20 fevereiro 2012

o único não-determinismo

"Para uma análise à Arroja, Hoppe é católico e ..."
(CN, num comentário em baixo)

Sinto-me um falhado. Tenho andado aqui a gastar o meu latim a procurar, em primeiro lugar, que eu próprio compreenda o que é ser católico, e depois, em tentar fazer compreender o que é isso, e o CN sai-se com esta. Francamente, só como brincadeira de Carnaval.

Ser católico não implica nada, e implica tudo. Ser católico deve ser o único não-determinismo que existe. Ser católico não é ir à missa, porque muitos católicos não vão à missa. Ser católico não é sequer respeitar o Papa porque há muitos católicos que não O respeitam. Ser católico não é ser protestante porque há muitos católicos que não são protestantes. Ser católico não é ser democrata porque há muitos católicos que não são democratas. Mas ser católico também é ir à missa, também é respeitar o Papa, também é ser protestante, também é ser democrata. Ser católico é ser e não ser, e todos os graus intermédios entre o ser e o não ser. Ser católico é poder ser tudo, incluindo nada.

Ser católico não possui valor explicativo algum. Deixa apenas uma esperança - a de se poder chegar à verdade. E aí o Hoppe cumpre esta esperança. Ao exagerar o pensamento do Mises, ao ser mais miseano que o próprio Mises, o Hoppe mostra à evidência que o pensamento do Mises é falso.
Então, o caminho mais curto entre dois pontos é uma recta? Experimente ir do Terreiro do Paço à Avenida dos Aliados, e vai ver que logo no Saldanha tem de virar à esquerda. O caminho mais curto entre o Terreiro do Paço e a Avenida dos Aliados está cheio de curvas, são às centenas. Ainda hoje o fiz, e enquanto o fazia vinha a pensar: "Que trapalhão que é aquele Hoppe..."
E os impostos diminuem à riqueza? Como assim, se os países mais ricos do mundo - os países escandinavos - são precisamente os que pagam mais impostos? E, mesmo em termos individuais, será que os impostos diminuem à riqueza dos políticos e dos gestores públicos - onde é que eles ganhariam aqueles salários e pensões de reforma se não fossem os impostos?
A democracia impede a propriedade privada? Mesmo numa democracia exagerada, como Portugal - para não falar numa mais normalizada, como a inglesa ou a americana - já lhe nacionalizaram o seu quintal?
Sem propriedade privada não é possível conhecer o preço? Ora essa ... vá junto de um daqueles políticos que a gente conhece, que podem não ter nenhuma propriedade privada mas que estão aos comandos da propriedade pública, e peça-lhes uma licença para fazer qualquer coisa, por exemplo um prédio. Vai ver como eles lhe dão logo a conhecer o preço, até lhe dão a conhecer dois preços, o preço público, que é aquele que entra nos cofres da Câmara ou do Ministério, e o outro, o preço privado.

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