18 maio 2012

o orgasmo




Neste post,  decidi desenvolver o assunto do post anterior numa direcção que me pareceu prioritária, deixando o tema do assédio para mais tarde.

Ao afirmar que a cultura popular portuguesa e católica é uma cultura feminina, eu não espero ser popular. Primeiro, porque estou a entrar por caminhos que, no meu conhecimento, nunca foram antes desbravados. Segundo, porque a cultura popular portuguesa não dá grande importância às coisas do intelecto (outra das suas características femininas, dando mais importância às coisas do coração). Terceiro, porque pode parecer que estou a atentar contra o sentimento de virilidade dos homens portugueses, diminuindo-os. Ora, é precisamente este último ponto que pretendo esclarecer.

Numa cultura masculina os homens não são necessariamente mais viris do ponto de vista sexual. Pelo contrário, são até menos viris. Começo por admitir que a consumação de uma relação sexual entre um homem e uma mulher se verifica pelo orgasmo, e elevo até o  padrão da relação ao ponto de considerar que a relação sexual ideal ou perfeita se consuma no orgasmo simultâneo do homem e da mulher.

Considero, agora, dois factos da realidade. O primeiro é que o orgasmo feminino se desenvolve muito mais lentamente do que o orgasmo masculino. O segundo é que o orgasmo feminino não é necessario à reprodução da espécie, a tal ponto que existe quem o considere um "luxo biológico". Apenas o orgasmo masculino é necessário para esse fim.

Numa cultura masculina, o padrão é o dos homens e, portanto, a consumação  da relação é aferida pelo orgasmo masculino. Se a mulher quer partilhar o seu orgasmo com o do homem, então ela que se apresse. Pelo contrário, numa cultura feminina, o padrão é o da mulher e, portanto, o êxito da relação é aferido pelo orgasmo feminino. Se o homem quer partilhar o seu orgasmo com o orgasmo da mulher, então ele que se contenha.

Numa cultura masculina, a mulher está lá para servir o homem e a relação é consumada com o orgasmo do homem, o que significa que na esmagadora maioria dos casos, a mulher fica a meio do caminho, se é que sequer iniciou o caminho. Numa cultura feminina, pelo contrário, o homem está lá para servir a mulher, ficando ele próprio em segundo plano. "Primeiro as senhoras", é o lema desta cultura, também em matéria de relações sexuais.

Nesta cultura, um homem que não se consegue conter e consuma o seu orgasmo, deixando a mulher para trás, não passa de um adolescente, sofrendo de ejaculação precoce. E é assim também que este homem vê a relação sexual da cultura masculina. É uma relação que só gratifica o homem e em que a mulher não conta para nada - excepto para o servir.

Muito diferente é a maneira como um homem de cultura masculina vê uma relação sexual na cultura feminina. É conhecido que uma pessoa vinda do norte da Europa ou da América acha que nós portugueses complicamos tudo, demoramos muito tempo a fazer tudo, e frequentemente fazemos coisas para nada. Seria esta reacção também que esta pessoa teria ao observar uma relação sexual na nossa cultura: "Tanto trabalho que ele está a ter, e tanto tempo que eles demoram, para chegar a uma coisa que afinal não serve para nada (o orgasmo feminino)".

A fama do "macho latino" (católico, mais apropriadamente) não resulta, como às vezes se pensa, da sua capacidade para produzir múltiplos orgasmos durante uma relação sexual. Neste aspecto, ele não é nenhum super-homem diferente do homem de qualquer outra cultura. Na realidade, o verdadeiro "macho católico" não tem sequer como sua primeira prioridade atingir o orgasmo. A sua primeira prioridade é que a mulher atinja o orgasmo. É esta deferência pela mulher, acompanhada de contenção - o que em geral significa uma erecção prolongada - que deu fama ao "macho latino", e que constitui a marca distintiva da sua virilidade.

E, de facto, não é difícil imaginar o que pode sentir uma mulher vinda de uma cultura masculina, caracterizada por aquele tipo de relações sexuais,  em que ela é a serva, e que agora experimenta outra cultura, uma cultura feminina - uma cultura onde ela é a rainha.

31 comentários:

Anónimo disse...

Caro PA,
Um excelente tema para começar bem o dia.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro Sá disse...

O raciocínio está bem feito...mas não resiste à realidade. Se o PA fosse a ler certas coisas que já li em fóruns americanos...

