É uma dupla vergonha o Governo mandar afixar na internet os vencimentos dos empregados do Estado, pessoal político e funcionários de carreira. Felizmente não são afixadas as prebendas que normalmente se auferem com este empregador, como automóveis, telemóveis, subsídios disto e daquilo porque, então, a vergonha seria tripla.
É uma vergonha, em primeiro lugar e decisivamente, porque quebra a relação de confidencialidade que existe entre o empregador e o empregado. Muitas pessoas não dizem sequer em casa, à mulher ou ao marido, quanto ganham, menos ainda ao vizinho, e vêem agora a sua privacidade ser exposta, sem sua autorização, perante o público.
É uma vergonha, em segundo lugar, porque num país em que o português médio ganha, brutos, 750 euros por mês - e apenas aqueles que têm emprego -, aquilo que se vê no Estado é jovens de 30 anos, que mal tiveram tempo para começar uma carreira, a auferir vencimentos de 4 e 5 mil euros ao mês (fora as prebendas); um puto de 26 anos a ganhar mais de 3 mil euros por mês; e um motorista de 21 anos de idade a ganhar mil e seiscentos euros por mês, enquanto, ao lado, um outro, com 48 anos e idade para ser pai dele, ganha o mesmo.
Ninguém acredita que estes vencimentos resultem do mérito ou de qualquer tipo de experiência sólida. São puro nepotismo. O Governo devia ter vergonha.
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