24 julho 2011

Enganou-se

Uma das frases que eu achei mais curiosas do autor dos atentados na Noruega é aquela em que ele diz que aos 15 anos se fez baptizar na igreja luterana por sua própria vontade (citada aqui). Esta atitude em que a família deixa ao recém-nascido a liberdade de um dia vir a escolher uma religião, ou nenhuma, é típica do protestantismo e está ancorada no valor supremo que esta tradição atribui à liberdade individual, que é entendida como a isenção de submissão a uma qualquer autoridade (neste caso, a da família).

Esta atitude cultural contrasta com a da tradição católica, em que a família baptiza catolicamente o recém-nascido, sem lhe deixar liberdade de escolha, embora reconhecendo que mais tarde ele pode livremente abandonar a religião católica e adoptar outra ou nenhuma.

Qual a tradição que está certa, qual delas tem a verdade nesta matéria?

A Católica. A mensagem é clara: "Durante muitos anos na tua vida - se calhar, durante toda a tua vida - tu não terás capacidade para discernir qual a melhor tradição ou o melhor caminho de vida. Portanto, vais seguir a dos teus pais e avós. Essa está provada que funciona, caso contrário tu próprio não estarias aqui".

Deixar um rapaz de 15 anos - porventura, até um homem de 40 - decidir livremente qual a tradição religiosa que quer adoptar é uma grandiosa asneira. Ele sabe lá o que é que está a fazer. Como o jovem norueguês acabou por reconhecer. Enganou-se. Mas já era tarde. Porque um homem de cultura católica não comete aquela espécie de crime: "Um tipo daqueles a matar pessoas que nem sequer conhece ...", assim exprimiu o rui a., esta tarde, a sua indignação e o seu personalismo católico.

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