20 junho 2012

os impostos e a economia (for dummies)

A inteligência humana, a inteligência que Deus nos deu, não entende o dinheiro, do mesmo modo que não entende a força da gravidade ou a física quântica. A inteligência humana entende, e muito bem, o regime de trocas directas que vigorou durante 99% do tempo que passamos a “pastar” neste belo planeta azul. Para entendermos o dinheiro temos de abstrair e lidar com um conceito cultural que é tudo menos intuitivo.
Vem esta reflexão a propósito da proposta do Dr. Cadilhe e da consequente poeira que se levantou na blogosfera sobre o impacto dos impostos no crescimento económico (ver aqui e aqui). A inteligência humana não está preparada para intuir sobre este assunto, digo eu.
Torna-se necessário eliminar o factor dinheiro, para tornar inteligível o problema.
Imaginemos uma economia em que a única produção é milho. Não existe dinheiro e todas as compensações são pagas em espécie – milho. Os produtores adquirem os meios de produção com milho, retribuem as forças produtivas com milho e pagam os seus impostos com milho. E o milho é o único alimento disponível.
Os produtores necessitam de armazenar (poupar) milho em quantidade suficiente para a sementeira do ano seguinte (investimento). Sem sementes de milho não haveria qualquer produção e a economia entraria em colapso (recessão). Agora imaginem que o Estado vai aumentando os impostos, redistribuindo o milho por consumidores e deixando os produtores sem capacidade de investimento. Torna-se evidente e indiscutível o impacto destrutivo dos impostos elevados.
Nessa economia, os questores teriam dificuldade em extorquir os produtores porque seriam de imediato confrontados com a ira da população. Todos compreenderiam que sem sementes (poupança) viria a fome. Nenhum déspota sobreviveria, nesse cenário, com o esforço fiscal que actualmente se exige aos portugueses.
Voltando à realidade, se o Estado confiscar os lucros e a poupança dos cidadãos não haverá crescimento económico porque não haverá “sementes” para lançar à terra (investir).
Os ricos não comem mais milho do que os pobres, parafraseando o Sr. Bill Gates que um dia disse a um jornalista que não comia mais hambúrgueres do que as outras pessoas. Os ricos investem e criam riqueza, para que “haja milho para todos”.

24 comentários:

Vivendi disse...

Muito bom post Joaquim.

Mas para a próxima invés de milho use a batata, a lógica da batata para conseguir comunicar melhor com alguns cérebros.

Anónimo disse...

Muito bom post!!!

Filipe Silva disse...

Bom post.

O vivendi no seu blog colocou um artigo de Peter Schift em que explica o que é o dinheiro.

Hoje e desde o fim do padrão ouro em 1972 pelo Nixon, que o dinheiro passou a ser algo decretado pelo Estado e não algo que emana da sociedade.

Durante a história mundial existiram várias formas de dinheiro, o sal foi uma delas, como também foram o Ouro e a Prata.

Convém lembrar que Dólar, Libra, Escudo foram em Tempos apenas nomes para denominar uma certa quantidade de ouro.

Em relação ao imposto proposto por Cadilhe, mais do mesmo, estes economistas de pacotilha mas que vá se la saber porque tem um peso enorme na comunicação social, apenas sabem propor impostos e gasto do Estado.
Foi este que pretendia vender o Ouro para despedir pessoas no sector publico, logo percebe se a categoria do caramelo.

A reforma da sociedade não pode ser um governa a fazer la, tem de ser esta a fazer-lo.

Enquanto a demagogia socialista vigorar e as pessoas acreditarem que são dependentes do Estado, iremos continuar neste "pantano".
O socialismo é corrupto e imoral por definição. Retirar com violencia a uns para dar a outros, se for eu a fazê-lo é chamado de roubo.

Ricciardi disse...

