15 fevereiro 2012

peixe

No seu artigo de hoje no Diário Económico, o Ricardo menciona um tema que merece reflexão - o peixe que comemos.

Numa base per capita, Portugal é o terceiro maior consumidor de peixe no mundo. À nossa frente só estão o Japão e a Islândia. O nosso elevado consumo de peixe é uma opção resultante de uma escolha livre que a tradição consagrou, porque Portugal possui condições de clima e de solo para produzir também carne - condições que faltam ao Japão e, sobretudo, à Islândia.

Naturalmente, Portugal possui também uma enorme tradição de mar, de pescadores e de marinheiros, de barcos de pesca e de construção naval. Portugal possui aindaa maior zona exclusiva de mar em toda a Europa. Pois, não obstante tudo isto, segundo as últimas estatísticas do INE, metade do peixe que consumimos é importado.

Esta importação de peixe contribui para o enorme e recorrente défice externo português, que por seu turno obrigou Portugal a recorrer empréstimos externos permanentes durante os últimos anos e que agora, que as outras fontes secaram, nos obriga a recorrer aos empréstimos da troika, com as consequentes medidas de austeridade.

A troika que voltou a chegar hoje a Lisboa, diz-se que para avaliar as condições do primeiro empréstimo e começar a negociar com o Governo um segundo empréstimo e as consequentes medidas adicionais de austeridade. Um Governo que devia era estar ocupado a negociar cláusulas de excepção para Portugal à Política Comum de Pescas (e de muitos outros bens alimentares) que cortasse pela raiz a necessidade de todos os empréstimos, vai agora negociar mais um empréstimo e novas medidas de austeridade. Mais um empréstimo que nós nunca conseguiremos pagar.

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