03 novembro 2011

Democracia representativa de nada

“Há uma reacção popular contra uma democracia que é apenas representativa, em que delegamos em alguém o poder para tomar decisões por nós. E há uma grande pressão para que surjam formas de participação directa. Estou a falar da democracia deliberativa, em que eu quero ser consultado na tomada de decisão e quero que as minhas opiniões sejam tidas em conta, mesmo se não sou eu que tomo a decisão. Isto não surgiu com a crise, já havia em muitos sítios essa ânsia por mais participação. A crise quebrou o gelo e a água está a aparecer.”, Sabino Cassese, juiz do Tribunal Constitucional italiano, ontem, em entrevista ao Público (página 15).

Pois é! A água está a aparecer e, infelizmente, medidas como a anexação da Grécia ou o golpe de Estado constitucional de que nos fala o Samuel de Paiva Pires, orquestrados pela União Europeia, não ajudam. De resto, não deixa de ser penoso observar que na Grécia, apesar do protesto generalizado da população contra o rumo actual, são os próprios partidos políticos gregos, para além do directório franco-alemão, que tentam travar a realização do referendo, transmitindo ainda a ideia de que um cenário de eleições antecipadas também não seria agora…conveniente. Em suma, a democracia na Grécia foi suspensa pelos seus próprios órgãos democráticos! E os gregos parecem estar reféns de um regime que supostamente os deveria representar.

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