24 maio 2011

eduquês

"(...) apesar do discurso progressista que o envolve, o programa educativo desenvolvido desde 2005 representa uma notável aceleração do processo de controle ideológico da educação e da criação de barreiras adicionais à já muito reduzida mobilidade social da população portuguesa. Não deve esquecer-se que, para além das "novas oportunidades", integraram aquele programa, pérolas não menos nocivas como, por exemplo: o programa de acesso à Universidade dos maiores de 25 anos, o processo de Bolonha ou a facilitação inaceitável dos programas de doutoramento. O que está a ocorrer com as "novas oportunidades" é uma aceleração perversa da massificação do sistema de ensino. Trata-se de uma massificação socialmente retrógada, na medida em que, promovendo o facilitismo, elimina a selecção e a hierarquização social com base no mérito escolar (...) Neste processo não se acarinha o direito a estudar, mas o direito ao diploma. Criam-se de facto monumentais programas de concessão de diplomas, sem paralelo noutras paragens. Mas, no que concerne às bolsas de estudo, a oferta, além de estar em regressão, é de valor extremamente baixo, quer em termos absolutos, quer relativos.", Avelino de Jesus, hoje no Jornal de Negócios.

"No ensino obrigatório, o Ministério da Educação tem nivelado tudo e todos por baixo. Os níveis de exigência no percurso escolar unificado têm baixado nitidamente, chegando a uma situação de facilitismo (...) O Ministério da Educação, ao introduzir no 9º e 10º anos uma disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC, uma das várias siglas horripilantes que hoje abundam no quotidiano escolar) caminhou no mau sentido. Até porque o tempo lectivo foi retirado a disciplinas tradicionais como a Física e a Química, que - pasme-se! - passaram a ser meramente facultativas para os alunos do secundário em cursos de ciências e tecnologias...", Carlos Fiolhais, no livro "A Ciência em Portugal" (páginas 58 e 68).

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