"O estado, a fim de impor a sua reivindicação como juiz final, tem de eliminar todas as jurisdições independentes e juízes, e isso requer a erosão ou mesmo destruição da autoridade dos chefes de domicílios, famílias, comunidades e igrejas.
Por um lado, isso significa desarmar os cidadãos. Mas isso também significa desgastar e, finalmente, destruir todas as instituições intermédias tais como a família, clã, tribo, Comunidade, associação e igrejas com as suas camadas internas e hierarquias de autoridade. Mesmo que apenas actuem numa área limitada de jurisdição, estas instituições e autoridades rivalizam com o estado como monopólio territorial de decisão final.
Este é o motivo subjacente na maioria das políticas de estado. O estado-social e a educação pública servem este propósito destrutivo fazendo a promoção do feminismo, discriminação-positiva, relativismo e multiculturalismo.
Todos eles minam a família, a Comunidade e a Igreja.
Eles "libertam" o indivíduo da disciplina destas instituições, a fim de o tornar "igual", isolado, desprotegido e fraco perante o estado.
Em particular, a extensão da agenda multicultural para a área de imigração... Após a erosão de afiliações familiares, comunais, regionais e religiosas, uma dose forte de imigrantes é calculada pelas elites sociais-democráticas...dominantes para destruir tudo o que resta das identidades nacionais (...)."
Hans Hermann Hoppe
Conclusão: a ideia de individualismo extremo é propagada pelo estado moderno que com o tempo se substitui a toda e qualquer relação social tradicional, onde a pessoa progredia numa rede de forte interdependência e deveres com a comunidade e as suas diversas hierarquias naturais.
No estado moderno, o indivíduo tudo deve e tudo recebe da ordem política, que liberta assim o indivíduo das amarras da sua natureza. A seu tempo, é a distopia de Huxley não a de Orwell.
Quando começou? Quando o direito natural deixou de ter defensores.
19 comentários:
Não. Começou quando o Direito Natural clássico e Medieval passou a ser pretexto de mudança moral e foi convertido em Direito Jacobino.
Os humanistas centraram-no na razão humana, o Hobbes centrou-o como Lei do Monarca absoluto para evitar a guerra de todos contra todos.
E depois os enciclopedistas fizeram dele Contrato Social, apagando a tradição.
E os neontos fizeram o mesmo- Quiseram fazer do Direito Natural uma ética ateia e uma moral sem passado.
Aliás, os neotontos continuaram o Maquiavel.
O catolicismo era demasiado frouxo para justificara Razão de Estado- venha a lei de Moisés; ou a Lei do proprietário arrendatário.
Não há teórico neotonto que não tenha deitado para o caixote de lixo a tradição medieval e clássica.
Porque deitaram fora uma visão da sociedade que era determinista e eles nascem da crença numa única Verdade- a Ciência.
E o que kant teorizou é uma versão da ordem do Newton; tal como a dos liberais que se seguem e do marxismo que vai atrás.
O problema não é a ciência natural determinista, é aolicar o empirismo ao estudo social.
Mas tanto ligam o empirismo- Locke e todos os empiristas utilitaristas da escola inglesa, como ao racionalismo, vindo de Descartes e seguindo com Kant e com os neocantianos.
O erro é que tazão e factos estão ligados.
Eles separaram. Foi o Descartes que dividiu o homem em 2- metade racional- com verdades absolutas- todas evidentes; metade sensorial, só com enganos.
O Kant continua isto e pretende resolver a questão com a crítica da razão pura onde as categorias sem a experiência também eram vazias, mas retirou depois a experiência, o real, o sentimentos, de tudo- a começar e a acabar na Moral/Razão prática.
E os eus austríacos fazem o mesmo mas depois afastam-se polticamente da social-democracia que ele teorizou. porque lhes interessa um jacobinismo às avessas para quem está de fora.
Aliás, o que eles retiram é a ligação à realidade concreta e inventam teoria moral onde nem havia nada disso.
