05 junho 2012

não é necessário estudo algum

Governo quer estudar impacto da liberdade de escolha no SNS

Não é necessário estudo algum porque o governo já conhece os dados de um sistema público com liberdade de escolha - a ADSE, que tem cerca de 1,5 milhões de beneficiários.
Um utente da ADSE custa 700,00 € /ano ao erário público, enquanto um utente do SNS custa 900,00 €/ ano. Acresce que os beneficiários da ADSE ainda comparticipam com 1,5% do seu vencimento, o que corresponde a uma média de 300,00 /capita /ano.
A minha recomendação é que o Ministério da Saúde crie uma ADSE-like para os não-funcionários públicos. Uma espécie de clone desta instituição, que poderia ser gerida por seguradoras e com inteira liberdade de os utentes optarem por este sistema ou pelo SNS. Há três anos que ando a dizer isto aqui no PC, arre!

25 comentários:

Ricciardi disse...

Joachim,

Em Portugal já temos então liberdade de escolha: a ADSE, o SAMS, o sistema da PSP, o dos militares etc.
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Os privados tem toda a liberdade do mundo. Haja dinheiro. Se tiverem compram um seguro, se não tiverem dinheiro tem o SNS. E que grande chusma de gente que não tem dinheiro... veja bem: 1 milhão de desempregados, 2,5 milhões de estudantes, 3 milhoes de idosos pensionistas. Aonde quer que esta gente arranje massa para a sua saúde? Aonde é que esta gente tem ou pode ter liberdade de escolha?
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O SNS tem os custos por utente mais baixos de todo o mundo desenvolvido e é o grande responsavel por estarmos nos lugares cimeiros mundialmente em termos de macro-indicadores de saúde.
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O único sistema que conheço aonde existe a SUA liberdade de escolha é o Gringo. E é exactamente aonde se gasta o dobro dos outros paises desenvolvidos.
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É caso para dizer, vai lá vai...
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Rb

Peliteiro disse...

«Um utente da ADSE custa 700,00 € /ano ao erário público.»

Parece pouco!; sobretudo sabendo que a ADSE mantém de portas abertas alguns hospitais privados à conta TCs e PETs à fartasana.

zazie disse...

ver se o Joaquim se lembra de falar de toda a chusma de directores hospitalares, intermediários e médicos na sorna a usarem o Estado para terem negócio privado.

zazie disse...

É isso- quem saca em grande são os privados. Muitos deles nem existiam se não fosse a parceria.

E aqueles directores a magote, com ordenados milionários mais os cirurgiões que recebem prémios para estimular a terem vontade de operar, são uma cambada de apparatchciks em que o Birgolino não toca

Anónimo disse...

tenho duvidas desses valores...
ja imaginaram o custo de um internamento num servico de cuidados intensivos polivalente...servico esse que nao existe no privado porque ou é muito caro ou os seguros pagam uns dias e quando acaba a franquia sao enviados para hospitais publicos!! cuidados neonatais por exemplo...ou seja e facil fazer no privado o que da lucro mas como sempre a conta maior fica para o SNS!!! por isso esses numeros nao refletem a realidade...

Ricciardi disse...

Anónimo, isso faz-me lembrar outras coisas mais graves ainda. A recusa de tratamento por parte das clinicas a doentes terminais. Normalmente quando vêm que a coisa pode dar em morte transferem para o SNS. Afecta a estatistica, é bom de ver. A última clinica reputadissima que me fez isso, a um familiar meu, pagou bem caro.
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Nas escolas fazem o mesmo... convidam as crianças com notas menos boas a sair.
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Com estatistica deste calibre se engana a populaçã.
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Rb

Fernanda Viegas disse...

Há números que não se discutem, porque à frente deles estão as pessoas. Tudo se resume ao binómio ter ou não ter cuidados de saúde vitais, porque uma coisa as pessoas que o Ricciardi refere não têm:dinheiro, para comprar a saúde. Os que têm não estão em causa. Dr Joaquim há que cuidar dos vivos e enterrar os mortos (metaforicamente evocando Marquês de Pombal).

Anónimo disse...

