19 abril 2012

O paradigma

Proponho-me neste post apresentar o paradigma em que assenta o diagnóstico e o tratamento do cancro, a fim de discutir certas questões relacionadas com ele. Tomarei como referência o cancro da mama, embora aquilo que vou dizer seja generalizável à maior parte dos outros cancros.

O diagnóstico do cancro da mama começa geralmente numa mamografia, quase sempre de rotina. A mamografia sinaliza uma acumulação anormal de células, ou tumor,  e identifica se essa células são malignas ou benignas. Sendo malignas, é cancro.

Detectado este sinal, presume-se que a seguinte sequência de eventos se vai seguir: as células malignas vão-se expandir pelo corpo, através da corrente sanguínea. O trajecto faz-se através dos gânglios da axila. Os principais orgãos de destino são os pulmões, o fígado, os ossos e, mais remotamente, o cérebro, formando os chamados tumores secundários ou metástases. Atingindo estes orgãos, o cancro torna-se fatal.

Seguem-se agora dois procedimentos. O primeiro consiste em fazer exames ao fígado, aos ossos e aos pulmões para saber se estes orgãos já foram atingidos. O outro consiste em fazer uma cirurgia à mama para remover o tumor. Durante a operação, o cirurgião analisa também os gânglios axilares para determinar se eles já forma atingidos e, em caso, afirmativo, remove-os.


Após estes procedimentos, o oncologista está em condições de proceder ao diagnóstico completo, e avaliar o grau de gravidade do cancro (estadiamento, do inglês staging). O cancro é então classificado numa escala de I a IV, segundo o tamanho do tumor, a expansão ganglionar e a existência ou não de metástases. O grau I é o menos grave (para além do tumor na mama, não existe expansão do tumor nos gânglios axilares nem metástases) e o grau IV o mais grave (existem metástases no fígado, pulmões, etc.).

Seguem-se agora os tratamentos que estão protocolarizados segundo o grau de gravidade ou estadiamento e que envolvem quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia. A quimioterapia é um tratamento dirigido ao corpo inteiro, visando matar as células malignas que eventalmente já esteja disseminadas pelo corpo. A radioterapia é um tratamento localizado na mama e visa combater a produção das células malignas. A hormonoterapia - que consiste em tomar um comprimido diário durante vários anos - visa inibir a produção de hormonas que favorecem o desenvolvimento do tumor.

Quais são os pontos negros deste paradigma, aqueles onde não existe conhecimento e, portanto, reina a incerteza?

São vários.

2 comentários:

ferreira disse...

Isto esta a ficar bom.
Cada um fala do que menos sabe. Quem le ri-se muito.
Um medico fala de economia. Um economista fala de medicina.

E' por isso que temos o PR, o PM e o PGR que temos.
Mas neste caso nao tem graca nenhuma.

ferreira disse...

Isto esta a ficar bom.
Cada um fala do que menos sabe. Quem le ri-se muito.
Um medico fala de economia. Um economista fala de medicina.

E' por isso que temos o PR, o PM e o PGR que temos.
Mas neste caso nao tem graca nenhuma.