23 fevereiro 2013

O mito do New Deal II

As taxas de desemprego nos EUA (depois de uma média de 3.3% de 1923 a 1929) e começando em 1930 foram sucessivamente de 8.9%, 15.9%, 23.6%, 24.9%, 20.7%, 20.1%, 17.0%, 14.3%, 19.0%, 17.2% e 14.6% em 1940.

O que é se passou distintivamente com Hoover primeiro e depois com Roosevelt? A crença que era preciso suster a deflação de preços e salários, e pela primeira vez o governo tinha condições de poder político para o realizar.

“Se na depressão de 1920-21 os salários nominais chegaram a cair 20% num ano, em 1931 esse declínio foi apenas de 3%. Por contraste, os preços caíram mais substancialmente 8.8%. portanto os salários reais subiram significativamente em 1931 e eram maiores que em 1929, altura em que a produção por trabalhador era mais alta… subiram à taxa anual composta de 3% entre 1929 e 1933.” Richard Vedder, 1997.

Keynes escreveu na altura um memorando ao primeiro-ministro Ramsey Macdonald, informando-o da sua visita à América e elogiando os seus esforços para manter o nível de salários.

Pois, mas nem a crise nem o desemprego passavam, só depois da guerra (e não por causa da guerra).

O que se passou na crise de 1920-21?

Começou por ser tão ou mais severa, em alguns dos seus indicadores, que a Grande Depressão iniciada no final de 1929: por exemplo, registou uma queda da produção industrial superior a 20% em 6 meses. Mas a despesa federal americana foi reduzida agressivamente de 18.5 mil milhões (na terminologia americana, biliões) de dólares no ano fiscal de 1919 para 3.3 mil milhões de dólares no ano fiscal de 1922, e a deflação de preços no consumidor atingiu os 15,8% no ano seguinte ao pico no Índice de Preços no consumidor registado em Junho de 1920, quando a Reserva Federal Americana (FED) subiu a taxa de desconto para uma taxa, na altura, recorde de 7%.

Outro dado interessante é o facto do colapso na base monetária (contracção da moeda em circulação) ter sido o maior que se verificou na história dos EUA, ou seja, maior que o dos anos de Hoover (1929-1933), um fenómeno a que o monetarismo de Milton Friedman atribuiu as culpas (alegada insuficiente injecção de moeda pelo FED no sistema bancário) pela intensidade da Grande Depressão.

Mas... depois da taxa de desemprego ter atingido os 11,7% em 1921 desceu no ano seguinte para 6,7% e em 1923 era já de 2,3%!

11 comentários:

Vivendi disse...

E a crise de 20-21 passou tão rápido que não ficou para a história... Logo não se foi buscar ensinamentos.

CN disse...

Não dá é jeito ir buscar.

Ricciardi disse...

... mas dá mais jeito atribuir a Keynes medidas que não foram dele.
.
Ora, se Keynes só começou a ser conhecido apartir de 1937, com a publicação do famoso livro, como quer o caro CN imputar como medidas keynesianas ao periodo pré-keynesiano?
.
Ainda assim, a atribuir méritos a Keynes, os mesmos devem centrar-se no pós-1937 quando os governantes começaram a perceber as verdadeiras causas pelas quais a economia americana não reagia. As mesmas, aliás, que agora se verificam na europa e japão. E o problema foi diagnosticado por Friedman como sendo um problema de oferta de moeda e, dando razão a keynes, concomitantemente no lado da procura que estava moribunda por causa das politicas deflacionistas.
.
O remédio foi um misto de keynes e friedman... e resultou. Em grande.
.
Mas o contributo de keynes verificou-se na II grande guerra.
.
Nos dias actuais, estou convencido que Keynes não teria defendido gastos publicos durante a crise de subprime. Não, ele não teria defendido isso porque os paises já estavam demasiado endividados. E keynes defendia politica expansionista na fase negativa do ciclo se, e só se, não houvesse grande endividamento anterior. Aliás, a politica de expansão deveria ser imediatamente retirada mal houvesse sinais de retoma.
.
O que eu acho que keynes teria sugerido nos dias de hoje seria uma politica fiscal agressiva. Uma baixa radical das taxas de imposto para criar confiança nos investidores, por um lado, gerar maior rendimento na procura, por outro lado e, finalmente regular o fluxo de oferta de moeda circunstanciada a cada uma das fases.
.
Nada disto foi feito. Foi feito exactamente o oposto. Subiram-se as taxas de imposto e restringiu-se o rendimento da procura. Nestes termos a economia só pode colapsar, como de facto estamos a assistir.
.
O famoso ciclo austriaco, não está a ser respeitado. Os governos estão a fazer os possiveis por prolongar deliberadamente o ciclo descendente. Hayek deve estar a dar voltas no tumulo. Nem os próprios fieis interpretam correctamente o mentor.
.
Rb

Vivendi disse...

http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/02/ha-mitos-e-mitos.html

Keynes - 1927

"we will not have any more crashes in our time"

Mises - 1929

"A great crash is coming"

Filipe Silva disse...

