Para Obama, o mérito do sucesso individual deve-se também ao colectivo.
Não é tenha alguma importância. Isto é dito hoje e amanhã o contrário, se for preciso.
Pessoalmente, nunca entendi muito bem o partisanismo à volta das eleições amarquianas... Como se houvesse alguma diferença de fundo entre toda aquela gente. O Paul ainda vá, é o único que tem tomates de se chegar à frente. Mas é imediatamente eclipsado.
No fim de contas, todos vão enviar drones ou bombardeiros stealth para rebentar com algum shithole no meio de nenhures, cujo o nome impronunciável está num file qualquer do acessor, tudo em nome da democracia e da liberdade. Pelo caminho matam dois "terroristas" de 16 e 17 anos, a irmã de 10, e os dois irmãos de 8 e 5 respectivamente. Ah e o jumento que tinham na garagem, perdão, cabana.
Obama não entende muitas coisas. Mas nós, nós persistimos em não entender que aquela gente é uma espécie de Midas invertido: tudo o que toca desfaz em merda. Ou bocados.
Os donos dos E.U.A. estão-se borrifando no que os "locals" (cafres) pensem do caso.
E sim, é preciso uma sociedade funcional para suportar as "estrelas" que recebem milhões. Quem é a "estrela" é algo aleatório, e as diferenças entre uma estrela e o prémio de consolação são marginais.
De onde o legítimo raciocínio de que o "posto" é uma criação social, e o ocupante dele um incidente menor.
Ele não disse nada disso. O que ele está a dizer é que o mérito do sucesso de uma empresa não é do respectivo proprietário mas basicamente dos trabalhadores. E aí meu caro Joaquim concordo mais consigo do que com ele - porque é o empresário que lhes dá emprego, e porque, afinal, o valor efectivo do trabalho não empreendedor e não qualificado é basicamente próximo do zero.
Este paleio é o mesmo que levava Bertold Brecht a defender que os cozinheiros das legiões de César eram mais importantes que César. Aliás, foi esse racional que pôs tantos funcionários (mentalidade de funcionário, de gestor) à frente dos governos a seguir ao 25 de Abril
Eh pá! Tenham calma. Fazemos assim: o mérito é em regra de uns e de outros - patrões e empregados. Às vezes é mais dos patrões; outras dos empregados. É consoante. OK? Mas a coisa até tende para o meiinho. CCz: isto está pior que no pós-25 de Abril. Acabaram os políticos. É tudo consultor, gestor, empreendedor (esse homem novo da treta).
Uma sociedade capitalista moderna é uma estrutura de tal modo complexa que é impossível prever com algum grau segurança (não escrevi difícil, escrevi impossível) todas as consequências duma dada acção ou duma dada circunstância. Sendo assim, qualquer tentativa de medir o mérito dum indivíduo ou duma organização está condenada ao fracasso. Numa coisa tem Obama razão: se o Bill Gates ou o Steve Jobs tivessem sido exilados para o Sudão aos vinte anos de idade, ou para qualquer outra sociedade sem infra-estruturas, sem lei, sem sistema financeiro e sem governação racional, não haveria mérito individual que lhes valesse. Não sei se o Steve Jobs se deu alguma vez conta disto, mas Bill Gates tem plena consciência do que deve ao colectivo. Curiosamente, os empreendedores a quem o colectivo mais deve costumam ser os que têm mais consciência do que devem ao colectivo; enquanto aqueles que se especializaram em adquirir riqueza que não criaram são os que mais se convencem que não devem nada a ninguém.
César tinha bem consciência do que valiam os seus cozinheiros. É pouco provável que achasse que valiam mais do que ele próprio, mas valiam o suficiente para serem bem remunerados. Uma das grandes preocupações de César, que ele aprendeu com o seu mentor Marius, foi sempre a de remunerar os seus legionários o mais por cima possível.
O que César sabia muito bem, mesmo numa época em que as organizações e as sociedades eram bem mais simples do que são hoje, é que basta uma latrina mal escavada ou mal situada para perder uma batalha, e com ela uma guerra. Nunca lhe passaria pela cabeça que qualquer legionário valesse zero ou perto disso.
8 comentários:
Vá, Joaquim, não seja assim...
Tem de postar o discurso todo do homem.
Para Obama, o mérito do sucesso individual deve-se também ao colectivo.
