12 fevereiro 2013

JOE SOBRAN

JOE SOBRAN The Reactionary Utopian - Foi editor da National Review por 18 anos. Escrevia também uma coluna semanal num conhecido semanário católico. Ao longo da vida foi mudando a sua percepção e assim escreveu este artigo: "The Reluctant Anarchist" que coloco aqui em tradução livre um pequeno excerto.

"A minha chegada (muito recente) ao anarquismo filosófico tem perturbado alguns dos meus amigos conservadores e cristãos. Na verdade, até me surpreende a mim, indo contra as minhas próprias inclinações. Enquanto criança adquiri um profundo respeito pela autoridade e um horror pelo caos. No meu caso, as duas coisas foram misturadas pela incerteza da minha existência depois do divórcio dos meus pais passei a mudar-me de uma casa para outra durante vários anos, muitas vezes a viver com estranhos. A autoridade estável era algo que eu desejava. (...)

E é notável que Cristo nunca disse a seus discípulos para estabelecer um estado ou para se envolverem em política. Eles estavam ali para pregar o Evangelho e, em caso de rejeição, seguirem em frente... À primeira vista, São Paulo parece ser mais positivo em afirmar a autoridade do Estado. Mas ele próprio, como os outros mártires, morreu por desafiar o estado, e honramo-lo por isso… Evidentemente, a passagem dos Romanos foi mal interpretada. Provavelmente foi escrita durante o reinado de Nero, não o mais edificante dos governantes, mas, em seguida, Paulo também aconselhou os escravos a obedecer aos seus mestres, e ninguém interpreta isso como um endosso da escravidão. Ele pode ter querido dizer que o Estado e escravidão estavam aqui para o futuro previsível, e que os cristãos devem cumpri-los para a causa da paz. Nunca que disse que tal estaria aqui para sempre.

Santo Agostinho teve uma visão sombria do estado, como um castigo para o pecado. Ele disse que um estado sem justiça não é nada mais do que uma gangue de ladrões em sentido amplo, deixando a dúvida se qualquer estado poderia ser de outra forma. São Tomás de Aquino deu uma visão mais benigna, argumentando que o estado seria necessário, mesmo se o homem nunca tivesse caído da graça, mas ele concordou com Agostinho que uma lei injusta não é lei de todo, uma doutrina que diminui fortemente o status de qualquer estado conhecido.

A essência do Estado é o monopólio legal da força. Mas a natureza dessa força é sub-humana, e cito incessantemente, Simone Weil que o definiu como "aquilo que torna uma pessoa numa coisa - ou cadáver ou escravo." Por vezes, pode ser um mal necessário, em auto-defesa ou defesa dos inocentes, mas ninguém pode ter por direito as suas reivindicações: um privilégio exclusivo. É inteiramente possível que os estados – a força organizada - irá sempre governar este mundo, e que teremos a melhor escolha entre males (...).

Sinto falta da serenidade de acreditar que vivo sob um bom governo, sabiamente concebido e benevolente na sua operação. Mas, como diz São Paulo, chega sempre um tempo em que temos de deixar as criancices de lado."

1 comentário:

Euro2cent disse...

"In a way I had transferred my patriotism from America as it then was to America as it had been when it still honored the Constitution. And when had it crossed the line? At first I thought the great corruption had occurred when Franklin Roosevelt subverted the Federal judiciary; later I came to see that the decisive event had been the Civil War, which had effectively destroyed the right of the states to secede from the Union. But this was very much a minority view among conservatives, particularly at National Review, where I was the only one who held it."

Esta parte também é interessante. O Gore Vidal apontou repetidamente a transição de república para império. É claro que o camarada Octávio (Augusto, não Pato) sempre insistiu que o império era a república, só que aperfeiçoada.

Quanto à parte final, parece-me mais fácil de resolver "morality loses its cultural grip" do que reduzir um estado moderno a quase zero.