Ao
fim de muitos e muito anos a defender o liberalismo americano, numa perspectiva
quase anarco-capitalista, muito mais do que o liberal-clássica austríaca (ainda
me lembro da embirração por Popper e o distanciamento em relação a Hayek…), o
Pedro Arroja descobriu que o mundo não se transforma a golpes de vontade, menos
ainda por simples enunciados ideológicos ou afirmações de imaculada
racionalidade. Sobre tudo isso existem pessoas, tradições e instituições,
normas e regras de vida em comum e comunitárias. E, acima de tudo, uma ideia de
transcendência que verdadeiramente nos sustenta a todos (mesmo e sobretudo, àqueles
que a renegam), e nos dá ânimo e força para continuar a existir racionalmente
sem ensandecer. O Pedro, que era um liberal americanizado (anarco-capitalista,
se quiserem), foi-se transformando com os anos, e é hoje um conservador
português (logo, necessariamente, católico), que deixou a racionalidade
económica americana para se encontrar no pensamento tradicional de Herculano ou
de Acton. Continua a acreditar, naturalmente, na liberdade económica, mas
interpreta-a, agora, numa perspectiva culturalmente determinada pela sua
geografia peninsular. De caminho, o Pedro, que, como eu, é conservador e
liberal, embora eu mantenha ainda, como prioridade, a inversão dos dois termos, ficou com uma
dificuldade, que tacticamente tem conseguido evitar pelo prudente silêncio:
onde encaixar o liberalismo ordinalista, conservador e profundamente tradicionalista
de Hayek? Eu sei, mas ele ainda não sabe. Ou, se calhar, teimoso como é, até
sabe, mas não quer (por enquanto…) dar «parte fraca». Aposto que, por um destes
dias, vai pegar no tema…
3 comentários:
é duvidoso que haja católicos em portugal, conservadores isso sim somos um povo de coleccionadores de velharias que gostam de tudo bem catalogado e no seu sítio
mudar é morrer
se arroja é signal que é das élites hibridizadas com surnames und surinames
a piolheira nunca arroja ter taes apelidações ou diz-se apelimações?
resumindo en ressumancias e trans for mações en transumâncias
gostei muito parece um filme daqueles da branca de neve e os sete anões tudo a preto
deve haver uma mensagem nisso
mas está tão anarquicamente estruturada que percebi niente
é pra guardar da curiosidade dos profanos ou é linguajar do fanum?
in hoc fanum vinces
já lá dizia Petrus o lince...
ou en mação diz-se Lynx?
« onde encaixar o liberalismo ordinalista, conservador e profundamente tradicionalista de Hayek? »
Pois não parece difícil, caro Rui A., se é possível existir genuíno liberalismo fora do cristianismo. Mas, se não é possível, é Hayek que fica em apuros...
Esperemos a resposta do Pedro e a sua.
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