Acerca da complexidade da filosofia, mencionada neste post do Joaquim, eu diria que não há nada de mais complexo e só acessível a alguns eleitos:
"Já que se menciona este movimento de aproximação dos cristãos à filosofia, importa recordar a cautela com que eles olhavam para outros elementos do mundo cultural pagão, por exemplo, a gnose. A filosofia, enquanto sabedoria prática e escola de vida, podia facilmente ser confundida com um conhecimento de tipo superior, esotérico, reservado a poucos iluminados. É, sem dúvida a especulações esotéricas deste género que alude S. Paulo, quando adverte os Colossenses: "Procurai que ninguém vos engane com falsas e vãs filosofias, fundadas nas tradições humanas, nos elementos do mundo, e não em Cristo" (2,8) São bem actuais estas palavras do Apóstolo, se referidas às diversas formas de esoterismo que hoje se difundem mesmo entre alguns crentes, privados do necessário sentido crítico ...
É injusta e improcedente a crítica de Celso, ao acusar os cristãos de serem gente "iletrada e rude". Na realidade, o encontro com o Evangelho oferecia uma resposta tão satisfatória à questão do sentido da vida, até então insolúvel, que frequentar os filósofos lhes pareceia coisa sem interesse e, em certos aspectos, superada.
Hoje, isto é ainda mais claro, se pensarmos no contributo dado pelo cristianismo, ao defender o acesso à verdade como um direito universal. Derrubadas as barreiras raciais, sociais e sexuais, o cristianismo tinha anunciado, desde as suas origens a igualdade de todos os homens perante Deus. A primeira consequência deste conceito registou-se no tema da verdade, ficando decididamente superado o carácter elitista que a busca da mesma tinha no pensamento dos antigos: se o acesso à verdade é um bem que permite chegar a Deus, todos devem estar em condições de percorrer esses caminho (...)"
Papa João Paulo II, Carta Encíclica A Fé e a Razão, 1998, (37,38).
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