Ricciardi,
Anda mal informado:
O mais recente índice europeu do consumidor e dos cuidados de saúde elaborado pelo "Health Consumer Powerhouse", com o apoio da Comissão Europeia, mostra que Portugal não foi além dos 574 pontos em mil possíveis, o que o coloca na 25.ª posição, atrás de países como a Macedónia, a Croácia ou a Espanha. Outubro 2009
O Serviço de Utilização Comum dos hospitais, um serviço privado que fornece serviços ao SNS gastou dezenas de milhares de euros em prémios injustificados, revelou uma auditoria do Tribunal de Contas em Janeiro de 2011
Analisado o modelo de financiamento dos cuidados de saúde prestados pelas unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre 2007 e 2009, os auditores do Tribunal de Contas (TC) concluíram que, "devido a ineficiências nas unidades hospitalares", as perdas para o internamento rondaram os 242 milhões de euros e no caso de ambulatório foram cerca de 503 milhões. Em 2008, os desperdícios totais rondaram os 745 milhões de euros. (D.N. Dezembro 2012).
Quanto aos profissionais pergunte o grau de satisfação deles no público. Tire as conclusões.

LJC disse...

Será caso para dizer que o SNS deve ir para o lixo junto com as laranjas?

marina disse...

gostei do que me contaram do sistema inglês( não sei se é verdade). a malta vai a um médico escolhido por nós com consultório e recepcionista pagos por ele e depois o estado paga-lhe a consulta ; rendimentos do médico dependem logo da sua "produtividade" e bom médico muitos doentes , mau médico tem de mudar de vida , não pode ficar a burocratizar no centro de saúde :)

Ricciardi disse...

Anónimo, se v.exa leu o relatório verificará que Portugal caiu no ranking 6 posições no periodo compreendido entre 2009 e 2012.
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A este ritmo para o ano estaremos nos lugares cimeiros a contar do fim. No podium, portanto.
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E, vejamos, nesse relatório verificamos coisas interessantes; que o acesso à saúde caiu vertiginosamente; que o acesso a medicamentos caiu vertiginosamente; que a prevenção caiu vertiginosamente.
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Quer dizer, se deixarmos de nos preocupar com o bem estar dos doentes a coisa vai continuar a piorar.
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Agora, meu caro, eu pergunto-lhe: se v.exa. colocar a gestão do que quer que seja nas mãos de alguém que pretende destruir a coisa gerida, em pouco tempo arranja argumentos supimpas para demonstrar que tem razão.
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É evidente que este relatório, em nada belisca o que disse em comentario anterior. Portugal tem custos de saude por utente bem abaixo de entre paises melhores classificados do mundo todo.
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E isso quer dizer que não gastamos mais do que os outros. Fazemos a mesma festa com muito menos dinheiro do que eles.
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Não podemos, pois, acusar o sistema de mau e perdulário (embora ajam gorduras a limar) já que com menos dinheiro consegue indices aceitaveis. Podemos, isso sim, queixarmo-nos de produzir pouca riqueza. A iniciativa privada tem gerado pouca riqueza ao país. E é isto que tem de melhorar, se voçê quer melhorar a saúde em portugal. Agora, dentro do genero, dentro dos recursos alocados em valor nomial per capita, somos até muito poupadinhos.
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Rb
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Ricciardi disse...

E, repare, nem sou contra uma eventual privatização do sector. Apenas considero que colocar este sector ( e o da educação) fora do controlo do estado implica que a sociedade esteja num nivel de desenvolvimento social e economico que nós, portugueses, ainda não temos. A sociedade portugueses é esmagadoramente pobre. Pobre mesmo. Sem tusto.
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Rb

Fernanda Viegas disse...

Totalmente de acordo com o Ricciardi.

Cfe disse...

Nem tanto ao mar nem tanto a terra.

Operações e tratamentos complexos obviamente estão dependentes de investimentos avultadíssimos apenas suportados por grandes grupos. Mas consultas e procedimentos simples que não necessitam de muitos investimentos iriam criar uma rede capilar tão grande que haveria concorrência entre os serviços médicos e os custos iriam ser mais baixos. Se fosse ser criado um sistema de senhas, de concorrência no credenciamento ou outro sistema qualquer é uma coisa por decidir.

Se a rede de laboratórios de exames fosse pública iria dar maior ou menor custo e qualidade ao estado e utentes?

Vivendi disse...

No geral só a geração do meio tem condições de suportar um sistema privado. Os velhotes e os jovens estão fora do sistema.

Acho mais importante mexer nos centros de saúde que nos hospitais. Acho que deve haver uma análise de custos de uma consulta no centro de saúde para com uma no privado.

