11 abril 2011

proibi-los

O Vasco Pulido Valente, ontem, no Público, citava o Salazar que dizia que Portugal tinha tanto amor pelos partidos que, quando os portuguesess estavam aflitos, a primeira coisa que faziam era reclamar por um governo suprapartidário, um governo de unidade nacional.


A democracia partidária não é um bom regime político para Portugal e para os portugueses, e mais uma vez (suponho que a oitava na história moderna de Portugal) conduziuo país à ruína. Na realidade, a primeira coisa que fez logo a seguir à sua implementação em 1820 foi conduzir Portugal a uma guerra civil.


Os portugueses não têm amor aos partidos, primeiro porque os partidos não são uma instituição da sua cultura, segundo pela história de devastação que os partidos sempre produziram no país. Os partidos políticos são originários de sociedades profundamente divididas religiosamente, as sociedades protestantes do norte da Europa. Eles são os herdeiros e a versão laica das seitas religiosas do protestantismo. Eles foram a forma de institucionalizar divisões e ódios de morte nessas sociedades, e de alguma forma os conter.


Portugal foi desde sempre uma sociedade unitária. Os portugueses podem dividir-se acerca do Benfica e do Sporting, do bife mal passado ou bem passado, mas nunca se dividiram pelas suas crenças mais profundas, como são as crenças religiosas. Muito menos Portugal - ao contrário dos países do norte da Europa - alguma vez se dividiu em guerras religiosas, que são as piores de todos as guerras, porque são aquelas em que se mata em nome de Deus.


Numa sociedade unitária, os partidos, como o seu nome indica, servem para partir, para dividir. E quem viveu directamente o 25 de Abril sabe como, numa sociedade nada politizada nem dividida como era Portugal então, de um dia para o outro famílias inteiras se dividiram e zangaram em nome dos partidos e das ideologias políticas. A cultura do conflito e da adversidade rapidamente se estendeu neste território virgem, a tal ponto que, passados trinta e sete anos, hoje tudo em Portugal é conflito, ao ponto de paralisar a sociedade e a economia. O aumento dos divórcios e a paralisação do sistema de justiça são apenas duas manifestações desta cultura de conflito que o sistema político partidário veio trazer ao país.


Mas a consequência mais grave, de momento, é a ruína financeira. A forma como os partidos políticos e os seus dirigentes que levaram o país à ruína agora se entretêm a atribuir-se culpas mutuamente, perante os olhares perplexos dos portugueses e do mundo, brada aos céus. A culpa é de todos porque todos já estiveram no governo, ou , estando na oposição, tinham tido a obrigação de contribuír para evitar a trajectória em que o país desde há anos vinha sendo conduzido.


Em que partido é que vou votar nas próximas eleições? Em nenhum. Então, eu iria dar o meu suporte a instituições que só têm servido para sugar e arruinar o país, ainda por cima lideradas por uma trupe de irresponsáveis que não conseguem sequer assumir a responsabilidade por aquilo que fazem? Se eu pudesse fazer alguma coisa acerca dos partidos, era proibi-los.

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