Não é tenha alguma importância. Isto é dito hoje e amanhã o contrário, se for preciso.
Pessoalmente, nunca entendi muito bem o partisanismo à volta das eleições amarquianas... Como se houvesse alguma diferença de fundo entre toda aquela gente. O Paul ainda vá, é o único que tem tomates de se chegar à frente. Mas é imediatamente eclipsado.
No fim de contas, todos vão enviar drones ou bombardeiros stealth para rebentar com algum shithole no meio de nenhures, cujo o nome impronunciável está num file qualquer do acessor, tudo em nome da democracia e da liberdade. Pelo caminho matam dois "terroristas" de 16 e 17 anos, a irmã de 10, e os dois irmãos de 8 e 5 respectivamente. Ah e o jumento que tinham na garagem, perdão, cabana.
Obama não entende muitas coisas. Mas nós, nós persistimos em não entender que aquela gente é uma espécie de Midas invertido: tudo o que toca desfaz em merda. Ou bocados.
O que o camarada muja disse.
Os donos dos E.U.A. estão-se borrifando no que os "locals" (cafres) pensem do caso.
E sim, é preciso uma sociedade funcional para suportar as "estrelas" que recebem milhões. Quem é a "estrela" é algo aleatório, e as diferenças entre uma estrela e o prémio de consolação são marginais.
De onde o legítimo raciocínio de que o "posto" é uma criação social, e o ocupante dele um incidente menor.
Ele não disse nada disso. O que ele está a dizer é que o mérito do sucesso de uma empresa não é do respectivo proprietário mas basicamente dos trabalhadores. E aí meu caro Joaquim concordo mais consigo do que com ele - porque é o empresário que lhes dá emprego, e porque, afinal, o valor efectivo do trabalho não empreendedor e não qualificado é basicamente próximo do zero.
O que ele está a dizer é que o mérito do sucesso de uma empresa não é do respectivo proprietário mas basicamente dos trabalhadores.
Para Obama, o mérito do sucesso individual deve-se também ao colectivo.
Qual é diferença?
Este paleio é o mesmo que levava Bertold Brecht a defender que os cozinheiros das legiões de César eram mais importantes que César. Aliás, foi esse racional que pôs tantos funcionários (mentalidade de funcionário, de gestor) à frente dos governos a seguir ao 25 de Abril
Eh pá!
Tenham calma.
Fazemos assim: o mérito é em regra de uns e de outros - patrões e empregados. Às vezes é mais dos patrões; outras dos empregados. É consoante. OK?
Mas a coisa até tende para o meiinho.
CCz: isto está pior que no pós-25 de Abril. Acabaram os políticos. É tudo consultor, gestor, empreendedor (esse homem novo da treta).
Uma sociedade capitalista moderna é uma estrutura de tal modo complexa que é impossível prever com algum grau segurança (não escrevi difícil, escrevi impossível) todas as consequências duma dada acção ou duma dada circunstância. Sendo assim, qualquer tentativa de medir o mérito dum indivíduo ou duma organização está condenada ao fracasso. Numa coisa tem Obama razão: se o Bill Gates ou o Steve Jobs tivessem sido exilados para o Sudão aos vinte anos de idade, ou para qualquer outra sociedade sem infra-estruturas, sem lei, sem sistema financeiro e sem governação racional, não haveria mérito individual que lhes valesse. Não sei se o Steve Jobs se deu alguma vez conta disto, mas Bill Gates tem plena consciência do que deve ao colectivo. Curiosamente, os empreendedores a quem o colectivo mais deve costumam ser os que têm mais consciência do que devem ao colectivo; enquanto aqueles que se especializaram em adquirir riqueza que não criaram são os que mais se convencem que não devem nada a ninguém.
César tinha bem consciência do que valiam os seus cozinheiros. É pouco provável que achasse que valiam mais do que ele próprio, mas valiam o suficiente para serem bem remunerados. Uma das grandes preocupações de César, que ele aprendeu com o seu mentor Marius, foi sempre a de remunerar os seus legionários o mais por cima possível.
O que César sabia muito bem, mesmo numa época em que as organizações e as sociedades eram bem mais simples do que são hoje, é que basta uma latrina mal escavada ou mal situada para perder uma batalha, e com ela uma guerra. Nunca lhe passaria pela cabeça que qualquer legionário valesse zero ou perto disso.
Enviar um comentário