05 outubro 2012
anomalias culturais
Depois de ver o debate presidencial nos EUA e de ler as respectivas críticas, constatei que a maior parte das análises se concentraram mais nas pessoas dos candidatos do que no conteúdo político das suas mensagens.
Sobre Obama, disseram que ‹‹teve um desempenho sem alma››, que ‹‹pareceu inseguro››, que parecia ‹‹desligado da realidade››, que foi ‹‹tecnocrático›› e por vezes ‹‹arrogante››.
Sobre Romney, que ganhou o debate, disseram que ‹‹pareceu presidenciável››, que demonstrou ‹‹conhecimento aprofundado dos diferentes assuntos››, que foi ‹‹frontal››, ‹‹agressivo›› e ‹‹articulado››.
Estas análises foram mais ou menos unânimes entre os apoiantes dos dois candidatos em disputa.
Ocorreu-me então que estas perspectivas constituem uma anomalia, no sentido definido por Thomas Kuhn. Se as sociedades protestantes se preocupam mais com as ideias do que as católicas, porque é que as análises do debate presidencial recaíram sobretudo sobre as pessoas?
Precisamente o oposto ocorre em Portugal. Quando há um debate político, perdemos mais tempo a dissecar as ideias do que a analisar os comportamentos dos protagonistas das ideias. Na questão da TSU, por exemplo, debateu-se à exaustão a proposta do governo e quase nada as pessoas que participaram no debate.
Em conclusão, parece-me que nas sociedades que mais valorizam as ideias se passa mais tempo a analisar as pessoas e que nas sociedades que mais valorizam as pessoas se passa mais tempo a discutir as ideias.
No próximo post vou tentar dar uma explicação para esta “anomalia”.
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2 comentários:
o sr. joaquim a arrojar-se lol
Parece mesmo!! Até olhei 2 vezes para o autor do post para saber se não havia engano.
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