28 março 2012

non sequitur

O Governo alemão chegou a um acordo para reduzir o salário mínimo dos trabalhadores qualificados naturais de países fora da União Europeia e que são contratados por empresas da Alemanha, dos actuais 66 mil euros anuais para 44.800 euros.
O diário "Financial Times Deutschland" revela hoje que os partidos da coligação governamental, liderada pela chanceler Angela Merkel, decidiu adoptar esta medida devido à falta de mão-de-obra qualificada no país e à forte procura das empresas locais.
Para os profissionais muito requisitados na Alemanha, como engenheiros, informáticos e médicos, o salário anual mínimo será reduzido até aos 34.200 euros anuais.

PS: Eis uma notícia do JN sem qualquer lógica económica. Então se a procura é superior à oferta como é que os salários descem em vez de subirem? A verdadeira notícia é que o governo alemão quer diminuir os salários dos trabalhadores alemães qualificados através da importação de mão-de-obra mais barata.

24 comentários:

Vivendi disse...

Nem mais caro Joaquim.

Foi bem captada.

A Europa vai começar a nivelar por baixo, o problema é que a clivagem de salários em relação à Ásia ainda será muito grande.

É complicado, quando não há fronteiras.

CN disse...

Ai esta mania de ver as relações humanas como um jogo de soma zero.

Baixar o salário mínimo permite a pessoas de mais produtividade acesso a produzir e rendimento.

E isso permite que pessoas com mais alta produtividade beneficiem dessa aumento do rendimento especializando-se no seu próprio nível de produtividade.

Dito isto, não defendo a emigração livre, mas não por motivos económicos. Diria que mais por motivos sociais-culturais e direito de convidar quem queremos que participe do nosso espaço comum.

Vivendi disse...

Caro CN,

O problema não se reduz à emigração, mas sim aos diferentes blocos económicos que se disputam de forma desleal. Com disparidades nos salários, condições ambientais, realidade económica, etc, totalmente distintas.

Hoje a Alemanha fala nos salários, amanhã será sobre o estado social.

A economia de mercado deve ser o mais livre possível mas como existe várias discrepâncias a nível global, é imperativo agrupar os mercados em blocos económicos, mas com interligações justas e prósperas para todos.

A Europa tem de entender esta realidade, o protecionismo.

Deixo este artigo para reflexão:

http://vivendi-pt.blogspot.com.br/2012/01/o-caso-brasil.html

Anónimo disse...

Caro CN,

Neste caso é irrelevante pk a procura é superior à oferta. Não acha?

Vivendi disse...

Joaquim! Em cheio.

Ricciardi disse...

O jogo entre a oferta e a procura do qual resultaria um preço (justo?) de equilibrio já era. O preço eh definido a priori e depois ajusta-se a oferta recorrendo, para o efeito, ao recrutamento na aldeia global. O ideal para a Alemanha eh ter países vizinhos com taxas de desemprego elevadas de forma a motivar a imigração. De preferencia dentro do espaço europeu. Segundo dizem a Alemanha precisa de 500 mil emigrantes nos próximos tempos. Os portugueses já estão a dar o seu contributo inestimável. Os melhores já estão a emigrar para lá. A Portugal cabe educar os jovens, incorrer em despesa, portanto, derivada dos nossos impostos. E depois de bem formados rumam para a Bocholandia. Duas vantagens numa só. Dois coelhos com um só tiro. Os boches obtém pessoal qualificado e, cereja em cima do bolo, nem tem que gastar dinheiro a forma-los.
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Para isto funcionar na perfeição, deve a comunidade européia continuar a co-financiar projectos infraestruturais de forma a derreter os orçamentos nacionais em merdices improdutivas. Nao deve sobrar dinheiro para fomentar a produção e, fundamentalmente, para criar condições de independência energética. O gás deve passar pela Alemanha, a exploração e fabrico de gas xistoso deve ser desencorajada noutros estados e deve cessar e a forma mais eleqente eh fazer gastar os estados em projectos alegadamente estruturantes para a Europa.
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Rb

CN disse...

Joaquim

A procura por mão de obra a preços de mercado livre até ao SMN é de facto superior à oferta que é zero por imposição do SMN.

Por isso é que o SMN deve desaparecer.

CN disse...

"interligações justas e prósperas para todos."

Isso não quer dizer nada. Uma nação pode (e até deve, digo eu) defender ter segurança social zero (nem pensões nem subsídio de desemprego compulsório) que isso não lhe deve retirar o direito de exportar (trocar livremente) produtos.

Ter segurança social zero não é nenhuma distorção tal como os EUA apesar da saúde ser privada não significa que não gastem mais em saúde do que a média dos países desenvolvidos.

Anónimo disse...

A Alemanha é um dos poucos países europeus onde NÃO HÁ SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL definido por lei.

Logo esta notícia é uma treta do baixo jornalismo

O que é nacional é bom!

Ricciardi disse...

«defender ter segurança social zero (nem pensões nem subsídio de desemprego compulsório»CN
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Caro Cn, v.exa parece ser contra a organização de pessoas que descontam um verba do seu rendimento com vista a uma proteção futura. Não vejo aonde está o problema. Talvez sugira que deva ser privado, isto é que os descontos em vez de irem para um fundo colectivo vão para um fundo privado. Mas ao mesmo tempo exige-se que esse fundo privado invista, obrigatoriamente, parte substancial da sua carteira em titulos de tesouro publicos.
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Não percebo a diferença. Ou melhor, percebo. Percebo que se uma seguradora for à falencia a clientela fica descalça,se não fizer intervir o estado nesta estoria.
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Agora, uma sociedade, quer o caro CN goste ou não, tem pessoal que trabalha, pessoal desempregado, pessoas doentes, invalidas, com saude, doentes mentais, velhos intrépidos, velhos vigorosos, gajos burros, gajos inteligentes, berços de ouro, berços de pedra, enfim, pergunto-lhe como assegurar que cada uma dessas pessoas, num país de bem, possam viver com saúdinha e alimentadinhos? Como garantir que quem nasce num berço de pedra tem oportunidade de estudar e melhorar a vida?
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Não vejo que os privados respondam a isto, uma vez que a missão não prover o bem estar social, mas antes prover o bem estar dos accionistas.

