11 maio 2011

a culpa

Numa sociedade onde prevalecem as características masculinas - como a Alemanha, a Inglaterra ou a Finlândia -, perante uma crise da sociedade, a opinião pública discute em primeiro lugar os factores que a causaram. Foram factores externos (v.g., um choque petrolífero, uma recessão internacional), ou internos? E, neste caso, foi a má condução da política fiscal, da política monetária ou da política cambial? Ou foi má gestão no sector público ou no sector privado, e como se concretizou a má gestão, excesso de pessoal, excesso de crédito, baixa poupança? Etc. Identificados os factores que causaram a crise, discutem-se então as medidas para a corrigir.

É muito diferente a discussão num país de características femininas, como Portugal, a Espanha ou a Itália. Aqui, aquilo que se discute é de quem é a culpa. Esta é uma questão lateral, como é próprio de uma discussão entre mulheres, a qual invariavelmente se desvia da questão central. A questão da culpa não ajuda a identificar a causas da crise, e menos ainda a corrigi-la. É uma questão lateral, meramente adjectiva.

A discussão da culpa poderia, porém, ter ainda algum mérito se fosse possível, numa sociedade feminina, encontrar um culpado. Mas não é, porque as mulheres nunca assumem a culpa. A culpa é sempre do homem. De modo que, numa sociedade feminina, a culpa saltita de pessoa em pessoa, sem nunca encontrar poiso, e acaba por morrer solteira, porque todas as pessoas onde a culpa pousou se comportaram como mulheres.

A assumpção da culpa ou da responsabilidade é uma característica masculina de elite. A civilização cristã nasceu de um acto que não foi culpa da mulher - a gravidez de Maria -, mas do Homem, na figura de Deus. Deus nunca rejeitou esta resposabilidade. Pelo contrário, forneceu provas abundantes de que a assumia por inteiro, a primeira e a mais decisiva na própria gravidez de Maria, que foi um milagre; e depois, em toda a vida de Cristo.

Assumir a responsabilidade e, portanto, a culpa é uma característica de um pequeno número de homens que se dispõem a imitar Deus - a elite. Não é uma característica do povo. E eu estou muito certo que entre os milhares de portugueses que participaram activamente na vida pública nos últimos 25 anos, não vai aparecer um - um que seja - que assuma uma quota-parte da culpa, por mais pequena que seja, pela situação a que o país chegou. A razão é que a população portuguesa - o povo - é, na sua esmagadora maioria uma população que tem o espírito de mulher. Embora metade vista de calças.

Sem comentários: