20 novembro 2012

os gastos com a saúde

Se repararmos nesta tabela, salta-nos imediatamente à vista o elevado nível de gastos com a saúde nos EUA, por comparação com todos os outros Estados membros da OCDE — quase quatro vezes mais do que Portugal. Porquê?
Salvo melhor opinião, eu penso que é porque os norte-americanos exigem serviços de saúde de excelência e de acesso imediato. Ora esta combinação faz disparar os custos da saúde porque obriga a uma sobrecapacidade instalada e a um programa de garantia de qualidade que é extremamente oneroso.
No Canadá, os gastos ficam-se por metade dos norte-americanos, mas há racionamento, com o resultado de que muitos canadianos, com meios económicos, se vão tratar aos EUA.
Por aqui podemos ver que os gastos com a saúde, em Portugal, têm muita margem para crescer. Gastamos, em 2010, cerca de 2.700,00 US$ PPP /capita, mas, sem limitações, poderíamos duplicar este valor. Se o governo português disponibilizasse 20% do PIB para a saúde, garanto-vos que não sobraria um tostão.
Surgiriam novas PPP's, os hospitais expandiriam as suas actividades, os centros de saúde também e nunca faltariam doentes.
Seria útil que reflectíssemos sobre esta realidade, para delinearmos as melhores propostas para este sector.

10 comentários:

Ricciardi disse...

Caro Joachim,
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Eis as conclusões acerca do assunto:

«- Conclusion

The question of why the U.S. spends more than 50% more per person on health care than the next highest countries (Switzerland and Netherlands), and more than double per person what many other countries spend, may never have a simple answer. Still, the main ingredients of an answer are becoming more clear. The U.S. spends vastly more on hospitalization and acute care, with a substantial share of that going to high-tech procedures like surgery and imaging. The U.S. does a poor job of managing chronic conditions, which then lead to episodes of costly hospitalization. The U.S. also seems to spend vastly more on administration and paperwork, with much of that related to credentialing, documenting, and billing--which is again a particular important issue in hospitals. Any honest effort to come to grips with high and rising U.S. health care costs will have to tackle these factors head-on.»
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Pode ler aqui:

http://conversableeconomist.blogspot.pt/2012/05/why-does-us-spend-more-on-health-care.html
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Rb

joserui disse...

Piedosa opinião Joaquim... serviços de saúde de excelência... considerando os gastos até admira como chega a morrer alguém de doença nesse paraíso...
Só me lembro de um 60 minutos há uns anos sobre seguros e cadeiras de rodas, se não me engano... de facto as cadeiras de rodas eram todas de excelência, principalmente no que custavam ao erário... -- JRF

Ricciardi disse...

Sabe, Joachim, eu não tenho dados de como está distribuida a despesa em saúde em Portugal. Mas na semana passada fiquei a perceber que se pode melhorar bastante a poupança sem prejuizo de resultados na saúde das pessoas.
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Fui ao centro de saude e o médico que me atendeu não olhou para mim. Com a mão em cima do rato esperou que eu lhe dissesse que analises queria. Eu dizia e ele clicava no rato as analises a fazer. Eu falava e ele reagia com o rato clicando repetidamente.
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Saí dali com quantas analises quis.
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Ora isto não está certo. Apeteceu-me dar-lhe uma carta com a conta para ele pagar.
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É um desprendimento total nos gastos. Um alheamento do que custam aquelas analises. Um não querer saber o que representam aquelas analises superfulas para o estado. Eu suponho que grande parte dos profissionais que operam nos centros de saude devem ter este espirito.
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Ora, eu não culpa a classe médica. Eles são pessoas como outras quaisqueres. Mas não se admite que a entidade que lhes paga o salario não faça uma fiscalização a este desleixo despesista. Uma qualquer empresa avalia os seus funcionarios; quem gasta mais e menos; o mais eficiente etc. E as grandes empresas até fazem uma coisa que podia ser de grande utilidade nos centros de saude que é o clinte-mistério. No caso da saúde o utente-mistério. Os médicos deviam saber que um qualquer utente pode ser alguém que o avalia. Este médico que me atendeu se pensasse que eu podia ser um utente-mistério de certeza absoluta que tirava a mão de cima do rato e tentava perceber se eu tinha na realidade algum problema que justificasse aqueles tratamentos/analises.
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Há muito a fazer para combater o desperdicio.
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Rb

muja disse...

Há muito a fazer para combater o desperdicio.

Exemplo, Rb.

Se os de cima continuam despesistas, como hão-de os de baixo deixar de o ser?

André disse...

Eis o porquê do encarcimento do sistema americano:

http://discutir-portugal.wikidot.com/forum/t-574930/saude#post-1613569

Anónimo disse...

é, pelo que eu já li os médicos americanos arriscam-se a serem processados pro qualquer coisinha e a terem de pagar indemnizações astronómicas. Para evitar isso abusam dos exames e análises e fazem seguros. Como os seguros têm de cobrir os riscos de um processo, eventualmente milionário, são caros.
Ou seja a saúde é cara porque tem de alimentar o sistema judicial.

xyz

Anónimo disse...

Por aqui podemos ver que os gastos com a saúde, em Portugal, têm muita margem para crescer.
...
Comorrrrrr?
O Joaquim ja mudou o seu discurso?
Porque até agora parecia que o seu modelo a imitar nesta matria havia de ser Spain porque invertía menos per cápita do que Portugal pela continuada privatizaçao e menos inversao em saúde.
Claro que estes gráficos em que o Sr. Joaquim ja nos tem acostumados em qeu tudo, nada e menos que nada parece tudo o mesmo...

Anónimo disse...

Caro anónimo,

O meu discurso continua o mesmo. Nesta fase temos de cortar, mas as nossas necessidades, em termos de saúde, são quase ilimitadas.
Era isso que eu pretendia demonstrar.

BLUESMILE disse...

Salvo melhor opinião, eu penso que é porque os norte-americanos exigem serviços de saúde de excelência e de acesso imediato.


Pare-me que a causa é outra -
o financiamento dos serviços de saúde é privado e a cargo da especulação das seguradoras.

BLUESMILE disse...

Salvo melhor opinião, eu penso que é porque os norte-americanos exigem serviços de saúde de excelência e de acesso imediato.


Pare-me que a causa é outra -
o financiamento dos serviços de saúde é privado e a cargo da especulação das seguradoras.