29 junho 2012

filhos e enteados

UE trata países membros de forma profundamente diferente. Pequenos países são humilhados, grandes países impõem regras. Este clube interessa-nos cada vez menos.

14 comentários:

Lionheart disse...

Já se estava à espera. Prevendo que países mais fortes vão precisar de ajuda financeira, aí está o suavizar das condições. Mais ninguém vai ter de levar com "troikas" a respirar sobre o pescoço. E cimeira caiu que nem ginjas para a Irlanda. Vai descolar rapidamente do grupo dos resgatados, a cavalo do tratamento diferenciado para o caso espanhol. Dai que Enda Kenny fale numa mudança "sísmica"... para o seu país. Portugal tem outros problemas mais graves e vai continuar o seu "calvário"...

Ricciardi disse...

De acordo Joachim.

Lionheart disse...

"Pequenos países são humilhados, grandes países impõem regras."

A política europeia sempre foi assim, mesmo sob o manto de "civilidade" da UE. Faz pena pena que Portugal tenha sempre aquele ar de bom aluno, sempre tão crédulo na "bondade" alheia e na "infalibilidade" da "Europa" e depois recebe como "recompensa" ser ignorado porque não dá trabalho.

Até porque há aqui uma falha de percepção evidente da parte do governo português. Para os nórdicos/protestantes o dever da pessoa é portar-se bem ou será castigada. Não por acaso o sistema penal deles é mais severo. Para os católicos, se a pessoa portar-se bem será recompensada. Portugal acha que portando-se bem com a "troika" será recompensado. Para os credores, o facto de Portugal se estar a portar "bem" (os resultados não são famosos, apenas mostra mais vontade de cumprir que os gregos) é apenas a sua obrigação. Daí que nós só vamos colher os "frutos" da capacidade reivindicativa de países mais fortes. Apenas e só.

Fernanda Viegas disse...

Muito bem visto Lionheart. Dou-lhe os meus parabéns pelas análises consistentes e realistas que tem feito ao longo destes últimos tempos.

Fernanda Viegas disse...

Esqueci de fazer o comentário ao post: Alguém tinha dúvidas que iria ser de forma diferente?

Lionheart disse...

Obrigado, Fernanda. ;)

"Quebra na receita fiscal agrava défice para 7,9% no primeiro trimestre".

Eis o nosso dilema. A raiz do problema é os portugueses não terem conseguido resolver os seus problemas sem serem obrigados, e assim foram sujeitos a programas cujos interesses subjacentes são os dos credores e a sua vontade de receber depressa. Daí a austeridade acentuada que penaliza (quase) tudo e todos e os programas de duração "curta" (se bem que quanto maior o tempo mais juros se pagam, embora por vezes seja "melhor" assim).

É bom recordar como se chegou aqui. Portugal foi o primeiro país a violar o pacto de estabilidade no início da década passada. Foi sujeito a uma censura externa fortíssima e obrigado a apertar o cinto. Todos nos lembramos do efeito gravíssimo na economia da suspensão do investimento público no tempo do governo de Barroso e em particular do vexame a que foi sujeito quem tem de enfrentar os outros. Portugal era a Grécia da altura. Esse governo conseguiu diminuir os desequilíbrios externos, mas as condições políticas para continuar esse percurso goraram-se, devido à oposição de Sampaio (uma miséria de chefe de Estado), a uma oposição populista violentíssima do PS (o grande responsável pelo défice) e de parte do PSD. A chegada de Santana Lopes à chefia do governo destinava-se a recomeçar a "festa", para que o partido vencesse as eleições legislativas. Durão estava queimado (mentiu durante a campanha eleitoral e era muito impopular no país) e Santana era o político mais popular, segundo as sondagens, pensavam os laranjas.

Depois veio Sócrates... Em 2009 os portugueses não só reelegeram o "pinóquio" como geraram um Parlamento com a oposição a "governar" por iniciativa parlamentar, gerando mais despesa. Os portugueses, depois de quatro anos de arrogância e autoritarismo do PS, retiraram-lhe poder, mas entenderam não o dar a outro. O resultado foi o que se sabe. Ferreira Leite podia não ter feito mais nada, mas ao menos o país não ia à bancarrota. Por isso agora os portugueses pagam pelas escolhas que fizeram e não foi por falta de avisos.

Por isso hoje, traumatizado pelo que aconteceu ao anterior governo de coligação, Passos Coelho agarra-se à "troika", em demasia até, para não lhe acontecer o que aconteceu aos outros. E não haja dúvidas que a economia portuguesa tem de ser reestruturada e modernizada porque não tem ponta por onde se lhe pegue. Os três D's do actual regime são os DÉFICES: défice comercial, défice orçamental e défice da balança de pagamentos - o que é igual a Estado INVIÁVEL. É bom que os portugueses metam isso na cabeça. Uma coisa é a reestruturação ser feita demasiado depressa e com condições que têm efeitos nefastos sobre sectores produtivos (perdemos a capacidade para impor os nossos próprios tempos). Outra é negar que tenha de ser feita, como o fazem alguns sectores da esquerda. Ou faz a bem, ou faz a mal, mas faz.

Anónimo disse...

Nem mais. Tinha acaboado de comentar no Insurgente que cada vez mais sinto este governo é um remake -substituindo prodigalidade por austeridade – do horrendo modus operandi de Guterres, que tantos danos causou. Ambos conseguem passar completamente ao lado de reformas prementes, numa altura crucial para o país. Há aqui uma falta de vontade e sentido de estado cada vez mais evidente. E não foi por falta de aviso da troika- que insistiu nas reformas e na redução e justiça da TSU: é deliberado.

tric disse...

Quando é que Portugal sai da zona Euro?? está à espera do quê !!??

Anónimo disse...

nada de novo...aprende-se essa licao no pre-escolar.

Como aprendi essa licao bem cedo sempre me dei bem com os grandes, desde a primeira chapada que dei ao espertalhouco que testava as aguas.

Elaites

Cfe disse...

Não é por nada mas cabe lembrar que foi o governo Santana que inistiu no falhanço das Scuts. Se aquele governo tem seguimento uma parte significativa das PPPs não teriam sido feitas pois ficaria evidente para o Zé Povinho quem é que iria pagar a conta.

lusitânea disse...

Quem nos tem governado não se sente nada humilhado.Os Portugueses decentes isso sim.Quanto aos eleitos arranjaram assim maneira de passar culpas próprias dando-nos teatro de borla...por algum motivo é que "interpretam" a vontade do zé povinho.Que na modernidade vai no sentido do todos quererem ficar africanos mulatinhos...

joserui disse...

O Lionheart devia fazer posts... e o Joaquim comentava, na sua forma poupadinha... em nove ou dez singelas palavras!... Eu achar!... -- JRF

Lionheart disse...

hehe Não. Um debate é assim, alguém lança um tópico com uma frase e depois os outros desenvolvem. Às vezes dá pano para mangas, outras nem tanto.

Anónimo disse...

Que saudades do PA!