Bem, Joachim, eu já nem perco muito tempo a ler estas gentes.
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Nenhum deles acerta no mais básico e que o Joachim refere. Os impostos, numa economia concorrencial, mais do que desmotivar os consumos das pessoas, incapacita o investimento e a poupança interna. Mas se isto não se fica por aqui. Isso é que era bom. Impostos elevados concorrem desfavoravelmente com outros paises na atracção de investimentos provinientes da Aldeia Global.
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Eu gostava de perguntar a esses postadores que se fossem empresários a pensar em investir numa nova unidade de produção, escolheriam um pais com impostos na casa dos 40% ou outro com impostos na casa dos 20% (admitindo mesmo nivel de qualificação de trabalhadores)?
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Rb

mm disse...

nesta coisa do milho ha que tambem ter em conta os pardais

se os nossos pardalorum se contentassem com o primum millium ainda ia; o problema e' que eles se abocanham ao millium quase todo

Fernanda Viegas disse...

Acordou inspirado Dr Joaquim! Mas para mim,o que o Dr Miguel Cadilhe disse de mais espantoso, nem foi o novo imposto dos 4%, mas: "após um ano de intervenção da troika(...)em Portugal, o "desvio" que não estava nos planos é o desemprego". Ou esta gente é mesmo tola, ou goza connosco à fartazana.

Anónimo disse...

"Todos compreenderiam que sem sementes (poupança) viria a fome.
Nenhum déspota sobreviveria, nesse cenário, com o esforço fiscal que actualmente se exige aos portugueses."

Bem, está a esquecer o Lenine e o Estaline - esses déspotas sobreviveram às fomes que induziram na Ucrania - toda a gente esquece isto.

Anónimo disse...

Caro anónimo,
Tem razão, mas de facto só com um grau de violência extraordinário.

cabriolex disse...

Parece-me que a proposta do Cadilhe é sobre as fortunas pessoais! Qual é o impacto negativo na economia se o CR7 desembolsar uns meros 4% da sua riqueza pessoal uma vez na vida?

Ricciardi disse...

Se o novissimo imposto do Cadilhe vier, só temos de criar dividas ficticias junto de familiares ou amigos. Se forem estrangeiros ou residentes no estrageiro, ainda melhor.
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Isto só se aplica a quem não tem dividas e só tem activos. Agora, como a maior parte do pessoal deve mais do que tem em activos, a coisa só vai afectar a Situação Liquida das Empresas e aqueles que tem muito dinheiro nos bancos que derivou de comercios de coisadas ilicitas.
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Mas esses também fazem um papel de confissão de divida a um qualquer ucraniano que baza com para a sua terra com meia duzia de tostoes.
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Resumindo, pagarão o imposto os poupados honestos e as empresas pela sua Situação Liquida.
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Rb

Ricciardi disse...

PS. Convem ter um papel a anular a divida divida ficticia, por causa das coisas. Fazem-se logo dois papeis, uma Confissão de Divida e uma Anulação de Divida.
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Cambada de liricos
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Rb

Ricciardi disse...

E não se sintam mal porcausa disso. Ladrão que rouba ladrão tem 1000 anos de perdão.
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Rb

Anónimo disse...

Ha 40 anos atrás, no sitio onde vivo, pagava-se a jorna em milho, ...

tric disse...

"G20 apoia planos para integração fiscal e bancária na UE"...
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tric disse...

a integração agricola de Portugal na UE, foi a tragédia que foi...a integração económica de Portugal na EU teve como resultado a destruição económica de Portugal..a integração monetária de Portugal na Zona Euro, é actualmente mais que evidente, que tragédia foi...e ainda querem mais integração!!?? lol

Anónimo disse...

Será que o Cadilhe também padece de uma qualquer demencia,como o outro.?
Parece que estas patologias podem ser veiculadas por um priao ,como a doença das vacas loucas ,e eventualmente serem adquiridas por contqgio.

Anónimo disse...

Será que o Cadilhe também padece de uma qualquer demencia,como o outro.?
Parece que estas patologias podem ser veiculadas por um priao ,como a doença das vacas loucas ,e eventualmente serem adquiridas por contqgio.

Fernanda Viegas disse...

Outra anedota da UE é o embargo de luxo ao governo sírio. Coitaditos eles vão passar mesmo mal sem o caviar, trufas, vinho, relógios de valor superior a 500€, entre outros.

tric disse...

O G20 sempre podia dizer ao FMI para devolverem as 300 toneladas de ouro que os Judeus Jorge Sampaio e Vitor Constãncio, com o apoio dos Banqueiros, "roubaram" ao Estado Português

Anónimo disse...