Anónimo disse...

uma cultura feminina joga à defesa, uma cultura masculina joga ao ataque.
Para um homem uma grande aventura é desbravar um continente desconhecido, para uma mulher é pedir um prato diferente num restaurante.

O portugal das descobertas, da enormes vagas de emigração, que colonizou o Brasil, Africa, colocou em contato o mundo é uma cultura feminina...

O Portugal orgulhosamente só é uma cultura feminina? Desde quando uma mulher fica orgulhosamente só? Para uma mulher o pior que lhe pode acontecer é a solidão.

Quanto ao orgasmo e à cultura católica os espanhóis tinham um proverbio, único no mundo, que dizia "hombre de echo, mujer sin el fecho" (uma coisa assim, sei pouco de espanhol)

Camilo

José** disse...

Eu aplaudo este post.

muja disse...

Também gostei.

Lionheart disse...

LOL

Ricciardi disse...

Epá, isto assim tão escarrapachadamente descrito torna-se um problema dos diabos.

Se um tipo está com a pica toda e se lembra deste post vai-se abaixo.
.
Eu já estou a ouvir a voz do Rb:

Rb: epá ó Ricci vai com mais calma.

Ricci: cala-te pá que me estás a atrapalhar.

Rb: pareces um protestante meu, olha a rapariga, ainda nem aqueceu e tu já estás quase a fumar um cigarro.

Ricci: Caralho me foda este paneleiro da merda.

Rb: Isso, calma, sente o ritmo da gaiata.

Ricci: e se fosses dar conselhos para a grande puta que te pariu ah?

Rb: à nossa mãe?

Ricci: pronto pá, desisto, rapariga desculpa, estou a ouvir vozes, como podes lembrar a nossa mãe numa altura destas ó retardado?

Rb: faz as coisas bem feitas e eu eclipso-me.

Ricci: não gostas da posição, é isso? preferes a libélula à de missionario?

Rb: não desgosto das duas, mas tens de trocar experiencias, sentimentos... a ideia é chegares ao paraiso ao mesmo tempo que ela, percebes ó apressadinho protestante?

Ricci: és capaz de ter razão amanha, mas hoje estás redondamente enganado.

Rb: como assim, ou tenho razão ou não tenho.

Ricci: epá, tens de ser protestante uns dias e católico noutros.

Rb: Que palermice... nem parece teu.

Ricci: claro, já ouviste falar nas leis da fisica dos fluidos em movimento?

Rb: Não.

Ricci: Bem me parecia. Então embrulha esta: a pressão exercida pela água no fundo de um tanque é igual à exercida pela água no fundo de um tubo estreito, desde que a profundidade seja a mesma. Se um tubo comprido cheio de água for inclinado, de forma que sua altura máxima seja de 15 m, a pressão será a mesma que nos outros casos. Num sifão, a força hidrostática faz com que a água flua para cima, por sobre a borda, até que se esvazie o cubo ou se interrompa a sucção.~

Rb: O que dizes é que a agua tem de sair se a pressão for demasiado alta, é isso?

Ricci: Claro, foda-se, é isso, e hoje estamos nessa condição. Não há volta a dar.

Rb ahh

Ricci: Ahh o tanas, basa-me mas é daqui antes que...

Rb: pronto, pronto acaba lá o serviçinho para fumar-mos um cigarrito.
.
Rb

muja disse...

Ahaha!

lusitânea disse...

Agora percebo por que foram os prot´s a fazerem os vibradores...

Cfe disse...

Ótimo post.

joserui disse...

Jesus Cristo! #1 e Jesus Cristo #2, respectivamente PA e RB... que dois aqui andam... -- JRF

marina disse...

hum , não estará a falar da cultura feminina lá da dona maria da merdaleja , nem das mães de bragança e demais beatas de há 40/50 anos pois não ? parece que assume que a cultura feminina portuguesa é a da cosmopolitan , mas isso é muito recente , não dá para explicar 800 anos de cultura feminina , 750 deles caracterizados pela anogarmia :)

lusitânea disse...

anorgasmia durante 750 anos?Mas naquele tempo não havia língua e dedo?

Anónimo disse...

Eu acho que o autor do post ou é retardado ou nsofre de ejeculação retardada ( basnate provável).

Uma coisa é certa - não percebe mesmo nada dos orgasmos femininos, pobrezito.

