08 agosto 2012

C.

A C. vende bolos nesta praia há mais de quarenta anos. Ela já vendeu bolos às crianças que são agora avós dos seus clientes mais novos. Nunca houve problemas. Por isso, ela anda indignada. Com a ASAE. Que não lhe deixa vender bolas com creme, pastéis de nata, tartes, até batatas fritas, "porque eles dizem que rançam".
Ontem, a C. parou o carro três minutos no meio do areal para desabafar comigo. Quem faz cumprir a lei é a capitania, e o comandante não lhe dá descanso. Manda a polícia marítima atrás dela. Os polícias até lhe abrem as bolas de berlim para ver se têm creme lá dentro.
Há dias, no centro de saúde, conheceu a senhora que vende bolos na praia da N., uma praia vizinha e rival situada 15 quilómetros mais ao norte. É ela, a filha e duas cunhadas. Que não, disse a senhora, que lá na N. vendiam de tudo na praia, bolas com creme, pastéis de nata, tartes e até batatas fritas.
Ora, sendo o comandante da capitania o mesmo nas duas praias, a C. não podia compreender tal injustiça.
"A senhora até me disse - continuou a C., a voz rasa de indignação -, ele que vá lá para a N. proibir a gente de  vender bolas com creme, e a gente matamose-o".
E, depois de uma breve pausa, como que se dando conta de que tinha cometido algum erro, corrigiu:
"Não, a senhora não disse matamose-o. Disse comemose-o".   

13 comentários:

Vivendi disse...

Welcome back!

José Lopes da Silva disse...

Venham lá os palecos com essas ideias...

zazie disse...

ahahahhaha

Cfe disse...

Até que enfim.

Fernanda Viegas disse...

Viva Prof. chegou de marte!

lusitânea disse...

Só cenas eróticas.Agora com bolas de berlim.A fiscalização não quer cremes.Só "pentelhos"...

Anónimo disse...

É o Portugal europeu. Só donutts e pringles, isso é que é moderno. Há que modernizar a populaça.

Vivendi disse...

Há 40 anos um jovem casal de uma aldeia piscatória da costa algarvia, onde ainda mal começavam a chegar os turistas, fundou um pequeno e inovador negócio de bolas de berlim. Com creme e sem creme, que nessa altura a ASAE não palmilhava ainda os areais.

O negócio foi crescendo, ao mesmo ritmo a que todos os anos iam chegando os banhistas, e as bolas de berlim, que começaram por povoar o sotavento algarvio, estenderam-se ao barlavento e depois ao resto do país e acabaram por se tornar num símbolo dos Verões portugueses.

Quanto ao jovem casal, lá foi fazendo as suas bolas, de Abril a Outubro e, adaptando-se às novas formalidades legais, garantiu a concessão para três extensos areais.Tiveram dois filhos, um rapaz e uma rapariga, e trataram de lhes ensinar a sua arte. Depois vieram os netos, que apesar de ainda jovens, se juntaram também já ao negócio.

A receita é simples. Ovos, farinha, manteiga, açúcar (muito), óleo para fritar. E todos os dias, a partir das duas da manhã, lá está a família a preparar as bolas que, na manhã seguinte, serão distribuídas pelos turistas. Distribuídas, é como quem diz, que este ano cada uma custa 1,20 euros. São mais 20 cêntimos que no ano passado, mas isso não desencoraja os banhistas.

As contas também são simples e têm muitos dígitos: A partir de Julho, que é quando os turistas chegam em força, vendem-se, em média, 4.000 por dia. Em Agosto, o número dispara para as 7.000. Juntando os restantes meses do Verão, são 465.000 bolas por ano, mais coisa menos coisa. O que dará um simpático volume de facturação na ordem dos 550 mil euros. O avô e a avó já não trabalham, mas ainda supervisionam as bolas. Quanto ao resto da família, passa agradáveis e amenos Invernos, que o trabalho de Verão é duro. Duro, mas rentável.

http://comunidade.xl.pt/JNegocios/blogs/massamonetaria/archive/2012/07/19/ora-bolas.aspx

Anónimo disse...

A sô dona C. parece asseadinha e incapaz de vender bolinhas estragadas. O mesmo já não se pode dizer do sô Nashir que vende flores à noite e as bolinhas que a sô dona C. se recusa a vender de dia.
.
Rb

Anónimo disse...

ASAE encerra empreendimento turístico em Alcobaça com 700 hóspedes Publico -08.08.2012


Segundo o administrador, ... “depois da primeira ordem da ASAE foram enviados para o sul de Espanha 600 pessoas, através dos nossos operadores franceses”.

“Tudo temos feito para termos isto legal. Temos todos os projectos de especialidade aprovados, as vistorias da saúde, temos o presidente da região de turismo do Oeste a dizer que este é um projecto de interesse nacional e regional”, declarou. “Estamos a tratar da licença de utilização há dez anos”, destacou.

http://www.landshause.com/
http://www.publico.pt/Local/asae-encerra-empreendimento-turistico-em-alcobaca-com-700-hospedes-1558233

marina disse...

muito masculinas , as nazarenas , pena que o resto do país não seja assim , pronto pró matemoslos a essas pides da ditadura económica -:)

e isso que conta o anónimo é de completos idiotas. um país na bancarrota a exigir que , por falta de maneirismos burocráticos , quem cá anda a gastar dinheiro seja recambiado para casa a meio das férias. surreal.

boas férias .

muja disse...

Tem razão a marina.

Quanto se não podia resolver neste país se a receita do matamose-os (ou comemose-os) fosse mais frequentemente aplicada...

Anónimo disse...

Et voilá:

«O FMI e a União Europeia exigem que a Grécia privatize as suas empresas públicas, designadamente as duas companhias petrolíferas controladas pelo Estado. Mau grado a hesitação dos governantes gregos, parecem não faltar interessados nessas empresas e no potencial energético do país. Especialmente depois de a empresa americana Noble Energy ter anunciado uma descoberta de gás de "classe mundial" no "offshore" de Chipre. A descoberta na Zona Económica Exclusiva de Chipre segue-se aliás a outras feitas nos últimos três anos ao largo da costa israelita. Embora pouco divulgados, os campos israelitas de "Leviatã" e "Tamar", situados junto à disputada fronteira marítima com o Líbano, constituíram as duas maiores descobertas de gás natural feitas na primeira década deste século.

Perante isto, não é de estranhar o interesse recentemente revelado pela Administração norte-americana no potencial petrolífero da Grécia. Em Julho de 2011, a Secretária de Estado Hillary Clinton esteve em Atenas acompanhada do seu "czar" para a energia na região Euro-asiática, Richard Morningstar. O teor das discussões não foi publicamente divulgado. Mas apenas 3 dias depois de a Senhora Clinton ter deixado o país, o governo grego anunciou a criação de um novo departamento com a missão de negociar e adjudicar contratos para a pesquisa e exploração de petróleo e gás natural no país.» Negocios
.
.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=566869

.
.
.

A salvação está ali mesmo debaixo dos olhos...
.
Rb