Imaginei-me a falar com a minha mãe, a imaginar o que é que o meu pai - onde quer que ele esteja - estaria a pensar de tudo isto, comovi-me com a recordação daquela história do capacete, vi-me diante de uma painel de cientistas a tentar provar que ele era meu pai, e a chumbar, revoltei-me contra o cientista que pôs em causa a palavra da minha mãe, discuti testes de ADN.
É altura de resumir tudo isto de uma forma breve, autoritária e definitiva, para lhe pôr termo.
Nas primeiras linhas do seu célebre ensaio, o Chesterton escreveu assim: "A dificuldade em explicar por que é que sou católico radica no facto de que existem dez mil razões para isso, mesmo se todas se resumem numa só: porque a religião católica é verdadeira".
A explicação é justa e inspiradora. Como é que eu responderia a alguém que, estando eu num ambiente informal à volta de uma mesa a falar do meu pai, me pusesse racionalistica e rasteiramente a questão: "Como é que você sabe que esse homem era o seu pai?".
Responderia assim: "Olhe, existem dez mil razões que eu posso invocar para provar que aquele homem era o meu pai, mas todas elas se resumem numa só: porque a minha mãe me disse".
7 comentários:
No entanto, a resposta parece-me frágil. A sr.ª A diz ao filho B que o sr C é o pai. A senhor A, apesar de ser mãe e de estar a ser autêntica com o filho, pode estar equivocada. Não é uma questão de mentira, mas de equívoco. Podemos imaginar mil razões para esse equívoco.
Assim, temos uma pessoa autêntica que mente e induz involuntariamente em erro o filho, criando-lhe uma crença errada.
E aqui surge um problema: o princípio de autoridade. As autoridades equivocam-se. Não me parece salutar, hoje em dia, fundar uma crença na autoridade. Surge também o maior desafio para a Igreja Católica: como convocar para a fé aqueles que fazem um uso crítico da sua razão. Dito de outra maneira: como converter Kant ao catolicismo?
Parabéns pela exposição do raciocínio.
Embora a dificuldade da verbalização para mostrar o ridículo de sistematizar a dúvida constante - baseado em verdades provisórias - como primazia de nossa vivência seja visível a busca pela verdade é algo que verdadeiramente transparece.
Certa vez num sermão ouvi um padre citar uma referência dum Papa - sinceramente não lembro qual - que perante a pergunta do motivo de ser católico respondeu que na Igreja estava a verdade e se esta estivesse noutro lugar ele teria a obrigação em ir atrás desta busca-la. Perante isto encontrei a resposta ideal a essa pergunta que a mim, muito tempo, fazia.
A questão do timing de entendimento entre todos acerca da verdade de certa questão é algo que há muito tempo reparo.Porque, por exemplo, o Dr. Pedro Arroja anteviu a crise do euro antes doutros? Aponto isso porque apesar de dispor de muito menos qualidades acadêmicas do que o senhor, tomei uma decisão em minha vida - saí de Portugal - derivada da certeza de que algo muito grave iria acontecer a economia portuguesa e isto na altura foi algo verdadeiramente penoso pela incompreensão de quem estava a volta. Aquilo que era tão simples para mim ver não o era para outros: porque? E porque noutras questões não acontece o mesmo?
Porque perante fatos à vista de todos chegamos a conclusões distintas?
A Igreja, nesse ponto, incita a oração da Deus para que os fiéis possam desprender seu espírito daquilo que é o mundano e possa humildemente receber a graça, a verdade de Deus, em suas vidas. O desprendimento liberta e isso pude observar em algumas pessoas que conheço que tem um tino verdadeiramente eficaz a cerca de questões muito complexas de nossa vida.
Se a inteligência está naqueles que raciocinam, se a informação está naqueles que conhecem porque a sabedoria, no maior da vezes, está está muito longe destes?
Mais uma vez parabens pelos posts.
Outra coisa: no dia em que com o Dr. João Ferreira do Amaral for chamado a arrumar essa confusão não se esqueça de que o governo deve incentivar o investimentos de poupanças, em Portugal, de seus emigrantes.
Essa do Chesterton...serve para qualquer outra religião.
então, caro pa, o que êh que prova q vossencia êh filho do seu pai, a quem chamou pai toda a sua vida. nao são testes de ADN; tambem nao êh o método cientifico. a verdade, verdadeira, êh q o seu pai êh aquele q cuidou de si, que lhe quis bem, q se preocupou com a sua cabeça na Mota, aquele, justamente, a quem a sua mãe confiou e partilhou a educação. agora, imagine q, afinal de contas, aquele homem a quem chamou pai a vida toda na verdade nao era o seu pai biológico. o que êh que muda?
o seu 'pai', aquele q tratou de si, continua o mesmo. o que muda êh o facto da senhora sua mãe ter-lhe mentido. uma mentira piedosa, talvez, ainda assim nem ela deixou de gostar menos de si, nem o seu pai passa a ser aquele outro q nunca cuidou de si.
portanto, pai e mãe são aqueles q cuidam, que se interessam, q abdicam deles proprios em prol dos filhos, independentemente da genética.
a verdade êh simplesmente aquilo q sente. se sente q o seu pai êh aquele homem da Mota e do futebol, se ele lhe deu a impressão que era seu pai, então ele êh mesmo o seu pai, independentemente do q diga a sua mãe ou qualquer teste de paternidade. estes só poderão infirmar aquilo que sente. e se nao infirmarem ainda mais valor terão os seus pais, pois nunca deixaram transparecer em actos q v.exa nao era filho biológico de um deles.
olhe, vejamos, Cristo era filho de Maria. José sabia que ele nao era o pai, que o pai era o espirito santo. Mas Jesus chamava-lhe pai...
... portanto, a Verdade nao estah com a sua mãe. estah consigo mesmo. aquilo que sente êh de facto a Verdade.
Rb
O que me faz confusao e o facto de andar aluado a tantar encontrar racionalidade em algo que nao e recionalizavel...Jesus (que coitado teve que se contentar com ser filho do espirito santo), teve mais com que se entreter...
Elaites
Ó homem, que confusão. O Ricciardi ali em cima já responde. O seu pai é quem você trata como pai, mais nada. Desde que o crie, é seu pai. Outra coisa é ser ou não pai biológico. Isso é que já é do domínio dos fenómenos físicos não tem nada de misterioso. Porque deve ter aprendido em criança como se fazem os bebés, suponho. Não foi o espírito santo, nem veio de Paris numa cegonha...
Mania de complicar.
Enviar um comentário