Anónimo disse...

Cara marina, acreditas mesmo que o mulherio português andou sete séculos sem orgasmos múltiplos?

Nada disso.
Com tantos católicos com ejaculação retardada (segundo a excelsa teoria orgástico-religiosa do PA) foram séculos de gozo sem fim, benza-as deus.

Ou pensas que tanta festança e romaria , onde o mulherio acorre como moscas no mel, é para agradecer o quê?

marina disse...

boa piada :))) e este ano , pela enchente em Fátima , devem ter sido tântricos múltiplos!

dragão disse...

Pedro Arroja, rogue a Deus e à Virgem Santíssima para que o Engenheiro Ildefonso Caguinchas nunca leia este postal. Bem, ele ler até nem lê, porque é semi-analfabeto, mas se alguém lho declama não sei o que será. Nada de bom, certamente.

Por mim, bastar-me-ia ler o último parágrafo para lhe recomendar, caridosamente, o seguinte:
lá que vossência, pelos vistos, aprecia fantasiar-se de servo porque gosta delas dominantes, não queira inventar uma justificação nacional (pior, civilizacional) para essa sua tara íntima. Certamente legítima, nada incomum nas elites, eventualmente gratificante, mas meter nisso a religião dos antepassados e a igreja católica não lhe parece um bocado de perversão a mais? Quer dizer, no fundo, não é uma teoria sociológica que magica e congemina: é um monumental regabofe (e sob o patrocínio da Mãe de Deus, ainda por cima, olha se ainda houvesse Inquisição...)

Em todo o caso, a título ilustrativo, aproveito para informá-lo como é entre nós, nas super-elites: não fazemos das mulheres escravas nem fazemos das mulheres rainhas: fazemos delas mulheres. Afinal, é isso que elas desejam de nós. Que sejamos homens.

Anónimo disse...

dragão, você percebe tanto de mulheres como o Pedro Arroja. Aproveito para informar tão distintos cavalheiros que as mulheres das super elites e as outras, estão reunidas a rir.

dragão disse...

Pois, gentil menina (ou senhora), folgo muito que assim seja.
Mas eu pessoalmente não afirmei, sustentei ou por alguma forma sugeri que percebia de mulheres. Para mim são o maior (e o mais fascinante) mistério da criação e não tenciono por alguma forma quebrar esse encanto. O meu propósito soberano, aliás, é conhecê-las, mas apenas no sentido bíblico do termo, não é estudá-las cientificamente. Deixo essas perscutações mais assépticas aos sexólogos, chicólogos e outros mirones enlatados deste mundo.

Quanto ao Pedro Arroja, também não me parece que ele pretenda ufanar-se de grande entendido em mulheres: acho que o que ele se arroga a perito é de orgasmos.

Em todo o caso, de mim podem rir-se à vontade (fazer rir uma mulher já é meio caminho andado, diz-me a experiência). Agora, do meu ilustre confrade Arroja, não recomendo nem aprovo. É uma pessoa séria.

Anónimo disse...

Marina:
Ao menos o dragão escreve bem, ao contrário do Arroja. E tem razão acerca das fantasias libidinosas mascaradas de teorias económicas,

E sim tem toda razão, as mulheres fartam-se de rir de homens como o Arroja E não pelos bons motivos , pleo menos do ponto de vista orgástico...

Anónimo disse...

dragão, que para si as mulheres são um mistério insondável, é patente, não precisa de o dizer. Não há assim tão grande mistério, asseguro-lhe. Anda a ler e a pensar demais e desconfio de tanta presunção de as conhecer no sentido bíblico. Portanto, se é meio caminho andado fazer rir as mulheres, como diz, já hoje caminhou mais um longo bocado. Quanto ao Pedro Arroja, o que precisamente me faz rir é que ele é mesmo sério. É fascinante. Se é meio caminho andado fazer rir, olhe que ele terá ainda mais êxito com as mulheres que você.

Fernanda Viegas disse...

Mais uma vez e a propósito da explicação que o prof dá no início do post, vou citar I. Newton:"Nenhuma grande descoberta foi feita jamais sem um palpite ousado".
Quanto ao tema propriamente dito, tenham muitos, sozinhos, acompanhados, em simultâneo, etc. etc. Faz bem ao corpo e alegra a alma; às mulheres, seguramente faz bem à pele.

dragão disse...

