O filme de Spielberg está a dar a oportunidade, aos poucos, de se discutir história permitindo fazer transparecer que o que parece história genericamente aceite tem muito que se lhe diga. E normalmente isto sucede na tentativa de branquear quando não glorificar estatistas envolvidos na história das guerras ("
war is the health of the state") provavelmente inúteis e evitáveis. Por isso ocorrem a promover o homem indispensável numa situação indispensável. Mas a informação já não é o que era.
Dois textos em português:
A farsa sobre Abraham Lincoln , uma tradução de Walter Williams no mises.org.br
A história negra de Lincoln, uma tradução de Garry Wills no libertarianismo.org
6 comentários:
Eu não percebo muito de geoestratégia, mas tenho ideia de que não é habitual, na História, e desde há 5000 anos a esta parte, que uma comunidade política organizada (reino, estado, império, cidade-estado, seja o que for) se deixe voluntariamente "secessar" sem luta. Independentemente da questão dos escravos, não sei porque havia Lincoln - e quem diz Lincoln diz a elite yankee - de agir de outra maneira. "Ah, querem separar-se? Tudo bem. Amigos com sempre."
Se ler a declaração de independência, esta fala de Estados não de Estado.
reparo que os liberais de direita não gostam de Lincoln e tendem a defender a ideia de que na realidade não era verdadeiramente contra a escravatura, que a sua oposição à escravatura era instrumental, a razão profunda era outra, de natureza económica.
Também defendem que o aquecimento global não existe.
Porque tudo isso iria contra os seus principios ideológicos.
O liberal de direita parece aborrecer a ideia de que alguém possa ser movido por outras razões que não o egoísmo pessoal, o altruismo corrói as bases da sua ideologia. Daí também a sua relutância em admitir a importância do trabalho voluntário, o muja.... deu o exemplo do software, mas quem percorra esse país verá que a grande maioria das instituições de solidariedade são geridas gratuitamente, normalmente por voluntários ligados à igreja.
Ideologias... esta não gosta de admitir que as pessoas possam ser altruistas, que o estado pode ter um papel indispensável (daí negarem irracionalmente a existência do aquecimento global). Outros negam as diferenças entre os sexos masculino e feminino e outras maluquices...
xyz
"O liberal de direita parece aborrecer a ideia de que alguém possa ser movido por outras razões que não o egoísmo pessoal, o altruismo corrói as bases da sua ideologia. "
Não estou a ver onde vai buscar tal ideia.
Mas claro, xyz.
Pois não é o liberalismo individualismo, em última análise?
Daí também aquela de quererem explicar o altruísmo pelo egoísmo, que ouviram para aí de uns biólogos a especular, e trataram logo de a incluir no arsenal ideológico. Nada mais esclarecedor.
O CN até nem vai tanto por aí, e acho que a cena dele vem mais do interesse pela economia e pelas artes dos dinheiros. E depois convenceu-se que o Estado é a incarnação do mal absoluto e deu em Acapo. Ou ancap ou lá o que é, com essa cisma no poder e tal.
O problema é enterrarem a cabeça em tanto Hayek, Rothbards, Mises , Keynes e tudo isso, e faltar por vezes o olhar para o que está mesmo em frente do nariz.
Dito isto, também tenho muitas dúvidas que o Lincoln fosse tão anti-escravatura como isso. Mas pouco importa, também.
O melhor e ler "Lincoln" de Gore Vidal. A realidade e, como de costume, complexa. Lincoln nunca fez questao de libertar os escravos, mas na politica existe o possivel e o conveniente.
Libertar os escravos foi conveniente (mas impossivel) para conseguir a nomeacao Republicana; depois tornou-se inconveniente (mas possivel) quando chegou a Casa Branca (as escondidas, disfarcado com uma longa barba, sob ameacas de morte) para nao provocar os Estados do Sul -- Lincoln chegou mesmo a considerar deporta-los para Madagascar; finalmente, a certa altura, com o desenrolar da guerra, tornou-se conveniente outra vez (e possivel) e Lincoln, como politico inteligente, apercebeu-se disso.
Claro que ha quem prefira ver Lincoln como um homem "bom" de "boas" intencoes, como o povo americano e Spilberg. Cada um e como e, e ninguem pode culpar Spilberg de tentar ganhar mais um Oscar.
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