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Rb
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CN disse...

Pelos vistos a notícia (como sempre) era imprecisa, diminuíram foi o rendimento mínimo considerado para a atribuição de vistos.

CN disse...

"Não vejo que os privados respondam a isto, uma vez que a missão não prover o bem estar social, mas antes prover o bem estar dos accionistas."

Dado a realidade histórica dos Estados e as moedas e dívidas públicas passarem por 2 ou 3 falências em cada século, em especial as pessoas com menos rendimento ficam melhor se puderem receber um substancial maior rendimento líquido de impostos (+35% a 50%) e cuidarem de si e dos seus.

CN disse...

Eu tinha ideia que a Alemanha não tem SMN, existem sim acordos sectoriais que acabam a regular determinados acessos, mas ainda assim, dá mais espaço.

Fernanda Viegas disse...

Concordo em absoluto com o Ricciardi.Os boches têm vistas largas. Não é que eu desaprove que os jovens saiam da sua zona de conforto e conheçam outras realidades; mas por vontade própria, nunca por obrigação e muito menos por sugestão dos governantes do seu pobre país!

Vivendi disse...

CN,

"interligações justas e prósperas para todos."

Isso não quer dizer nada.

Por isso é que o mundo anda à deriva.

E este é o estado da sua nação:

- Idosos que morrem em casa aos milhares por falta de assistência.

- 357 novos desempregados todos os dias.

- Número de casais desempregados dispara em Fevereiro , aumento de 73,2% para 7192 casais.

- 100 empresas fecham todos os dias.

- Portugueses no exterior, passam fome , frio e dormem nas ruas e estações de comboio por essa Europa fora.

- Cada vez há mais crianças a passar fome em Portugal , a única refeição que têm é a da escola.

- Candeeiro de petróleo, o novo amigo dos portugueses que em cada vez maior número não conseguem pagar a conta de eletricidade.

- Milhares de jovens portugueses que tiveram de deixar a universidade por não terem dinheiro para pagar as propinas ou por perderem o acesso às bolsas devido aos cortes.

- 300 mil desempregados sem subsídio

- + de 150 mil emigraram em 2011

- 37 casas entregues aos bancos (diariamente)

- desemprego jovem entre os 35% a 40%.

Estas pessoas precisam de soluções hoje e não esperar que os mercados funcionem.

Sobre a segurança social, o Ricciardi explicou bem a necessidade da sua existência.

Na segurança social defendo o modelo Suíço (baseado em 3 pilares):

http://vivendi-pt.blogspot.com/2011/12/reformas-na-suica.html

Vivendi disse...

Caro CN,

Tem no liberalismo quem julga que liberar a economia libera tudo o resto, que a economia arrasta a sociedade.

Eu também sou um admirador da escola austríaca e tem muitas teorias económicas que julgo que deveriam ser mais praticadas.

Mas se não acrescentar a uma nação, a via espiritual, o respeito pela comunidade, e o sentido de justiça, o resultado será sempre diminuto.

CN disse...

Sim, os ciclos de bolhas e crises são uma verdadeira praga que os economistas por cegueira intelectual teimam em não diagnosticar.

Mas essas crises aproveitam ao estatismo porque criam precisamente o sentimento de insegurança ideal para a propaganda da segurança, providenciada, claro, por quem mais contribui para essas crises.

CN disse...

"Mas se não acrescentar a uma nação, a via espiritual, o respeito pela comunidade, e o sentido de justiça, o resultado será sempre diminuto."

Concordo, mas não vejo que seja a segurança social e outros, inexistente até há umas décadas, a dar à Nação a sua força e identidade.

Havia alguma coisa disso na Idade Média ou mesmo durante séculos depois - durante a formação e desenvolvimento da Nação?

Anónimo disse...

Lógico!

Anónimo disse...

Lógico!

Anónimo disse...

Lógico!

Ricciardi disse...

«Havia alguma coisa disso na Idade Média ou mesmo durante séculos depois»CN
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Bem CN, com essa deixo de argumentar que v.exa. faz bem a minha vez.
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O que o CN defende é, portanto, um regresso à idade média, aonde a esperança de vida era de, 40 anos?
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Cada um que se cuide da forma como a natureza nos criou. Os velhos para o Velhão, as crianças indesejadas para a Roda... os enfermos, se contagiosos, devem ser exilados em campos próprios.
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Rb

Vivendi disse...

1,5 milhões de gregos admitem regressar à agricultura.

http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/03/regresso.html

Será um regresso à idade média?

Mas julgo que mesmo assim os gregos tentarão fazer de tudo para manter o seu estado social.

Não defendo um estado social pesado e asfixiado em impostos, mas uma política social que seja solidária e realista na medida do possível e para quem realmente necessita.

Muito pode ser feito neste campo articulado com a santa casa da misericórdia, igrejas, sociedade civil.

Bmonteiro disse...

Sim, a uma certa Idade Média.
Quando os Senhores não recebiam salário.
Casos grego e italiano, para já.