29 setembro 2012

racionamento


As necessidades de saúde da população são ilimitadas e os recursos económicos são limitados. Por esta simples razão, em qualquer país onde o acesso à saúde seja “universal, geral e gratuito”, tem de existir racionamento.
Em Portugal existe racionamento implícito, como não poderia deixar de ser. É um racionamento que resulta de taxas moderadoras exorbitantes, por exemplo, ou que está nas listas de espera para consultas e cirurgias.
Quando o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida afirma que não podemos continuar a “dar tudo a todos”, está apenas a verbalizar um conceito absolutamente racional.
É natural que o Ministério da Saúde solicite pareceres a entidades independentes sobre o melhor modo de gerir os recursos limitados de que dispõe e é razoável que se discuta o racionamento de cuidados de saúde. Passar de um modelo de racionamento implícito para um modelo de racionamento explícito é uma sugestão louvável e até mais democrática do que a actual.
Os médicos que dão pareceres ao governo não estão a tratar doentes e portanto não o fazem ao abrigo do estatuto da Ordem do Médicos.
Neste sentido, é lamentável que a Ordem se proponha abrir processos disciplinares aos colegas de quem discorda. É uma actuação censória que extravasa, na minha opinião, o âmbito da Ordem dos Médicos.

8 comentários:

lusitânea disse...

Concordo.E lamento desapontar os defensores do SNS mas tenho por experiência que é muita parra e pouca uva.E muita falta de avaliação de resultados...
Quanto aos medicamentos caros e de ponta certamente que aos amigos nunca faltarão...

Anónimo disse...

"Por esta simples razão, em qualquer país onde o acesso à saúde seja “universal, geral e gratuito”, tem de existir racionamento."

Em qualquer caso isso existe.Não é preciso ser no SNS.
Se não tiver o melhor medicamento, a melhor cama, o melhor médico, os melhores enfermeiros, o melhor etc já está fazer racionamento. Qualquer destas questões afectam em maior ou menor grau a possibilidade de sobrevivência.

Vai-me dizer que não há racionamento nas análises? Faz-se um teste a tudo? Não claro que não. Seria caríssimo.
Ao mais provável. E se houver erro talvez o doente morra.
Não há racionamento quando se manda um doente para paliativos quando transfusões de sangue talvez extenderão a vida para mais 6 meses?
Racionamento está em todo o lado.
A questão é o grau.

A Ordem dos Médicos demonstra um comportamento Orwelliano.
Talvez perguntar à Ordem quantos doentes se salvariam se os Médicos trabalhassem com ordenado mínimo?
É claro que esta pergunta tem outra por trás, quando médicos existiriam...

lucklucky

Anónimo disse...

A Ordem dos Médicos devia começar por se interessar qual a percentagem de princípio activo existe em grande parte dos genéricos.
Ou confiam cegamente no infarmed?
Já se informaram das condições técnicas do infarmed para testar fármacos?
A Ordem dos Médicos devia meter a viola no saco. Mais dia menos dia saberemos a protecção manifestada ou não face aos doentes em geral.

BLUESMILE disse...

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=590482&tm=2&layout=123&visual=61

zazie disse...

Então e o que me diz do Marxista Leninista do Miguel Oliveira a defender o racionamento?

ehehe

Ele até já usa bigodinho à Hitler, o maluco

Pedro Sá disse...

As palavras têm o seu peso. Tivessem falado em RACIONALIZAÇÃO em vez de RACIONAMENTO e não acontecia nada.

zazie disse...

Nesse caso, quem as disse é analfabeto.

E não é.

A ideia é mesmo diminuir custos. Portanto, diminuir gastos em tratamentos.

Coisa que, na prática, há muito que todos fazem.

Anónimo disse...

Suponho que este OP-Ed como já vem num jornal de esquerda e é assinado por um membro da equipa do sensível e humanista de Obama já não haja problema:

"The big money in Medicare is not to be found in Mr. Ryan’s competition or Mr. Obama’s innovation, but in reducing the cost of treating people in the last year of life, which consumes more than a quarter of the program’s budget."

"Many countries whose health care systems are regularly extolled — including Canada, Australia and New Zealand — have systems for rationing care."

"...We may shrink from such stomach-wrenching choices, but they are inescapable."

http://www.nytimes.com/2012/09/17/opinion/health-care-reform-beyond-obamacare.html?_r=2&wpisrc=nl_wonk&

Até talvez seja traduzido por um "jornal de referência" mostrando a adopção pelo nosso regime social-populista com "tendência para a gratuitidade", a que se seguirá um silêncio comprometido...


lucklucky