25 setembro 2012
seremos um apêndice
Portugal não tem um Estado forte, Portugal tem um Estado gordo. Bully com os fracos e cobarde com os fortes.
Quando terminar a cura de emagrecimento a que estamos sujeitos, vamos ficar pele e ossos, sem tecido muscular. Uma carcaça velha e desprezível.
Penso que é isso que a UE pretende. Na lógica de que o Estado-nação e a soberania nacional já não têm lugar na nova realidade europeia.
Depois de nos desfazermos de todas as empresas que o Estado controla, depois de adaptarmos o nosso mercado às exigências europeias, depois de liberalizarmos quantum satis, virá um perdão parcial da dívida — lá para 2014/2015.
Nessa altura, o Estado estará caquético e impotente, exatamente como convém aos nossos queridos parceiros da UE. Seremos um apêndice, de um apêndice (Espanha), de um colosso que, para mal dos nossos pecados, tem pés de barro.
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11 comentários:
Isso e muito mais escurinhos...
A lógica do relacionamento com a Alemanha que este governo priviligia tem a ver também com o propósito de escapar ao destino de ser um apêndice da Espanha. Até porque a banca espanhola é o maior credor de Portugal. Não tem sido sempre essa a actuação de Portugal, embora antes o "aliado" preferencial tenha sido a potência marítima? Só que hoje o Reino Unido não tem a mesma relevância na política europeia, mas tem problemas internos de sobra, desde um governo com uma maioria parlamentar muito grande mas praticamente inoperante, a uma situação económica confusa, no mínimo, não se sabendo se a economia já está a recuperar ou se está parada. O que é certo é que nem a Inglaterra cresce, nem paga a dívida. O que é muito mau porque fatalmente serão feitas comparações com a zona euro, em que, mal ou bem, os indicadores dos países endividados estão a mexer no bom sentido, mesmo que à custa do emprego e do crescimento para já.
Os EUA vão ter de encolher a sua presença no mundo, porque já não têm economia para ser uma hiper-potência. Por isso a Europa será fatalmente "descurada", enquanto a Ásia, a área mais dinâmica e onde se situa o principal rival estratégico da América, vai concentrar as atenções americanas.
Hoje o vice-chanceler alemão já indicou que após a cura de "emagrecimento" vem aí uma recompensa para os países que se portaram "bem". Mas o Estado como o conhecemos em Portugal, acabou. Pelo menos enquanto Portugal não gerar riqueza para isso. Veja qual era a dimensão do Estado antes do 25 de Abril e compreenda que foi apenas e só por causa do apoio europeu, para consolidar a Democracia em Portugal e porque era conveniente às grandes potências europeias criar um sociedade de consumo em Portugal, que o Estado português pode assumir tantas funções redestributivas. Os tempos mudaram e agora temos de nos adaptar, compreendendo que quanto mais dinheiro pedirmos aos outros europeus, mas dependentes deles estaremos.
Joaquim,
Junte-se ao clube de quem já desmontou a farsa.
Mas a maçonaria e a opus day andam por aí todos felizes com este projeto.
O Joaquim Couto apresenta uma visão realista e pode mesmo vir a ser esse o cenário que viveremos.
Mas se eu olhar para as alternativas possíveis - saída do euro, regresso ao escudo e às desvalorisações constantes que taxam a poupança, salários reais baixos, dificuldades políticas que nos poderiam atirar para derivas extremistas (provavelmente de esquerda) restrições ao movimento de capitais, etc. - esse cenário ainda é o menos mau.
Pelo menos assim continuariamos a fazer parte de uma zona económica liberalizada, em que se respeita a propriedade e com uma moeda forte. E, dado que a "potência" europeia é uma potência benigna em que impera o direito, não seria mal de todo.
Além disso, a construção da Europa está a conduzir os Estados para um liberalismo forçado, que certamente não seria a rota normal se tivvessem, cada um, a sua moeda.
Os portugueses que se esforçassem e tivessem mérito teriam melhore soportunidades do que na outra alternativa.
Que pensa disto o Joaquim?
Pois, pronto, vivemos sozinhos 900 anos. Entao agora haveria de ser o fim do mundo sair da zona Euro?
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Claro que nao.
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Como disse alguém, nao me parece que Portugal pudesse ter sido uma potencia colonial se na altura já houvesse uma UE. Tinham proibido a construção de embarcações e o diabo a quatro.