Temos aqui também o papel da santa casa que poderiam fazer a diferença se o estado não enfiasse tanto o nariz em tudo e mais alguma coisa.

Na educação o estado deve suportar até ao secundário. E premiar apenas os melhores no sistema universitário.

Luís Lavoura disse...

Estes números são uma mentira.
Os utentes da ADSE usam o Serviço Nacional de Saúde, como os restantes portugueses. Não usam exclusivamente ADSE.
Quem tem ADSE usa-a para comparticipar uma ida ao dentista, ao oftalmologista ou a outro médico privado. Porém, quando precisa de uma cirurgia, de ser tratado a um cancro, ou de muitas outras coisas, utiliza o Serviço Nacional de Saúde tal como qualquer outro cidadão.
A ADSE é apenas um complemento do SNS, não é uma alternativa a ele.
Portanto, é uma mistificação afirmar que um utente da ADSE custa x enquanto que um utente do SNS custa mais que isso. Porque o utente da ADSE também é utente do SNS.

zazie disse...

marina:

Isso é mentira. O serviço médico em Londres é uma treta e não há nada dessas parcerias público privadas.

Existe privado por balúrdios. E depois há o hipermercado com os farmacêuticos que corrigem as receitas dos médicos do Estado.

Nos hospitais nem existem médicos para atender ninguém. Se telefonar é atendida por um rapazinho ou rapariga call center que maquinalmente lê umas perguntas estandartizadas.

Pode passar uma noite inteira num hospital que não vê nem médico, nem enfermeiro e não é atendida.

zazie disse...

Fora isso, assino por baixo, pro cima e pelso cantos, tudo o que o nosso morgadinho da cubata escreveu.

Vivendi disse...

Quem tem adse compra óculos de sol! Pois existem portugueses de primeira e de segunda.

Bmonteiro disse...

Estudos, estudos, estudos...
Enquanto se vai estudando,
nada se resolve,
nada tem de ser resolvido.
Ninguém entre os dirigentes,
tem de arriscar qq decisão.
De mãos 'limpas',
vão-se governando.
Até.

Anónimo disse...

Quero ver quando os Joaquim ou seus filhos filhos tiverem de fazer quimioterapia, um transplante hepático ou uma cirurgia cardíaca quais os h privados que o vão assegurar e quais as companhias de seguros que o vão financiar.

No resto,totalmete de acordo com o Ricciardi

Anónimo disse...

A Saude tal como a Educação em todo o mundo ocidental é um sistema corrupto
, julga-se parte da nobreza porque "faz o bem".

A única coisa que se sabe do SNS é que não se sabe quase nada:

Não se sabe quem são os melhores médicos, os melhores hospitais, as melhores práticas, nada.
Não se sabe mortes por infecção, por erro.E sequer onde estão as falhas.
Nem se discute para onde deve ir o investimento.
Um completo deserto de informação como sempre acontece em sectores Estatais.


lucklucky

Peliteiro disse...

Entrevista a António Ferreira, presidente do Centro Hospitalar de São João, Porto.

Porque deviam ser extintos, na sua opinião, a ADSE e os outros subsistemas públicos?
Porque não têm razão de ser, quando temos um SNS gratuito para todos os cidadãos suportado por impostos. Não vejo motivo para haver subsistemas para tipos especiais de cidadãos. Nomeadamente para o grupo em que me incluo, o dos funcionários públicos.

Então com o que é que não concorda ?
Quando comparamos os benefícios que a ADSE proporciona, são idênticos a um seguro »topo de gama». Na função pública, só quem ganha mais de €4.500 desconta o equivalente ao prémio que pagaria por um seguro com uma cobertura idêntica. Ninguém imagina que o salário médio da função pública seja de €4.500. Isso apoia logo a ideia de que é impossível com 1,5% de desconto dos funcionários públicos sustentar a ADSE. Quem mais contribui é o Estado com 2,5% da massa salarial da função pública, ou seja, através dos impostos de todos.

E não será possível a coabitação dos dois sistemas?
Se a ADSE fosse financiada apenas pelos descontos dos funcionários públicos e, dessa forma, autosuficiente, não teria nada a opor. Mas não estou a ver bem como é legítimo conviverem estes dois modelos: um, o SNS, destinada a todos, financiado pelos impostos, e outro financiado pelos funcionários, pelos impostos e, em certa medida, também pelo SNS.

Vivendi disse...

hum! estou em sintonia com quem percebe da poda.

Jorge Ramiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.