Portugal está uma sociedade feminina. Eu digo está, e não é, porque Portugal pode ser tudo, uma coisa e o seu oposto, e também todos os graus intermédios.
Tudo no discurso público é feminino e nada ficaria mal se fosse feito por mulheres. Mas não, os intervenientes principais são homens. Olha-se para a capa dos principais jornais, vêem-se os telejornais, e tudo é feminino - os assuntos e a forma como são tratados. O caso "Público/Miguel Relvas" é paradigmático e ficaria bem na Crónica Feminina. Mas um homem, que seja verdadeiramente um homem, que paciência tem para acompanhar aquelas frivolidades?
Tudo nele é assunto de mulher, aqui agravado pelo facto de a directora do jornal e a directora editorial serem ambas mulheres. Trata-se de um caso de palavras - e as mulheres dão muito mais importância às palavras do que os homens. Mete também um caso de saias, que faz a delícia da curiosidade feminina. Mete muitas reuniões, da Assembleia da República, da ERC, do Conselho Editorial do próprio jornal - e são as mulheres, muito mais do que os homens, que adoram estar em companhia. E mete ainda espiolhagem da vida privada, que é a versão em cultura feminina de uma actividade que é verdadeiramente masculina - a espionagem.
Numa altura em que o país se debate com problemas de extrema gravidade, os principais jornais que se pretendem os jornais de referência, bem como os Deputados à Assembleia da República, aquilo que consideram importante, são umas frivolidades próprias de mulheres do povo.
5 comentários:
Histórias de galináceos
Mas a politização e aproveitamento desta treta não é mera trica de gaj@s
A discussão de trivialidades lembra-me sempre o caso caricato do Catroga e a sua famosa expressão de que num país com tantos problemas, estávamos a discutir pentelhos?
Qual foi a reacção pública a isto? Discutir a pertinência de usar a palavra 'pentelho' num debate público. É que não há mesmo remédio :)
Eis o ovo estrelado.
Um pormenor, um episodio já carateriza uma sociedade.
Análise séria seria analisar as capas de variados jornais, analisar as suas audiencias, das diversas televisões, medir e tirar conclusões sérias.
Mas não, o ovo estrelado, chega para tirar uma conclusão retumbante.
Com a citação de casos isolados pode chegar à conclusão que quiser. Isso é má ciência.
Camilo
O Arroja acha que o relvas é gay?
As "mulheres do povo" continuam a trabalhar em casa, como fora de casa, e não confundem telenovelas com política porque... não se metem em política.
As que deixaram de trabalhar em casa e foram para a política é que contribuíram para reduzir esta a uma telenovela.
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