A maior parte das medidas que a Troika veio impôr a Portugal são medidas óbvias de uma sã governação, e que estavam à vista de todos há muito anos. São medidas que se destinam a corrigir excessos e abusos, exageros de toda a ordem em diferentes áreas da governação. Assim, no que respeita à saúde, logo que as medidas foram conhecidas, o Joaquim veio aqui ao blogue dizer que ele já as tinha identificado há muito como sendo prioritárias e urgentes.
Mas, então, porque é que essas medidas nunca foram tomadas? Porque é o povo quem governa o país e o povo é incapaz de decidir. O povo acha que a saúde deve ser gratuita e ao mesmo tempo acha que o défice orçamental tem de ser reduzido; o povo acha que os subsídios de desemprego devem ser generosos e prolongados e ao mesmo tempo que a despesa do Estado deve ser reduzida; o povo considera que as leis do trabalho devem proteger generosamente os trabalhadores e ao mesmo tempo que as empresas devem ser competitivas; o povo quer ter o TGV e o aeroporto, mas não quer que aumente o défice das contas públicas. O povo quer sempre o melhor dos dois mundos, o que significa, na prática, que, a prazo, acabará por ter o pior de ambos. Como agora se está a ver.
O povo quer a chuva e o bom tempo e perante a necessidade de decidir por chuva e ficar sem bom tempo, ou por bom tempo e ficar sem chuva, ele fica paralizado. Não decide, fica hesitante, e acaba por deixar tudo na mesma. Aquilo que caracteriza a sociedade portuguesa dos últimos dez a quinze anos é o seu bloqueamento total, não houve crescimento económico, não houve uma única reforma daquelas que precisavam urgentemente de ser feitas. A facilidade com que em três semanas a Troika identificou e impôs as medidas que tinham de ser tomadas é impressionante, e é a prova acabada de que o povo português é radicalmente incompetente para governar o país.
Esta incapacidade para tomar decisões, esta paralisia no momento da decisão, esta ambição de querer o melhor de dois mundos incompatíveis e opostos, é uma característica tipicamente feminina e faz justiça ao carácter feminino do povo português. Quando é chamada a tomar uma decisão importante e que afecta a vida de outras pessoas, uma mulher tipicamente reage hesitante e da mesma maneira: "Sim ..., não ..., sim ..., não....", e no fim fica tudo na mesma.
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