Tenho um desafio para o PA. Imagine um grupo de protestantes, fora dos seus países, mas alegadamente a representá-los numa assembleia num país neutro. Chamemos-lhe UE. Na mesma assembleia está também um grupo de católicos, também fora dos seus países na mesma função. A todos se pede que trabalhem em conjunto em prol desse tal país neutro que é de todos e de nenhum. O que vai sair daqui?
(Miguel, na caixa de comentários aqui).
Inicialmente, este país será governado por protestantes.
Os católicos dividem-se imediatamente estabelecendo diferenças de opinião que, em breve, os levará a rivalidades e até a ódios insanáveis. Pelo contrário, os protestantes manter-se-ão consensualmente unidos na sua posição. Quando chegar a altura de votar, não só os protestantes votam todos no mesmo sentido, como ainda terão os votos de alguns católicos, que preferem dá-los aos protestantes do que a algum católico rival.
Por isso, no princípio, serão os protestantes a governar e a mandar. Os católicos ficarão na oposição e, nessa condição, vão boicotar todas as leis feitas pelos protestantes, não de modo organizado, mas individualmente, um boicota uma lei outro boicota outra, um invoca uma excepção aqui, outro mete uma cunha acolá, tornando a vida dos governantes protestantes um inferno.
A prazo, haverá relações interculturais, e serão os católicos a promovê-las, porque os protestantes não são dados a isso: almoçaradas, casamentos, festas, caçadas, peladinhas, tudo. Literalmente tudo. Quando um protestante tiver um desejo impossível, um católico vai dizer: "A gente arranja isso", e arranja mesmo. os protestantes, que não acreditam em milagres, vão ver que afinal eles existem.
A pessoalidade dos católicos, o calor humano que eles põem nas relações, até as razões humanitárias que inventam para obterem uma excepção à lei ou meterem uma cunha (coisas que, em princípio, os protestantes detestam), os vinhos e as comidas, os locais aprazíveis para viver e conviver, o clima permanente de festa, a sua capacidade para se sacrificarem por uma pessoa de quem gostem (por exemplo, um doente, uma criança ou um velhinho protestante), a sensualidade das suas mulheres (os protestantes até vão ficar de olhos em bico), e também dos homens, tudo isto , com o tempo, vai amaciar e, no fim, seduzir os protestantes.
Este país vai acabar católico. Acaba-se a distinção entre católicos e protestantes, porque entretanto já se misturaram todos - primeira característica católica. Cada um acaba a invocar ter uma religião com base no Cristianismo, ou não ter nenhuma, e quase todos dirão mal dos padres e da Igreja Católica - segunda característica católica. E por aí adiante.
A cultura católica é uma cultura imensamente sedutora. É uma cultura de mulher. Quem melhor para seduzir e, no fim, para mandar?
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