08 março 2011

Geração à rasca: o âmago da questão.

Ontem à noite em Viseu, José Sócrates perdeu uma magnífica ocasião para sair por cima. O grupo de jovens que ameaçou interromper o comício do PS, como se vê no vídeo, era pacífico e em número reduzido. Tivesse Sócrates convidado o grupo a sentar-se à mesa ou, até, extraordinariamente, a entabular um pequeno debate consigo e, provavelmente, teria arrasado em três tempos os argumentos daquele conjunto de jovens que, como o video também evidencia, estavam longe de ser brilhantes. E teria, certamente, revelado a grandeza e a magnanimidade que o seu mentor Mário Soares tanto reclama, mas que, pelos vistos, tanto falta no partido da tolerância (como o Primeiro Ministro lhe chamou)...
Enfim, confesso que estou muito curioso acerca do impacto que a manifestação convocada para 12/03 poderá vir a ter. Por um lado, penso que não faltam motivos para o protesto. Por outro lado, tenho sérias reservas acerca de muitos dos motivos invocados e se estes são merecedores de protesto. É que aquela ideia, veiculada pela jovem manifestante de ontem que conclui o video, segundo a qual "eu tenho uma licenciatura, sou qualificada, logo, quero trabalhar" é falaciosa (especialmente, quanda a putativa qualificação é uma pseudo licenciatura de três anos em Comunicação Social...) e não tem mérito para suportar um protesto da dimensão que se pretende. Não, a base da reinvindicação tem de ser outra. Tem de ser uma luta pela decência, sobretudo pela decência na gestão da coisa pública. É, aliás, sobre isto que José Sócrates e todo o regime emanado do 25 de Abril têm de responder. A luta da Geração à Rasca tem a ver com o legado recebido. Tem a ver com a falta de perspectivas. Não pode, de forma alguma, transformar-se num reclamar só por reclamar.

Sem comentários: