Ontem, enquanto aguardava pelo elevador do meu consultório, vi aproximar-se uma senhora dos seus sessenta anos, elegantemente vestida, numa pose quase aristocrática.
— Bom dia — disse-lhe, com um leve aceno de cabeça.
— Bom dia não, boa tarde, já é meio-dia e cinco — respondeu-me.
Engraçado, pensei ‹‹a cultura portuguesa tem coisas extraordinárias››.
— A senhora desculpe-me por esta observação, mas já reparou como os portugueses, que nunca cumprem nenhum horário, são tão rigorosos quando se trata de separar o “bom-dia” do “boa-tarde”.
— É verdade, e sabe porquê?
— Não, é uma particularidade que se me escapa completamente.
— É porque o meio-dia é a hora da refeição e os portugueses adoram comer. Por isso estão tão atentos ao meio-dia que separa o "bom-dia" do "boa-tarde".
‹‹Exatamente››, pensei. ‹‹Só pode ser essa a explicação››. E eu sem saber, talvez porque raramente almoço.
— Mas eu não sou portuguesa, sou suíça — comentou a minha interlocutora.
Bom, no caso de uma suíça já se compreende melhor a mania da pontualidade. Mesmo de uma suíça que parece conhecer melhor a cultura portuguesa do que eu.
4 comentários:
mulas no Verão; sexagenárias no Inverno.
":OP
Ahahahah com castanhas e vinho doce.
Pois, pois ... os animais pastam, os homens comem.
Isto parece um texto da mixórdia temática.
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