A estimada menina (ou senhora) vai decerto perdoar-me, mas não vejo onde poderá ter havido bazófia ou vanglória da minha parte. Nem seria decente, nem é meu hábito. Limitei-me a ser sincero, revelando o meu propósito soberano: que é conhecê-las, bem mais que percebê-las. Ora, propósito, que eu saiba, não é presunção. Antecede e motiva; não certifica nem proclama. E orgasmos, de resto, nem sei o que isso é - exceptuando talvez o Orgasmo de Roterdão. Ora, provocá-lo, penso eu, seria uma grande cobardia da minha parte: o tipo está morto e não poderia defender-se.

Agora, que eu leio muito e penso demasiado, isso é que já é presunção - da sua parte. Não leio muito: li muito. E penso o necessário e o possível para tentar perceber aquilo que li. Mas lá está, perceber, eu tento perceber Aristóteles; conhecer eu tento conhecer as mulheres. E aqui, concordará, estou nos antípodas do ilustríssimo Arroja, que cisma de perceber as mulheres e fornicar os defuntos filósofos (nem imagina os abusos e assédios que ele já perpetrou com kant ou Hume).

Anónimo disse...

bom , venho cá dizer que o prof pegou , ao querer dar um ar de moderno ou a gozar connosco , na coisa pelo lado errado .. a bem dizer , Portugal tentou várias vezes fazer casamentos que lhe permitissem fazer bela vida sem mexer uma palha ( brasil , angola , ue ) tal e qual como as garinas do sec. xx para baixo :))) e uma falta de confiança típica de senhoras subvalorizadas e um maldizer de janela..
por outro lado , não sei como se há-de analisar isto , penso que é significativo , os homens portugueses nunca lutam pelo seu país, fogem sempre : emigram , descobrem , nunca ficam quando as coisas exigem luta. e isso não é feminino.
e conto uma história : uma senhora esperava sempre que o marido estivesse no banho para falar com ele, pq assim ele não podia sair porta fora , nuzinho , e tinha de a ouvir.

marina disse...

fui eu que comentei , não saiu o nome. marina.

zazie disse...

":O)))))

Anónimo disse...

Está bem, dragão. Só mais uma coisa. Você estava a falar a sério acerca das "super-elites"? Era ironia? Eu do Pedro Arroja sei que trabalha na área financeira, não faço ideia com que êxito. Mas, enfim, não faltam técnicos nessa área em Portugal, quanto mais no mundo. E o que faz o dragão?

dragão disse...

Cara amiga,
Se eu estava a falar a sério acerca das super-elites?! Seríssimo.
Mas a sua pergunta, a segunda, embora legítima, não faz sentido. Naturalmente,o Pedro Arroja trabalha - ele pertence (se é que não preside) às elites e ,estas, no essencial, não se distinguem do povo. Aliás, ele, que passa a vida engalfinhado no assunto, ainda não percebeu que uma das distinções fundamentais entre a cultura protestante e a tradição católica é precisamente a perspectiva e o conceito de trabalho. Agora, nós, nas super-elites, não trabalhamos - nem fazemos nada de útil ou proveitoso à economia. De resto, pomos mesmo nisso o maior cuidado, atenção e zelo. Em que consiste então a nossa actividade? No chamado acto puro, genuíno, autónomo: contemplamos. Contemplamos a beleza que há no mundo - kosmos significa isso mesmo: beleza - pelo que desfrutamos não apenas da obra de Deus e das Belas-artes, como também dessa mistura ambulante (e explosiva!) de ambas que são as belas mulheres.
Vê? Como eu não sou tão parvo quanto pareço?...

dragão disse...

E só para terminar, e deixar de vez em paz este blogue, mais os seus respeitáveis autores e leitores, sempre encerro o assunto com uma daquelas de cátedra:
a diferença essencial entre a tradição católica (que desde o século XIII, com Aquino, se converteu a Aristóteles) e a "cultura protestante" é que aquela coroa a ética duma estética enquanto esta sujeita (e portanto nanifica) ambas a uma epistemologia. No fundo, mitologicamente falando, a diferença que vai de Teseu a Procusta.
Quem tiver ouvidos que oiça; quem tiver olhos que veja.

Anónimo disse...

vá, dragão, você é um tipo engraçado. Um bocado arrebicado, mas interessante, a seu modo. Até à próxima.