09 julho 2012

the problem

Tenho grande admiração pelo Michael Porter, um verdadeiro génio, penso. Quando Michael Porter afirma que "temos de mudar a maneira de pensar", eu concordo. Contudo, pergunto-me: como?
Como é que um povo muda a maneira de pensar, a cultura?
Só quando batermos no fundo. Até lá é pregar aos peixes.

15 comentários:

Bmonteiro disse...

«Como é que um povo muda»
Permita Joaquim.
Não exactamente il Poppolo.
As elites.
Nada interessadas nisso.
Estão todos acima, muito acima.
Da plebe pôvo.
Ontem na SIC, não aguentei ver as rendas, as justificações, para os salários pornográficos dos ex ministros.
Saí da sala para não ver mais.
Um dia, irão ficar surpreendidos, se virem a Bastilha a arder.

Anónimo disse...

Caro Bmonteiro,

A populaça vai tolerando as tais elites, até quando?

Anónimo disse...

Até quando a necessidade obrigar a mudar! Nem pode ser de outra maneira, ou pode?...

CCz disse...

as elites são as mais interessadas na manutenção do sistema, vivem dele, não sabem viver sem ele.
.
o que seria do Smaug Salgado do BES, a sério, se não fossem as connections ao Estado...

Fernanda Viegas disse...

O pessoal tem razão Dr Joaquim. Quem tem que mudar são as elites, porque o povo vai atrás.Se já está de tanga, que lhe importa ficar nu? "Ninguém vai aos bolsos a um homem nu"! As guerras ficaram todas nos livros de história e as crises são como as dores de dentes, passageiras.
Monte-se o circo e o povo aplaude. Hoje deita-se republicano e amanhã acorda monárquico, com a benção de Deus.

José** disse...

Lembrem-se que o o povo português protesta, emigrando.

André Miguel disse...

José,
Tem toda a razão.
Temos uma forma muito elegante de mandar à m"#$a quem nos (des)governa.

José** disse...

Emigrar (economicamente) é um acto muito violento para si, para sua família e sua comunidade.

Todas as proporções mantidas, eu sinto que há uma proximidade entre o acto de suicídio e de emigração. Eu digo isto sem apologiar mas emigrar, é injusto.

muja disse...

O povo vai tolerar as elites enquanto os comunas deixarem.

Os comunas são os únicos que sabem e querem mobilizar o povo. As elites ditas "democráticas" apenas lhes fazem a cama conscientemente ou não.

E a prova disso é que o primeiro sintoma já se faz sentir: as pessoas pensam que os partidos são todos iguais. Mas não são.

E os únicos que se sabem distinguir, são os comunas. É por isso que quanto pior fica mais as pessoas ignoram os palradores democratas e vão atrás da comunagem que lhes grita palavras de ordem dia após dia, em casa, no carro, no metro, no trabalho, em todo o lado. E isto por enquanto.

É deixar piorar mais um bocado e verão que em vez de as pessoas irem atrás deles, irão à frente, tocadas a pau.

A fineza intelectual e a pachorra para ouvir intelectualóides de curso tirado ao fim de semana é inversamente proporcional à miséria. Quanto mais miséria mais as pessoas querem ouvir quem lhes diz pouco mas duro.

Os comunas são mestres dessa arte.

As elites não têm que mudar. Têm que ser dominadas. O povo sabe-o e seguirá quem a isso se propuser com determinação. E os únicos determinados a fazê-lo, são os comunas. Claro que o objectivo é substituirem-se às elites, mas quando o fizerem será tarde de mais.

Mas quem poderá criticar um povo na miséria por seguir os únicos que lhes dizem o que ele quer ouvir?
E nem todos podem emigrar e os que emigram correm o risco de ficarem sem país para voltar.

André Miguel disse...

José,
Depende de como e porque se emigra.
Eu fi-lo há 5 anos, por opção e motivado pela minha mulher, ainda não se vislumbrava o caos absoluto do nosso país, dava para pressentir alguma coisa, mas nada faria imaginar o que vivemos. E digo que em boa opção o fiz, não me arrependo.
Não direi que é um acto violento, mas não também não é fácil.

André Miguel disse...

Mujahedin,
"os que emigram correm o risco de ficarem sem país para voltar"

Por acaso os emigrantes que eu conheço da minha geração comentam à boca cheia que passarão muitos e bons anos até regressarem a casa, se é que regressarão algum dia...

muja disse...

Certo, André.

Mas isso não impede que deva haver país para os que querem voltar...

De qualquer forma, não era uma crítica a quem emigra que eu pretendia fazer. Apenas que a ideia de que os portugueses protestam emigrando não tem grande lógica.

José** disse...

A questão colocada aqui por Joaquim Couto é essencialmente "como mudar? ". Ele então refere um pouco ironicamente " Só quando batermos no fundo."
Mas para uma comunidade, haveria um fundo ainda mais baixo do que ver emigrar, em massa, seus irmãos, tios, amigos, vizinhos? Existe um símbolo ainda mais forte do fracasso total da sociedade ?

Anónimo disse...

Caro José,
Concordo consigo que a emigração é um problema grave, contudo o espírito dos portugueses minimiza essa realidade:
"Tão pouca terra para nascer, tanta terra para morrer".

Anónimo disse...

Caro José,
Se me permite a citação correcta:

"Nascer pequeno e morrer grande, é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas para a sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer toda a terra: para nascer, Portugal: para morrer o mundo."