideias que não batem certo e que a si nunca lhe causaram complicação ao afirmá-las.
Mas, deixe lá. Eu já tive um debate parecido com o Rui A. e o resultado era o mesmo.
Ele também diz que é assim porque uns disseram que era assim mas, como defende a corrente empirista, nem consegue explicar porque é que outra noção diferente não é também, uma vez que existem tradições sociais diversas e bens diversos, defendidos ao longo dos tempos.
O v. problema é que nunca pensaram o Liberalismo filosoficamente.
Não saem da economia. Ou, quando tentam sair, metem água.
Mas, neste post, o que é mais curioso nem é isto.
É a ideia que v. teve. Juntou uns tantos sem nada em comum, para depois concluir que há uma noção- a que v. chama axioma- toma á que já aprendeste! que é a aquisição de propriedade.
E diz que é com ela que se constrói um "Direito Natural"
? constroi? o Direito Natural constroi-se?
Então, se se constroi, nem é natural, é social, é positivo, varia com os tempos, é fruto das intenções de quem o faz.
E depois diz que esse Direito Natural, construído assim, não é subjectivo nem relativista, apenas por não estar sujeito a uma vontade geral.
Eherhehe
isto é louco! então uma coisa que nasce connosco, é a Verdade Absoluta, por não depender da tradição colectiva?
E é verdade, por ser um "axioma" que tem de ser construído por gente fora da tradição e do colectivo que se instituiu como Lei, pelos séculos, por milénios?
Mas, o CN, como medievalista, devia ler mais o S. Tomás de Aquino.
Nos entretantos, tome lá este textito que é bacano e separa as noções clássicas e medievais da adulteração a que v. também se agarra:
http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/brasilia/09_207.pdf
a tese do direito natural é que pode ser descoberto pela razão, só assim poderá ser universal, está ao alcance de todos.
Leu o PDF?
Leia que está simples mas toca no essencial.
Alguma vez leu Aristóteles ou S. Tomás de Aquino?
V. é medievalista e segue todos os que destruíram a ordem e conceitos clássicos e medievais.
Leia o pdf. A sério- deixa pistas excelentes e repete aquilo que eu escrevi e que ando, há muito, a pensar, por outros motivos.
O seu problema é literalmente o mesmo que lá vem diagnosticado. Essa separação entre razão e factos; entra natural e lei.
E isso foi feito pelo Hobbes, primeiro e depois pelos jacobinos.
O CN, sem querer, anda a defender um jacobinismo às avessas.
E depois fica perante o mesmo problema os teóricos modernos que opõe esse racionalismo a um emotivismo relativista- ou é tudo apriorístico- puro racionalismo moral, sem nada de tradição na própria lei; ou é tudo relativismo ao sabor da opinião de cada um.
E não percebem que esta dicotomia não existia na moral medieval nem na clássica- aristotélica.
Espatifou-se uma ordem perfeita e depois fica tudo baralhado.
Em última instância separou-se porque deixou-se de acreditar numa ordem e fim da própria natureza, a que os seres humanos também estariam subordinados.
E tudo o que era um fim positivo, uma busca do bem, um evitar o mal, foi para o caixote do lixo, a partir da ideia - que o PA detectou muito bem- que o homem é mau, o egoísmo manda mais e o bem comum não existe.
Vou ler, mas Kelsen é precisamente o representante do direito positivo e d direito é o estado. Para todos efeitos um antecedente do que foi desaguar no totalitarismo so séc. 20
Pois é. E o autor desmonta-o precisamente por ele não entender o Direito Natural clássico e Medieval.
O texto é curto. Merece depois pegar nas fontes- Aristóteles e Tomás de Aquino.
Mas olhe que tudo isto é bem pertinente.
Não é nada "conversa de passarinhos", como dizem os que nem se afoitam.
Mas faça a pergunta a si mesmo que foi assim que eu fiz:
Por que motivo o pensamento católico medieval- no seu expoente máximo- Tomás de Aquino foi deitado para o caixote do lixo.
Alguém hoje em dia, o lê ou se atreve a falar dele nas escolas, sem ser gozado como "coisa do passado, que nada interessa"?
E o que fez Tomás de Aquino? fez um espantosa síntese entre o grande legado de Aristóteles e o Cristianismo.
Quando é que isto é esquecido? por quem, o que se segue?
Do que nasce o positivismo, o jacobinismo e toda a cientoinice das luzes?
"Portanto, trabalhar um pedaço de terra (propriedade de ninguém) e produzir alimentos, a que passa a chamar a sa terra e os seus alimentos não é um direito natural? Porque... Tem de pedir autorização a alguém? Estado nacional? ONU?"
Esta conceptualização estrombólica do "direito natural" lembra-me sempre os diques construídos pelos esquilos.
" trabalham pedaços de madeira(propriedade de ninguém) e produzem um dique e uma lagoa artificial de que se"apropriam" para ter alimentos.
Será que o dique dos esquilos,a enseada que fabricaram e os alimentos que assim conseguiram com o eu árduo trabalho, passam a ser propriedade privada do esquilos?
Terão os esquilos um Direito natural à propriedade?
Se ss recursos no estado da natureza se tornam propriedade quem a trabalha e ocupa, há que reconhecer a propriedade privada dos esquilos.
Os esquilos a construírem diques?
Esta bebeu demais ao jantar
AHAHHAHAHAHAHAHA
Não serão antes os castos dos castores
":O)))))))
Bem que se podia plantar esquilos em Orleães para depois os reconstruírem à dentada
aahahhahahahahahaha
Dava jeito, isso dava,diques de bolotas.
Castores, claro, mea culpa ou culpa do vinho ao jantar, consoante o vosso locus de controlo.
Mas o restante raciocínio mantém-se.
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