29 dezembro 2012

sustentabilidade

Se a sustentabilidade do SNS depende da prevenção das doenças, como afirma o Secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, então podemos já passar-lhe a respectiva certidão de óbito, porque a prevenção não diminui a despesa. Pelo contrário, a prevenção aumenta a despesa com a saúde porque consome recursos e porque, prolongando a vida, aumenta o consumo de serviços de saúde durante o período de vida de cada um. O caso dos fumadores, que destaquei neste post, é paradigmático desta situação.
Isto não significa que não nos devamos esforçar por prevenir as doenças e promover um estilo de vida mais saudável, apenas que não devemos alimentar ilusões de que daí resultarão poupanças para o sistema de saúde que o vai salvar do colapso.
O fundamentalismo relativamente ao tabaco, por exemplo, não pode ser defendido com base neste tipo de argumentos e afirmar que se poupariam 500 milhões de Euros se os portugueses deixassem de fumar é leviano.
Os jornalistas da Lusa e do Público podiam ter esclarecido esta problemática em 15 minutos de pesquisa na internet, mas preferiram transcrever as declarações do Dr. Leal da Costa ipsis verbis. Como ele é Secretário de Estado deve saber do que fala.

11 comentários:

Anónimo disse...

Oh caro Joachim, se pusermos a mira nos custos de cada acção, nunca enxergaremos o fundamental. E o fundamental é coisa simples: live long and happy.
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Ora bem, eu não consigo enxergar que subtraindo medidas preventivas na vida das pessoas possam ocorrer poupanças. Não dou crédito a isso. Como em tudo na vida, uma casa feita em bons alicerces não ruirá com a tempestade.
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Ainda mais, de vale poupar na prevenção por causa do dinheiro se vou morrer mais cedo?
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Portanto, a lógica vai de patas para o ar: o que está a dizer é que, poupando na prevenção, vamos todos morrer mais cedo.
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O que vc diz é que poupando na prevenção vamos todos gastar menos porque morremos mais cedo e não precisamos de tratamentos caros na velhice.
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Ora aí está o supremo designio da vida: morrer mais cedo para gastarmos menos.
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Rb

Anónimo disse...

Caro RB,
Penso que não me expliquei bem. Eu não disse para se poupar na prevenção, o que eu disse foi que a prevenção não permite reduzir a despesa da saúde.
Bom ano

Luis I. disse...

Acho que o Joaquim está demasiado centrado no caso do tabaco. Vejamos o caso da diabetes. Os custos da prevenção não serão bastante menores do que os do tratamento dss complicações tardias? É que os diabéticos não costumam morrer assim que aparecem as complicações, o corpo vai falindo lenta e gradualmente.
Bom ano.

marina disse...

resta explicar pq em frança , depois de todas as proibições ,o cancer de pulmão está a aumentar entre mulheres não fumadoras.. se calhar produtos de limpeza xpto tóxicos e lacas e tintas e tal.

Eduardo Freitas disse...

A pressão do Nanny State e dos seus promotores, na vã tentativa de eliminação do risco, não enxerga um palmo à frente do nariz, pelo que é impermeável ao raciocínio lógico. Leal da Costa é uma espécie de arquétipo da coisa.

muja disse...

O Joaquim há-de perdoar-me mas isto já não é exagero? Não é fazer o papel que fazem os jornais, as tvs e todos os outros artures baptistas que por aí regougam?

O Secretário de Estado pelos vistos não tem nada que fazer e diz banalidades. Não significa que a gente tenha que estar agora a analizar banalidades como se fosse algo de relevante.

O que é que interessa se prevenir custa mais ou custa menos? É evidente que é preferível que as pessoas não adoeçam. É evidente que é preferível que as pessoas estejam informadas sobre os perigos que correm com certos hábitos que pratiquem. Pronto.

Olhe essa do tabaco é muito interessante porque lembro-me aqui há uns dois anos, o manda-chuva da Segurança Social dizer no pasquim do Costa que se os portugueses deixassem de fumar, a S.S. colapsava. E ainda pagam uma batelada de impostos por maço! - quando deveriam era recebê-los!

Anónimo disse...

Os reféns da industria farmacêutica passam a vida a dizer que a prevenção não reduz os custos, antes os aumenta. Basta ver que quem faz prevenção (dentária, cardíaca, anti infecciosa) vive mais, melhor e gasta muito menos. As companhias de seguros sabem isso há décadas. Nos states as estatísticas contaminadas procuram confundir, é só.Neste caso o SE por uma vez tem toda a razão, só não sabe como lá chegar.

Anónimo disse...

vejam para ver se aprendem:
http://www.youtube.com/watch?v=T7GByhsmkXk

s disse...

O azar do Secretário de Estado é ainda não ter descoberto os benefícios do ar condicionado:

http://www.washingtonpost.com/national/health-science/study-home-air-conditioning-cut-premature-deaths-on-hot-days-80-percent-since-1960/2012/12/22/5b57f3ac-4abf-11e2-b709-667035ff9029_story.html?tid=socialss

Assim, o problema das despesas passaria para o Secretário de Estado da Energia...

Unknown disse...

"Cidadãos saudáveis saem mais caros do que obesos e fumadores
Combater a obesidade e o tabagismo pode salvar vidas mas não poupa dinheiro, revelaram hoje investigadores, assinalando que acaba por sair mais caro cuidar de uma cidadão saudável que viva muitos anos.
Ou seja, o estudo holandês - publicado no boletim da Biblioteca Pública da Ciência Médica - mostra que, se uma pessoa viver mais anos, torna-se mais dispendiosa para o Estado.
No âmbito do estudo foram criados modelos para simular a longevidade de três grupos: os saudáveis, os obesos e os fumadores.
Os investigadores concluíram que, entre os 20 e os 56 anos, os obesos são o grupo que mais caro sai ao Estado. Porém, como os obesos e os fumadores morrem geralmente mais cedo, acabam por ser menos «pesados» para os Governos do que os cidadãos saudáveis, que vivem mais anos.
Por exemplo, se um fumador contrair cancro do pulmão, ele morre dentro de pouco tempo, enquanto se viver muitos anos pode vir a sofrer de Alzheimer, doença de «longo prazo» que fica mais cara ao sistema.
As conclusões contrariam o discurso político de que a obesidade iria custar milhões de euros aos Estados nos próximos anos mas, mesmo assim, a Associação Internacional para o Estudo da Obesidade defende que a doença deve continuar a ser combatida pela sua gravidade, ainda que possa não ter o impacto económico que se imaginava.
Diário Digital / Lusa
05-02-2008 0:10:00"

Estou a imaginar as possíveis e terríveis ilações que podem ser retiradas de tais conclusões por parte de algum político "iluminado"...
Podem estar a pensar em campanhas para fumar, engordar, beber, entre outras coisas, mas que afinal são apenas para o bem comum. Ou seja se morrermos mais cedo podemos terminar com múltiplos problemas como o desemprego, a falência da Segurança Social e consequentemente das pensões de reforma.

No fim de contas para quê medicamentos, ser responsável ou ter atitudes de prevenção? Será que a longevidade é afinal o grande problema da nossa Sociedade? Pode estar a avizinhar-se um novo paradigma na Saúde...

http://saudeeportugal.blogspot.pt/2008/02/certas-concluses-podem-levar-aces.html

Que gaita disse...

Prevenir doenças também é ir ao médico e tentar tratar-se para males maiores. Ora aí está a lógica dos raciocínios anteriores: Nada de prevenção.
Fechem-se os hospitais e acabem-se com os médicos.