O Tomás de Aquino é delicioso de ler porque é absolutamente aristotélcio e nem com a tradição dualista da moral católica, popularizada, se relaciona.
Não é tudo questão de Bem e Mal, mas de meio-termo. De justa medida.
Veja os frescos das alegorias do Giotto e pegue nos frescos do Palácio de Siena, do Lorenzzetti.
Está lá tudo pintado, a acompanhar a teoria e até a antecipá-la., segundo se crê, no caso do Giotto.
Há um excelente estudo de um brasileiro, online, e eu tenho artigos, se estiver interessado.
Olhe, vou-lhe dizer: já tratei disto em cruzamentos entre filosofia e arte e cheguei a dizer que era preciso retomar-se a Ética a Nicómaco e a Suma Teológica, para se resolver questões completamente actuais, para as quais só existem disparates de pseudo-teóricos.
E até houve quem pedisse para eu fazer um curso acerca disso mas eu tive a noção que me tramava porque não se está preparado para voltar a ouvir estas coisas.
Há um estigma jacobino que ainda pesa mais cá em Portugal.
E desculpe se parece que o escolhi para chatear mas nem é nada disso.
O CN sempre foi o único liberal com quem consigo debater ou ter uma conversa.
E estranho como é que entre v.s nada disto seja discutido.
Ou não estranho e lamento. Porque é um gigantesco défice teórico que reflecte e v.s é que são os teóricos do liberalismo- que se saiba, aqui na blogo.
Fora dela também nunca li um único debate liberal com pés e cabeça. Com base teórica.
E depois a escardalhada até tem mais. É tiram partido disso.
Aliás, os seus textos acerca da guerra e dos mitos de certas personagens históricas que são ídolos para os neotontos, também são bruta iconoclastia.
Nisso v. é perfeito.
E nunca ninguém o conseguiu arrumar em nada. V. tem um grande cuidado na informação.
Devia tentar aprofundar as bases nestas coisas- olhar para a Filosofia porque assim não dá.
Quer-se dizer, pode dar para propaganda que até os hooligans do glorioso gostam, mas isso não interessa a ninguém.
Quando digo o único liberal, estou a tirar do molho os que nem sei se são, ou se apenas são simpatizantes
ahahaha
Tipo o Ccz, com sempre tive excelentes conversas.
Parabéns ao Portugal Contemporâneo que se está a tornar no blog mais interessante de se ler!
"a ideia de individualismo extremo é propagada pelo estado moderno "
Por acaso eu penso que o individualismo começou na idade média e nas raízes mais fundas da doutrina católica - a pessoa humana como sujeito de salvação, cada ser humano de per si alvo da redenção divina, e portanto, absolutamente única e precioso!
A individualidade, o valor da pessoa versus a diluição comunitária anónima e alienante, é a matriz da civilização ocidental..
E não é por mero acaso que o estado moderno com essa matriz central no valor da pessoa surge na Europa. È o cristianismo.
Bluesmile
Sim, claro, esse é o bom sentido da individualidade.
O mau sentido é o que eu refiro.
Pois eu considero que apesar de tudo preferível o valor do individualismo radical , mesmo com os seus riscos predatórios e narcisistas ( de que o capitalismo selvagem e o actual isitema financeiro é um bom espelho) do que uma visão comunitária alienante sem ser centrada na pessoa...
De resto, acho que hoje a realidade social é demasiado fluida e complexa para e encaixar em modelos teórico estereotipados, alguns do século XIX... Não se adaptam.
O que vivemos hoje está para lá da linguagem económica strictu sensum.
bolas carrada de jazzz
há um estigma jacobino inda vivo?
e já nem falam francês mas o estigma ainda estigmatiza
estigma baril esse...
O dito liberalismo (porque na realidade não o é) acaba sempre por ser conservador, de facto.
Está nos genes da direita essa lógica de querer submeter pessoas a outras.
PS - Cuidado quando se mete a falar de direito natural que isso tem muito que se lhe diga, aliás desde logo o realismo clássico e o jusnaturalismo são coisas MUITO diferentes.
bump
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