19 novembro 2012

Conversa com comentários




Como é natural alguns comentários são desajustados, revelam posições preconcebidas de ignorantes pretensiosos, julgam e condenam com a arrogância bacoca que é moda nos medíocres. Alguns são conversas e opiniões trocadas entre comentadores que nada têm a ver com os post em causa e apenas são aproveitamento da ocasião para conversas entre eles.

Vários demonstram um estado depressivo dos autores, uma facilidade desesperançada em acusar, apontar pecados e comportamentos “criminosos” a pessoas, profissões e políticos.

Confesso que apesar de saber bem o estado da nossa terra, a qualidade de alguns comentários, do desleixo da escrita à pobreza do texto ou da frase, me surpreendem.

Valem naturalmente os muitos outros, de boa conversa e boas ideias ou boa contestação.
A esses, e tantos são, vão algumas precisões sobre assuntos mal explicados.

Assim, sobre o financiamento:

Com o método de orçamentação actualmente seguido não é possível detalhar com precisão o custo de cada ato.

Os hospitais são financiados por um orçamento base decidido a nível central e pelos GDH ( grupos de diagnóstico  homogéneo) que produzem.

Estes DGH são os custos calculados pelo histórico e observação constante das patologias que  “gastam” aproximadamente o mesmo e que, por isso, podem ser agrupadas no mesmo valor segundo o tipo de hospital

Mas todos os salários dos profissionais de saúde são conhecidos, sujeitos a progressão através de concursos públicos e com provas, porque o SNS é constituído por carreiras de Estado devida e publicamente conhecidas e anunciadas.

A salários correspondem  graus de carreira que podem acrescer, apenas, o que o funcionário possa ganhar de forma variável, de acordo com o número de horas extraordinárias que, e se,  lho exigirem.

Os salários dos profissionais de saúde são, por isso, conhecidos, discutidos e controlados.
Não é aqui que há secretismo, desperdício ou despesismo.

A imprecisão e irracionalidade está na forma de orçamenta ção global da Saúde através do orçamento geral do Estado e não, como é feito para a Segurança Social, por orçamento próprio, previsível, constituído por imposto a isso consignado, como defendo e que nada tem a ver com um seguro de Saúde do mercado, nem com o funcionamento por reembolso da ADSE.  

De qualquer modo é bom termos a consciência de que Portugal gasta,”per capita” com ponderação do poder de compra, como despesa total com a Saúde: 1584 €, (9,8% PIB), enquanto Espanha gasta 2122€ (9,3%), a França 3389 € (11,6), a Alemanha 3280 € (11,3 ), segundo as estatística da OCDE (20011), o que nos põe no fundo da tabela dos gastadores.

Com índices sanitários melhores que a média europeia, é difícil encontrar áreas de desperdício ou gorduras substanciais, que possam ser cortadas sem ferir e sem dor!

Coordenação entre ambulatório e  hospitais, SNS e ADSE, bases de dados e direito à privacidade, acção soberana do estado, são também temas que precisam se alguma precisão. A eles tornarei. 

7 comentários:

lusitânea disse...

"Os salários dos profissionais de saúde são, por isso, conhecidos, discutidos e controlados.
Não é aqui que há secretismo, desperdício ou despesismo."

Se fosse pessoal militarizado acreditava, assim se calhar vou encaixar naqueles comentadores horríveis e ainda por cima anónimos...

lusitânea disse...

E se falei em pessoal militarizado dou o exemplo dos pilotos da FAP.Que coitados nunca receberam horas extraordinárias, custam a formar menos do que um cirurgião, mas depois não podem sair durante uma eternidade para ir ganhar mais na TAP ou noutro lugar...

fec disse...

"lguns são conversas e opiniões trocadas entre comentadores que nada têm a ver com os post em causa e apenas são aproveitamento da ocasião para conversas entre eles"

esses são os melhores

são mesmo mehores que a maioria dos posts deste blogue

zazie disse...

Os salários são controlados, pois. O trabalho é que não, ora!

zazie disse...

Nem tinha lido isso dos comentários.

Já vem tarde. O lugar de Moisés da blogo foi ocupado pelo pachôco.

Quanto à qualidade; é como diz o faroleiro.

Isto aqui não é jornal. É um espaço livre, as pessoas não contam; conta o que se diz.

E disparates todos os dizem; seja nas janelinhas seja na primeira página.

Por acaso o Joaquim nunca teve problemas com isso. Adaptou-se às mil maravilhas e também escreve os seus disparates porque isto não é tenda.

zazie disse...

E a racionalidade dos gestores hospitalares, também está sob controle, é isso?

Na volta está tudo sob controle. Uma parcimónia que nem se entende como se pode fazer fortuna com um serviço público de saúde.

E faz-se. É a profissão ideal para se enriquecer rapidamente.

Anónimo disse...

Comparando apenas com 3 outros países não podemos concluir peremptoriamente se estamos abaixo ou acima do que seria desejável. Ainda por cima esses países têm, todos eles, um pib per capita maior que o nosso.
Os índices sanitários podem ser melhores que os doutros países por outras razões que não a bondade do SNS. Em particular devido a hábitos alimentares (a famosa dieta mediterrânica), menor consumo de tabaco... até por uma coisa tão simples como uma maior influência da mulher na vida diária... basta ver que tirando a mortalidade evitável diferença da esperança média de vida entre o homem e a mulher ficam muito reduzidas.
Mas há bastantes coisas que podem ser melhoradas.
Lembro-me do testemunho do dr Eduardo Barroso que dizia que no hospital privado aonde passou a trabalhar uma equipa de metade do tamanho da que tinha no hospital publico fazia mais do dobro das operações que a do hospital publico. Em grande parte, dizia ele, existiam menores espartilhos burocráticos que permitiam aumentar imenso a produtividade, assim como o empenho de todos.
Também me contaram o caso de um hospital público, central, em que os cirurgiões fazem 4/5 operações diárias à semana, ao sábado fazem 7/8 operações, mais complexas, mas estas são pagas como um extra, segundo uma tabela da ordem dos médicos. A ser verdade isto inflaciona bastante a despesa do hospital e anda próximo da vigarice pura e simples.
Também me parece que algumas doenças de origem comportamental deviam ter o seu tratamento mais participado pelo doente. Em particular não vejo razão para os HIV+, que tenham possibilidades económicas, tenham o seu tratamento totalmente gratuito. Nalgumas pessoas responsabilizaria mais o risco económico que o risco da saúde de uma doença que já não é vista como mortal, mas sim como crónica.
O aborto representa uma pequena despesa, mas não nenhuma razão válida para o apoio que tem, gratuito e com direito a um mês salário pago por inteiro.
Por falar em direito à privacidade, não vejo nenhuma especial razão para que seja os médicos a passar os dados para as bases de dados sobre os doentes. Ganham muito mais que outro funcionário que poderia fazer esses serviço, melhor e mais barato.
Outro pormenor que me levanta desconfiança é o nº de médicos por habitante e o nº de enfermeiros. Temos dos maiores índices de nº de médicos por habitante do mundo e um relativamente baixo nº de enfermeiros. Ainda por cima está criado um nº de excessivo de vagas a medicina, o que nos vai criar desemprego entre os médicos. Será que há tarefas que estão a ser desempenhadas por médicos que podiam ser desempenhadas por enfermeiros?

xyz