28 setembro 2012

planeamento central


Eu não sou favorável a que o Ministério da Saúde decida, a nível central, quais os tratamentos que devem estar disponíveis e onde.
Na nossa cultura católica, que aspira à beleza e à verdade, o planeamento central parece uma solução perfeita. Um sábio, em Lisboa, no assento etéreo do Ministério da Saúde, rodeado de anjos bons, decide o que é melhor para todos. E mesmo que a gente não compreenda as suas razões, sabemos que o tal sábio “escreve direito por linhas tortas”.
Ora este paradigma não serve a realidade complexa e diversificada em que vivemos. Cada unidade de saúde confronta-se com situações completamente distintas.
Eu optaria por delegar nos hospitais as decisões referentes aos tratamentos que pretendem disponibilizar à população das suas áreas. Dentro de uma estratégia superiormente definida.
O Ministério da Saúde deve afastar-se da micro-gestão e dedicar-se ao chamado “parenting”. Mandatar e controlar a execução.
A polémica em torno do racionamento/ racionalização dos medicamentos (e tratamentos) demonstra o caminho perigoso que o Ministério está a trilhar. Ainda dentro da nossa cultura, rapidamente a populaça vai concluir que, afinal, o trono do Ministério da Saúde foi usurpado por um Demónio, sedento d’almas, que tem de ser expulso para deixar entrar a Luz.

5 comentários:

lusitânea disse...

Quem tudo quer, tudo perde...
E sabemos que isso de administrar o que não nos custa nada mas pode dar umas comissões é do caraças...

Anónimo disse...

Pois, quer dizer, joachim, nem me passa pela cabeca que a decisao sobre a minha vida possa estar nas maos de uma pessoa que nao avaliou a minha situacao clinica especifica, compreende?
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Tem que ser um medico a decidir o tratamento do doente. E cada caso é um caso. Em questoes que tem a ver com a manutencao artificial da vida ou prolongamento miseravel da mesma, devem ser exclusivamente os medicos a tomar a decisao. Mas nao é o medico gestor. É o medico medico, tecnico. Um colegio de medicos medicos.
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Se o colegio de medicos acha que aquele caso especifico do doente de cancro pode eventualmene ter uma hipotese de cura atraves de um tratamento DISPONIVEL qualquer, deve o mesmo ser efectuado. A decisao nao pode caber a tipos da gestao. Porque os tipos da gestao nao veem casos clinicos, veem estatisticas.
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Rb

Fernanda Viegas disse...

E acha que os médicos(na generalidade) sabem Ricciardi? Por acaso pensa que eles são uns anjinhos de bata branca, com espírito de missão e é assim que pagam as contas ao fim do mês?
Neste post dou toda a razão ao dr Joaquim.

Anónimo disse...

Pois, maria, eu confio no medico que me está a tratar. Nao confio em quem nao me está a tratar.
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Mais a mais, isto só vem reforcar o que o Joachim disse qe é basicamente decidir localmente a coisa especfica e nao centralmente.
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Rb

Fernanda Viegas disse...

Eu referia-me ao doente ter mais dois meses de vida.