De facto muitissima gente, a começar nos "milhões" de licenciados deste País, não têm nenhuma noção do que é o dinheiro!!! Mas o mais grave de tudo é o sistema instalado. Há tempos uma senhora juiza dum tribunal de instrução, disse-me e mais para quem quis ouvir, com um ar muito "doutoral", que a principal função de uma empresa era pagar impostos!!! Ficou tudo de cara à banda! Esta gentinha nunca perceberá que ao matar a galinha, deixa de haver ovos...

muja disse...

Xôtor,

Sejamos precisos. Não confundamos causas com efeitos!

Os ricos investem e criam riqueza

Não é necessariamente verdade.
Quem investe e cria riqueza é que tem tendência a tornar-se rico.

A diferença é subtil, mas fundamental.

muja disse...

E riqueza não é necessariamente dinheiro. O dinheiro é apenas papel ou zeros num computador qualquer.

A verdadeira riqueza advém daquilo que se possui. Que vem da natureza, ou do fruto do trabalho, ou do fruto da desonestidade.

Mas como quase tudo que vem da natureza requer trabalho para se obter ou manter, pode generalizar-se que a riqueza advém ou do fruto do trabalho, ou do fruto da desonestidade. Se advir da desonestidade, não é verdadeira riqueza porque o acrescento de riqueza de um, advém do decréscimo da riqueza de outro. Logo, a riqueza total mantém-se. Sobra-nos, portanto, o fruto do trabalho.

É por isso que eu acho que, idealmente, o dinheiro deveria estar indexado ao trabalho. O padrão-ouro não passa disso, mas reduzido - ou limitado, a um tipo de trabalho específico: minar ouro.

O que temos hoje é a perfeita antítese. O dinheiro não está indexado a nada. Está, quanto muito, indexado a si mesmo. Para aparecer dinheiro, não é necessário mais trabalho, apenas a necessidade certa (ou a necessidade de alguém certo). É lógico que a riqueza é sempre reclamada de uma forma ou de outra. Mas todas as formas levam a que seja sempre o mesmo a ver a sua riqueza diminuída. Todos sabemos quem...

Ricciardi disse...

Muja, estás lá.
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É interessante esse conceito precepcionado de que um rico gera investimento. Pode ser parcialmente verdade; mas a verdade, verdadinha, é que é o dinheiro do povo reunido em depositos bancários em pequenas contas remuneradas a txas baixas que, todo junto, resulta na base do investimento. Quer dizer, o dinheiro das massas é canalizado para o investimento.
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O que significa que o investimento é gerado por empreendores. Pelas ideias e pela capacidade empresarial. Um rico não é necessáriamente um empreendedor.
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Esta diferença conceptual é demasiado importante para ser esquecida.
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Daí que o espirito subjacente à concessão de crédito em Portugal, ao contrario dos EUA, tem sido errada. Os bancos portugueses 'investem' em ricos e não em empreendedores. Só emprestam um chourico a quem dê um porco de garantia.
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Por isso é que venho defendendo, faz tempo, que as sociedades de Capital de Risco sejam imensamente mais utilizadas do que os Bancos no apoio ao empreendorismo.
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Rb

muja disse...

Pois claro, Rb.

É uma loucura investir num negócio com dinheiro emprestado. Como é que se pode ter à-vontade para correr os riscos necessários e inerentes à actividade empreendedora, sabendo que tudo o que se tem está penhorado àquele risco? Não pode. Apenas um inconsciente o fará.

O capital de risco é a única coisa que faz sentido. O capitalista entra com o dinheiro, e o empreendedor com o tempo e engenho. Se correr bem, ambos ganham imenso. Se correr mal, o empreendedor perde "apenas" tempo, mas mantém a casa e a dispensa. O capitalista perde algum dinheiro, perda essa que, para ele, não causa grande mossa. Para além do mais, o investimento pode ser - como é, aliás - feito gradualmente, por rondas. Começa-se por investir um pouco para validar o conceito, e à medida que este se forma e cresce, cresce também o capital investido a cada ronda sucessiva.

O capital de risco, apesar do nome, é bem menos arriscado para todas as partes. O empreendedor não está sujeito a perder tudo o que tem para um banco, e o investidor sabe que o empreendedor não tem esse problema a estorvá-lo e pode, por isso, tomar os riscos necessários ao sucesso.