15 fevereiro 2012

a diferença decisiva

Eu fiquei há dias muito surpreendido quando descobri que existia protestantismo na Igreja Católica, e que o luteranismo estava nela representado pelos Jesuítas. E, depois, pus-me a imaginar: e será que também existem muçulmanos, e judeus, e evangélicos, e testemunhas de jeová, e ... e ateus? Sim também existem ateus.
Ateus na Igreja Católica, entre os padres, isto é, padres ateus?
Sim. Mas deixo a explicação para outro post, porque o meu propósito aqui é outro.
Ontem, quando escrevia sobre os mendigos, dei comigo a perguntar se existiriam mendigos na Igreja Católica. Esta foi fácil demais, porque logo me ocorreram ao espírito as ordens mendicantes, como os franciscanos e os dominicanos. Existe tudo na Igreja Católica, mendigos, até ateus.
O meu tema neste post é o de saber qual a diferença entre um luterano e um jesuíta. Eu imagino um pastor luterano a conversar com um jesuíta. Parecem, em primeiro lugar, dois homens vulgares, porque nenhum deles usa vestes eclesiásticas. O luterano diz que não acredita em certos sacramentos, e o jesuíta também não, tanto mais que está dispensado de os administrar.
O luterano contesta os padres, e o jesuíta não podia concordar mais, porque ele não é padre, certamente que não no mesmo sentido dos outros.
O pastor luterano considera as Escrituras a única fonte da Revelação, desprezando a Tradição, e o jesuíta não podia estar mais de acordo. Ambos dizem que Kant é o maior filósofo da modernidade, e que a salvação se obtém só através da fé e pela graça de Deus, e que nunca podemos chegar a Deus pela razão. O pastor Luterano diz que vai iniciar uma campanha de evangelização em África, e o jesuíta diz que vai começar uma ainda maior na Ásia. Quando se trata de proselitar, juntou-se a fome com a vontade de comer.
O pastor luterano critica violentamente a pessoa do Papa e o discurso que ele proferiu recentemente em qualquer parte, e o jesuíta vai acenado com a cabeça e dá-lhe toda a razão, porque para o jesuíta o Papa não é uma pessoa. É o próprio Deus.
Mas, então, haverá algum momento em que estes homens se vão desentender, e porquê?
Sim, haverá um momento em que vão discordar. É o momento em que o Luterano começa a atacar a Igreja Católica - a comunidade universal. O luterano separou-se desta comunidade, e voltou-se contra ela, ele vê a Igreja Católica (Comunidade Universal) como inimiga. Ora, o jesuíta é católico, ele vê todos os homens como fazendo parte da mesma comunidade, incluindo os luteranos, e ele não entra nesta forma de maniqueísmo.
No fim, o luterano é capaz de se zangar com o jesuíta, quando até ali estavam de acordo sobre todos os temas, e até lhe vai dizer que ele afinal não passa de um papista como os outros padres.O jesuíta fica surpreendido, não compreende aquela agressividade, quer continuar a ser amigo do luterano. O luterano é que não quer, já lhe declarou guerra também, porque decidiu que os jesuítas, a despeito das aparências, afinal alinham com o inimigo - a Igreja Católica.
A principal diferença - e a diferença decisiva - entre um pastor luterano e um jesuíta é que o jesuíta é católico. Acima de todas as diferenças, ele põe a igualdade entre todos os homens e recusa-se a dividi-los entre bons e maus, entre amigos e inimigos. Ora, dividir a humanidade entre bons e maus, entre amigos e inimigos é a especialidade do luterano.

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