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Eu, gostava mesmo, confesso, era que de um governo e presidente que chegasse ai ao pé da UE e dissesse olhe, conlicença bamos fechar a portinha, está bem? nao fiquem zangados, mas a gente é assim, mais sardinhas e broa.
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Rb
Caro Borges,
Os portugueses que se esforçassem e tivessem mérito teriam melhore soportunidades do que na outra alternativa.
Que pensa disto o Joaquim?
— Tenho dúvidas. Mais dúvidas do que certezas.
O problema do País é só um. Os tugas que por cá ainda andam não querem trabalhar, pronto! Por isso ou foram para funcionários públicos ou morrem a tentar. Repare-se que a maioria dos trabalhadores da área privada têm a mesma "lógica" enfiada na cabeça!... São avessos ao risco, à mudança, ao esforço, às avaliações, à responsabilidade, à competição... Ou seja, foram muito anos de "socialismo", incluindo o estado novo!...
"a construção da Europa está a conduzir os Estados para um liberalismo forçado"
Nada mais longe da verdade. O projecto Europeu é o socialismo ao vivo e a cores. Desde quando o planeamento central é considerado liberalismo?
Quem deve não é soberano nas suas decisões.
Quero lá saber da pobreza ou de ser pobre. Mais vale um dia pobre e a decidir da minha vida do que hipotecado e a fazer o que o credor manda.
Para que queremos a "Federação Europeia"?.
Aqueles que nos meteram nisto sem um referendo assumindo as decisões importantes por NÓS com a "capa da democracia representativa deverima ser banidos da vida pública-política.
Eu não votarei em mais nenhum partido deste regime, ponto.
O pessoal nem sabe distinguir socialismo de liberal.
UESSR (decorem a sigla)
ex:
O bacalhau agora é que é "liberal" com as novas normas da UESSR.
http://expresso.sapo.pt/bacalhau-com-fosfatos-a-partir-de-2013=f752890
André Miguel,
Deixe-me explicar porque digo que a construção da Europa está a conduzir os Estados para um liberalismo forçado.
Com as regras da moeda única os governos são forçados a orçamentos equilibrados (deveriam ter sido, e a partir de agora sê-lo-ão). Não podem recorrer a desvalorizações sistemáticas. Acabam-se (esperemos) as empresas protegidas (national champions), a união bancária europeia vai terminar com o conluio entre governos e banca nacional (que muito contribuiu para o descalabro das finanças públicas).
Concordo que muitas das regras emanadas da “Europa”/CE são um pouco “socializantes”.
Existe de facto o risco de uma Europa socializante; mas não creio que a Europa do Norte o permita, nomeadamente a Alemanha, cuja sociedade está atenta e preocupada com a competitividade internacional da sua economia. O mesmo se passa com a Suécia, caso que conheço directamente como investidor nesse mercado.
Mas, ao impor uma moeda única e (esperemos) um mercado único concorrencial (falta ainda pôr em prátcia o mercado unico de serviços), acredito que, no computo geral, vamos ter uma economia mais liberalizada do que se fossemos deixados à nossa sorte – com a nossa moeda, os nossos orçamentos em roda livre e as nossas empresas de regime (públicas e privadas). Isto, penso, é uma consequência não intencional da moeda e mercado únicos; mas não deixa de ter estes impactos positivos.
Já que não é possível voltar ao padrão ouro, ao menos um BCE forte e independente é o mal menor.
Sou empresário virado para a exportação; já vou na 3º empresa em que investi, com pessoal altamente qualificado, e sempre dependi mais do mercado internacional (paises desenvolvidos da Europa e Américas) do que do mercado interno. Por isso prefiro um mercado com moeda estável, aberto, onde possoa competir em pé de igualdade com empresas de paises desenvolvidos.
A outros Anónimos que defendem a nossa “soberania” a nível monetário:
Como democrata voto de 4 em 4 anos; fui derrotado demasiadas vezes. Infelizmente a mentira parece prevalecer Estou deiludido com a classe política, os media, os eleitores, a justiça. A justiça não funciona. O País parece tomado por grupos de interesse. Só agora, por força da Troika, parece que se está a combater interesses instalados e, mesmo assim, de forma muito débil.
Sinceramente, creio que com o Escudo, Portugal volta ao paradigma anterior –moeda em depreciação constante por uma politica monetária ditada por um Estado irresponsável, desrespeito pelos aforradores e investidores, confisco das poupanças através da inflacção, restrições ao movimento de capitais, empresas protegidas pelo regime – só me resta emigrar e desenvolver as minhas actividades noutro país mais sério. Portugal será bom para fazer férias.
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