O Ciclo verificou-se basta ver que a aplicação da teoria previa a crise de 2008, basta ver o que andavam a dizer os austríacos sobre a bolha no mercado hipotecário, aconselho a ver no youtube os videos do Peter Schift de 2006 e 2007 e como foi gozado pelos economistas main stream sobre as suas previsões.

O problema das sociedades de hoje nada tem a ver com um problema monetário mas sim como dizem os austríacos de um sistema de governo que necessita de demasiados fundos taxáveis que a economia privada não consegue gerar.

o Keynes foi/é perigoso porque os economistas estadistas baseiam-se no seu trabalho(veja se o caso do atrasado mental do Krugman) para justificar as politicas seguidas por Bernanke e companhia (a total manipulação da economia), dizendo que o problema é um problema de falta de procuram quando na realidade é um problema de falta de produção.

O caso dos países sobreendividados é que consumiram mais do que produziram, por isso o problema da divida.
Grande parte da divida não foi utilizada em actividades produtivas, mas antes em consumo (viagens, habitações, etc...), isto é não foi investido em novo capital.

Os politicos e os seus amigos (empresas corporativistas) querem manter o status quo, o caso português é demonstrativo desse facto, estão preocupados em salvar o presente sem olhar a meios (se destroem o futuro).

Manter salários e preços que vigoravam na fase mais alta da bolha é estupidez pura, as circunstâncias mudam logo sendo os mercados dinâmicos estes mudam.

A realidade é que os salários tem baixado.

Os austríacos sempre foram por baixa e impostos, nunca ouvi um quer que seja a dizer que se devia aumentar impostos, sendo que dizem que se deve também baixar a despesa do Estado, a Divida hoje puxa nos para baixo.

Convêm não esquecer que a divida nao para de aumentar, Austeridade é pura retórica.

Nada foi feito para mudar as coisas, mais do mesmo, a procura de manter um sistema falhado, mas que distribui muito benefício a quem o controla.

Por algum motivo todos querem ir ao "pote".

Vivendi disse...

Voilá Filipe.

Anónimo disse...

O Ciclo verificou-se basta ver que a aplicação da teoria previa a crise de 2008, basta ver o que andavam a dizer os austríacos sobre a bolha no mercado hipotecário, aconselho a ver no youtube os videos do Peter Schift de 2006 e 2007 e como foi gozado pelos economistas main stream sobre as suas previsões.
.

O caso dos países sobreendividados é que consumiram mais do que produziram, por isso o problema da divida.
Grande parte da divida não foi utilizada em actividades produtivas, mas antes em consumo (viagens, habitações, etc...), isto é não foi investido em novo capital.

Os politicos e os seus amigos (empresas corporativistas) querem manter o status quo, o caso português é demonstrativo desse facto, estão preocupados em salvar o presente sem olhar a meios (se destroem o futuro).

Manter salários e preços que vigoravam na fase mais alta da bolha é estupidez pura, as circunstâncias mudam logo sendo os mercados dinâmicos estes mudam.

A realidade é que os salários tem baixado.

...
Olhe que "produzir" no sentido de produçao ja nem alemaes nem japoneses. So os chinocas. E por essa entre outras raçoes nos lios que agora andamos bem liados e metidos...



muja disse...

Pois, mas nem a crise nem o desemprego passavam, só depois da guerra (e não por causa da guerra).

Não? Porquê?

São uns porreiros esses gringos. A virem salvar a Europa da barbárie por puro altruísmo... A espalharem liberdade pela Europa fora do alto das suas fortalezas voadoras (cuja produção em nada contribui para diminuir o desenprego claro, nem para fortalecer as empresas de.aeronáutica e aeroespacial - depois de obterem o motor a reacção alemão que deu um jeitaço).

Foi pena terem entregue metade da Europa que vieram salvar quais paladinos de armadura (e tanques) reluzente, a essa vanguarda do operário e do proletariado que foi o Exército Vermelho.

Mas para se ver quão bacanos eram mesmo os gajos, nada melhor que o plano Marshall, para reconstruir uma Europa (Alemanha) que não conseguiu resistir ao "peso" da liberdade caída dos céus. Claro que o reconhecimento de tamanha magnanimidade não estava ao alcance de qualquer um, daí a surpresa em Washington quando esse jarreta do Salazar pretendeu devolver o dinheirito que esses samaritanos de tão boa vontade nos quiseram "emprestar" a fundo perdido; como o nosso Vivendi nos mostrou aqui hà dias...

Uns gajos porreiros, em suma...

CN disse...

"O remédio foi um misto de keynes e friedman... e resultou. Em grande."

resultou? onde?

muja disse...

Não vai explicar porque é que não foi a guerra, CN?

CN disse...

Julgaria que a guerra destrói, e não constrói.