12 fevereiro 2013

E no advento do estado moderno

"Ao contrário dos cavaleiros do Séc. 8 ao Séc. 12, a honra e cavalheirismo estava já morto há muito tempo no século 15. Os soldados já não faziam jogo limpo e não respeitavam os seus inimigos. Eles queriam vê-los cortados em pedaços. Já não eram nobres feudais ou aristocratas formados em boas maneiras, mas de milícias recrutados em aldeias." comentário lido algures. O estado moderno é criação do tempo da reforma sabemos, e mais tarde chega à sua conclusão: a revolução francesa e a guerra em massa perpetrada por Napoleão por ideais políticos. Para trás já tinha fica o período medieval, o ponto máximo do cristianismo, da lei sem monopólio dada não só a sua pulverização (como esbarrava na sacralização da propriedade), como da convivência entre diversas fontes de direito (da lei feudal, do Príncipe, das cidades-livres, do direito canónico, etc.). Era o aguçar da moral e honra pessoal acima de todas as coisas no período que a lei assumia um carácter universal e intemporal (e tirano era quem a alterava) quando nenhuma autoridade política tinha capacidade para a fazer assim. Era porque era. Mais tarde, o período do romantismo procurou recuperar a sua "ideia de" mas conseguia mais uma caricatura que substância. As guerras napoleónicas são a primeira guerra moderna, mais tarde a seguinte será talvez a guerra-para-impedir-a-secessão-americana e no século 20 a grande explosão do massacre e destruição em massa pelo estado moderno. A tese do monopólio territorial da violência dirigido a partir de um centro de que uma elite de regime acaba por tomar conta, trás muito problemas. E o direito e a moral é aquilo que esses tipos dizem que é, conforme o vento.

16 comentários:

zazie disse...

É verdade. Fez bem em recordar essas guerras napoleónicas.

Mas é tramado quando se observa que os liberais fazem parte disso e são os primeiros a ajudarem à destruição dessa tradição medieval e católica.

CN disse...

Esses liberais dão muito mau nome ao liberalismo de facto, em Portugal na primeira oportunidade roubaram a propriedade da Igreja e das únicas comunidades comunitaristas funcionais (conventos, etc.). E gostam do Pombal, etc.

zazie disse...

E em Espanha, idem.

lusitânea disse...

Bem o Geraldo Sem Pavor salvo erro conquistou para o nosso primeiro rei uma série de cidades e vilas islâmicas sem muitos cavalheirismos.Basta atentar na heráldica da cidade de Évora...mas que era adequado ao que se tinha pela frente.
Toda a nossa desgraça recente é devida precisamente à falta de estratégia das pseudo elites que nos desgovernaram.Quiseram ficar bem na fotografia...

zazie disse...

Deve conhecer, mas aqui fica uma passagem do José Henrique Rodó.

http://www.cocanha.com/a-intolerancia-contra-o-que-apelidam-de-intolerancia/

Está online e merece a pena.

zazie disse...

Enrique

zazie disse...

«Si de garantizar la libertad se trata, impídase, en buenhora, que se imponga ni sugiera al enfermo la adoración ó el culto de esa imagen; prohíbase que se asocie á ella ningún obligado rito religioso, ninguna forzosa exterioridad de veneración siquiera: esto será justo y plausible, esto significará respetar la inmunidad de las conciencias, esto será liberalismo de buena ley y digno de sentimiento del derecho de todos. Pero pretender que la conciencia de un enfermo pueda sentirse lastimada porque no quiten de la pared de la sala donde se le asiste, una sencilla imagen del reformador moral por cuya enseñanza y cuyo ejemplo—convertidos en la más íntima esencia de una civilización—logra él, al cabo de los siglos, la medicina y la piedad: ¿quién podrá legitimar esto sin estar ofuscado por la más suspicaz de las intolerancias?»

José Lopes da Silva disse...

Mas ó Lusitânea, Geraldo Sem Pavor já é no século XII, e além disso a honra e o cavalheirismo não tinham de se aplicar aos inimigos da fé.

Ontem foi engraçado ver na SIC Notícias o Nuno Rogeiro a perguntar ao adido francês pelos prisioneiros de guerra no Mali, que parece que não existem. É preciso ter lata!

http://gloriainacselsis.wordpress.com/2008/08/28/aljubarrota-e-a-cronica-de-froissart/

Luís Lavoura disse...

Essa coisa dos cavaleiros do século 8 ao século 12 serem cavalheiros é um perfeito disparate. Veja-se o que aconteceu quando, no século 12, Lisboa foi conquistada aos muçulmanos pela Segunda Cruzada: os cavaleiros europeus passaram grande parte da população da cidade (na sua maioria cristã) a fio de espada, incluindo mulheres, crianças e velhos, e saquearam-na completamente.
E em Constantinopla, na Primeira Cruzada, foi ainda pior.
Eles não eram cavalheiros coisa nenhuma, eram basicamente bandidos, ávidos de sangue e dinheiro.

zazie disse...

Por acaso é verdade que os moçárabes foram mortos e outros prisioneiros


Mas quem repreendeu Afonso Henriques foi o arcebispo de Santa Cruz de Coimbra e libertou-os.

Luís Lavoura disse...

lusitânea, José Lopes da Silva

Geraldo Sem Pavor não conquistou nada para ninguém. O que ele fazia era saquear. Conquistava a cidade, saqueava-a, e depois abandonava-a (fugia).

E tanto fez isso para cristãos (na primeira parte da sua carreira saqueava cidades muçulmanas) como para muçulmanos (na parte final da sua carreira trabalhava para os muçulmanos saqueando cidades cristãs, com tanto sucesso aliás que como reforma lhe ofereceram uma grande propriedade em Marrocos).

CN disse...

Luís Lavoura

Está a descrever a resistência á expansão islâmica.

Acho que toda a gente percebe que o período que se fala e que é descrito genericamente em obras, etc, é o mundo medieval europeu cristão (católico na verdade).

Não vá exagerar a própria narrativa para comprovar que não existe narrativa. O alto sendo da moral e honra que as personagens assumiam transborda em qualquer evento histórico.

Não venha agora com cinismos. Se na altura a perfeição estava longe o que dizer do séc. 20...

Anónimo disse...

Mas não foi o mises que disse que a história não servia para tirar nenhuma conclusão?!

BLUESMILE disse...

"Os soldados já não faziam jogo limpo e não respeitavam os seus inimigos. Eles queriam vê-los cortados em pedaços. Já não eram nobres feudais ou aristocratas formados em boas maneiras, mas de milícias recrutados em aldeias."

Que romantismo ! Que pungente!Que secante, como diria o Eça!

Este post revela um pensamento tipicamente romântico do século XIX, com uma visão delicodoce da idade média..
As boas maneiras dos senhores feudais fariam corar de asco qualquer atabalhoado campónio oitocentista..
E se havia alguém que gostava de sangue e evisceramentos eram os "aristocratas" feudais... eram basicamente uns bandidos da pior espécie ( de acordo com os elevados padrões de moralidade do estado moderno)....

CN disse...

Olha, um cínico. Aposto qued o Chuchill tem a melhor das impressões.

zazie disse...

Daqui a nada aparece a Palmira com o bode esperança pela trela

":O)))