08 abril 2011

um vivaço

A língua portuguesa é muito traiçoeira. Quando chamamos “filho da puta” a um fulano podemos estar a insultá-lo, mas a expressão pode também ser um elogio se pretendermos destacar que se trata de um tipo duro e decidido que não olha a meios para atingir os seus fins.

Do mesmo modo, quando afirmamos que um tipo se está a fazer de vítima e que não passa de um mentiroso, podemos estar a elogiá-lo aos olhos da populaça. Os portugueses transformaram o fazer-se de vítima numa arte que cultivam sem pejo e a mentira num modo de vida. Um tipo que se faz de vítima é visto como um vivaço que se desenrasca bem.

Não aconselho portanto os adversários políticos de José Sócrates a darem demasiado enfâse a estas características da personalidade do nosso primeiro que lhe podem dar uma aura de chico esperto, tão apreciada pelo povo.

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