A minha experiência, que gostaria de transmitir, é a de que o Catecismo da Igreja Católica tem resposta para todas as perguntas que um ser humano se possa colocar. Até à data, eu nunca me pus uma questão que não encontrasse resposta no Catecismo, qualquer que fosse a natureza da questão.
Uma objecção que imediatamente pode ocorrer é a de saber se o Catecismo também responde a questões do tipo: quando amanhã fôr ao supermercado, devo comprar 200 gramas de manteiga, ou 5 quilos?
A resposta é sim, mas antes de elaborar sobre ela eu gostaria de tecer algumas considerações.
A primeira vez que eu recorri ao Catecismo, não por mera curiosidade intelectual, mas para responder a uma questão importante da minha vida, foi há cerca de 6 anos quando fui objecto de um abuso fiscal. Eu já tinha solicitado ao fisco que o abuso fosse corrigido, através de dois requerimentos que não obtiveram resposta. Pelo contrário, passados meses, em lugar de corrigir o abuso, o fisco primeiro duplicou-o e depois triplicou-o.
A questão era tributária e, portanto, económica, estava dentro do meu domínio profissional. Eu procurei resposta à questão em todas as teorias económicas que conhecia, e não eram poucas, mas todas de inspiração protestante, liberais e socialistas. E a questão era simples: como é que eu devo reagir perante o fisco que me obriga a pagar um inposto (IRS) que eu já paguei?; que, não contente com isso, me obriga a pagar uma multa e juros pelo alegado atraso no imposto que eu já paguei?; e - para cúmulo - depois de eu ter pago pela segunda vez, mais a multa e os juros, passadas três semanas me manda penhorar as contas bancárias por falta de pagamento desse imposto que eu já tinha pago duas vezes, mais a multa e os juros?
E foi com um enorme desespero que eu concluí que toda a Ciência Económica que eu tinha aprendido e quase durante uma vida ensinado, não me dava resposta a esta questão tão simples: o que é que devo fazer, depois de já ter feito doi requerimentos que nem sequer resposta tiveram? E foi neste ambiente que uma tarde, já conformado que provavelmente ainda tinha de ir suplicar ao fisco que me desbloqueasse as contas bancárias e me devolvesse o dinheiro do segundo pagamento mais multa e juros, que tinha lá e me pertencia, que me pus a folhear o Catecismo. Nunca mais o larguei nessa tarde e, no final do dia, tinha a resposta no arts. 2242/2243: "Revolta-te. Estás legitimado para te revoltares e até para usares a violência se fôr necessário".
E foi isso que eu fiz no dia seguinte. Revoltei-me e usei da máxima violência verbal de que fui capaz perante o responsável máximo do fisco. Nessa mesma tarde, o problema foi resolvido, as contas desbloqueadas e recebi a promessa da devolução do dinheiro dentro de dez dias.
A partir daí, eu vou ao Catecismo sempre que tenho algum problema para resolver, mesmo os de natureza económica. Encontro sempre a resposta. E tenho ido lá para obter respostas a problemas muito mais importantes do que os de natureza económica ou fiscal, como são os problemas da doença e da morte, da razão e da fé, da vida eterna ou da ausência dela. É sempre uma resposta encantadora, tranquilizadora, racional e perfeitamente coerente com as respostas que ele me deu a todas as questões anteriores.
Mas, então, amanhã no supermercado devo comprar 200 gramas de manteiga, ou 5 quilos?
Os primeiros catecismos foram escritos na forma pergunta-resposta, mas esta não é a forma adequada para responder a todas as perguntas possíveis e imaginárias que uma pessoa se pode pôr na vida. Exigiria milhões de volumes. Por isso, o actual Catecismo da Igreja Católica está escrito em forma narrativa, a qual permite generalizações, inferências e deduções, consentindo que o Catecismo se reduza a um só volume de menos de 700 páginas. Eu não posso, portanto esperar, que o Catecismo contenha a resposta directa àquela questão e aos milhões de questões da mesma natureza que eu poderia colocar.
Porém, não apenas o Catecismo contém respostas a todas as perguntas que eu lhe possa colocar, como fornece uma resposta pessoalizada, segundo as circunstâncias em que se encontra a pessoa que coloca a questão. E, segundo as minhas circunstâncias actuais, a resposta que o Catecismo me dá à questão acima é a seguinte: "Compra 200 gramas".
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