06 junho 2012

governar e executar

O objectivo do governo é tomar decisões fundamentais e tomá-las de forma eficaz. O objectivo do governo é concentrar as energias políticas da sociedade. É dramatizar questões. É apresentar escolhas fundamentais.
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Esta tarefa, tal como aprendemos com outras instituições, é incompatível com "executar". Qualquer tentativa de combinar governação com execução em larga escala, paralisa a capacidade de tomar decisões. Qualquer tentativa de ter órgãos de tomada de decisão que executem realmente, significa uma execução muito pobre.
Peter Drucker

Recordei-me desta reflexão do Peter Drucker acerca do envolvimento directo do presidente Obama no assassínio de alegados terroristas. Um presidente, um líder, define estratégias e confia a sua execução a generais. Não suja as mãos com sangue porque prejudica a sua "aura" e capacidade de liderança.

9 comentários:

Ricciardi disse...

Não podia partilhar mais da opinião do Peter... excepto quando se trata de assuntos relacionados com politica de defesa nacional. Um general não pode NUNCA ter a ultima palavra nesta matéria. Nunca. A decisão cabe ao chefe supremo na sua solidão e sapiência porque só ele, e mais ninguém, está na posse de TODOS os dados.
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Assim, para ser coerente e não variar concordo com Drucker na mesma inversa proporção que discordo do Joachim.
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Rb

muja disse...

Mas ó Rb,

eu também acho que essa decisão cabe ao chefe supremo. Mas apenas porque é perfeitamente cretina e pérfida e não deve ser imposta a mais ninguém.

Quer dizer, estes tipos assassinam seja quem for, seja onde for? Ah e tal, é terrorista, drone no gajo. E pronto.
Quem me diz que amanhã não sou eu?

E nós preocupados sobre se devia ser a pessoa A ou a pessoa B a assinar a ordem para assassinar um cidadão estrangeiro num país estrangeiro e soberano com um avião telecomandado.

É só a mim que isto parece completamente distópico e surreal? (já sei que a lacaiagem do povo eleito acha bem, mas não me interessa o que eles acham)

E depois vêm Vs. falar dum certo psicopata que em tempos existiu. E esse é que era mau...

Anónimo disse...

Caro Muja,
Eu não discordo que estes ataques sejam utilizados pontualmente. Discordo é que tenham tornado "normais", por assim dizer.

muja disse...

Pois, eu percebi.

Mas eu discordo que sejam usados pontualmente até.

Porque, convenhamos, se se for uma senhora paquistanesa, mãe de família, com x filhos e vem um desses aviões telecomandados e atira com dois mísseis para cima da sua casa ou da do vizinho e com azar mata um dois miúdos, como é que isto pode não ser considerado terrorismo por ela?

E depois a justificação que dão é que é para combater o terrorismo. Combatem terrorismo com terrorismo. E ainda chamam cobardes aos outros. Ao menos esses têm a decência de se fazer estoirar com as bombas que detonam, ou pelo menos arriscam a vida a fazê-lo.

Estes fazem-no a quilómetros de distância a olhar para monitores com uma chávena de café ao lado...

Mas tem o Joaquim muitíssima razão. O facto de serem normais é que é verdadeiramente assustador. E algo me diz que só vai ter tendência a aumentar...

War is peace. Ignorance is strength.

Ricciardi disse...

Muja,

Tudo muito certo. Certinho, aliás. Todos nós achamos que não se deve eliminar pessoas, mesmo quem nos quer matar.
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Mas que quer, o mundo é como é... e para tomar decisões que nenhum de nós as conseguia tomar, do tipo eliminar a quem nos quer matar, tem de haver homens ou mulheres dispostos a isso.
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Depois há a questão da intenção. Não vejo que os gringos tenham intenção de matar os vizinhos de um terrorista. Tentam limitar ao máximo que isso aconteça. Não existe esse intenção, embora do ataque possa advir um acidente. O mesmo não acontece com os terroristas. A ideia é matar a torto e a direito, culpados ou não culpados. Quantos mais, melhor. Portanto, a intenção faz toda a diferença.
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Rb

Anónimo disse...

"Todos nós achamos que não se deve eliminar pessoas, mesmo quem nos quer matar."
Todos não caro RB... há um irredutível no norte que é também um selvagem... a guerra contra o terrorismo é uma guerra justa, mesmo sabendo à partida que todas as guerras acabam por ser injustas para alguém... para as vítimas inocentes.
Não é suportável a hipocrisia... quando o quadrilheiro Bush andou para aí a fazer asneiras, os que agora criticam este, andaram calados como ratos... e é inesquecível a apresentação do Colin Powel na ONU e as armas de destruição em massa ou lá que era... o bando do Bush era um bando de criminosos comuns... -- JRF

muja disse...

Não vejo que os gringos tenham intenção de matar os vizinhos de um terrorista.

Pois não. Mas também não vê - eu não vejo, pelo menos - que se preocupem muito em o evitar. Aliás, se alguma vez se preocupassem, não precisavam de andar lá com estes trabalhos.

O mesmo não acontece com os terroristas. A ideia é matar a torto e a direito, culpados ou não culpados
Diz V., penso que não será assim tão linear. Mas mesmo que assim seja, vá lá V. explicar-lhes que os gringos são é muito trapalhões e ainda não sabem telecomandar bem os aviões e por isso fartam-se de ter "acidentes". Que por azar lhes matam os filhos e enteados. E que isso, não é matar a "torto e a direito" nem terrorismo, e que eles são maus e os gringos é que são bons.
Devo confessar alguma perplexidade perante a sua aparente ingenuidade, meu caro... :)

Caro JRF,
diz V.
o bando do Bush era um bando de criminosos comuns
e bem.
Mas terá havido, alguma vez, algum bando que naquele país mandasse cujos membros o não fossem?

Anónimo disse...

É evidente que o mujahedin apoia os seus amigos. Sempre foi o grande objectivo dos Socialistas, sejam Nazis ou Comunistas impedir que o Ocidente seja proíbido fazer guerra.

"Porque, convenhamos, se se for uma senhora paquistanesa, mãe de família, com x filhos e vem um desses aviões telecomandados e atira com dois mísseis para cima da sua casa ou da do vizinho e com azar mata um dois miúdos, como é que isto pode não ser considerado terrorismo por ela?"

Não.
Os 70000 mortos franceses pelos bombardeamentos aliados.


"Ao menos esses têm a decência de se fazer estoirar com as bombas que detonam, ou pelo menos arriscam a vida a fazê-lo."

Mais vez a mentir. Sabes bem que os que se matam são uma minoria, muitos deles com contas culturais por pagar ...
E estoiram especialmente a matar outros muçulmanos mais aí já não é problema...


"o bando do Bush era um bando de criminosos comuns..."

Então os UUA não tinham razão para continuarem a guerra com o Iraque ou o Afeganistão?
Se Bush era criminoso comum então o que isso faz de Guterres, Gonzales?

lucklucky

Anónimo disse...

Quanto ao caso em questão é óbvio que não é função de um Presidente dizer quem deve ser morto quando não se está falar só de um caso especial mas sim de uma campanha.

Tem de haver regras e os militares cumprem essas regras.

lucklucky