11 abril 2011

cross dynamics

Foi hoje divulgado que, no primeiro trimestre deste ano, a China registou um défice comercial de mil milhões de dólares (fonte: hoje no International Herald Tribune, página 18), que foi o resultado de um crescimento nas importações (+32,6%, TvH) superior ao crescimento registado nas exportações (+26,5%, TvH). Pela primeira vez na sua história, as suas importações trimestrais excederam os 400 mil milhões de dólares. Entre os produtos importados, pesaram, sobretudo, as matérias primas, nomeadamente, minério de ferro, petróleo e soja. Ora, a economia chinesa já não registava um défice comercial trimestral desde 2004. Entretanto, dados da revista "The Economist" indicam que a taxa de juro real na China é hoje ligeiramente negativa, tendo em conta que as taxas nominais de curto prazo se encontram ligeiramente acima de 4% e a taxa de inflação (oficial) perto de 5%. E este registo agravar-se-ia, com toda a certeza, se, por acaso, imputássemos à taxa de juro nominal a taxa oficiosa de inflação, mais fidedigna e que melhor reflecte a verdadeira dinâmica desta economia. Mas, enfim, onde é que eu quero chegar? A três pontos.

Primeiro, que, na ausência de uma recuperação mais robusta na Europa e nos EUA, a fábrica do mundo - a China -, provavelmente, já terá inventário de matérias primas que chegue e sobre para os próximos meses. Assim, os preços das matérias primas podem estar a jeito para uma boa correcção. Segundo, que os próximos meses serão uma boa oportunidade para se aferir da capacidade de penetração dos produtos europeus e norte-americanos no mercado chinês, pois, como se vê pelo défice e pela taxa de juro real, existem incentivos ao crescimento do consumo interno naquela zona do mundo. A grande questão, porém, é saber qual o verdadeiro poder de consumo de um país cujo PIB per capita (de 2300 euros) ainda o coloca ao nível do terceiro mundo...E, por fim, terceiro ponto, o mais importante, se a China estiver em vias de transformar o seu modelo económico (de uma lógica exportadora para uma lógica de consumo interno), passando a deter menos divisas para investir em títulos do Ocidente, quem é que, a partir de agora, segurará a dívida pública norte-americana? Não será a PIMCO concerteza...

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